Dock Ellis
Dock Phillip Ellis Jr., ou simplesmente Dock Ellis (Los Angeles, 11 de março de 1945 — Los Angeles,[1] 19 de dezembro de 2008), foi um arremessador de beisebol estadunidense e um dos ícones da contracultura nos anos 1960.[2] CarreiraEle foi um dos jogadores que se posicionou de maneira mais forte contra o racismo, com quando disse que nunca seria titular no Jogo das Estrelas de 1972 contra Vida Blue, então no Oakland Athletics, porque "a MLB nunca deixaria que dois 'irmãos de alma' [arremessadores negros] começassem uma partida [tão importante]".[1] Entretanto, ele é mais conhecido pela partida que disputou em 12 de junho de 1970, quando não cedeu nenhuma rebatida válida, mesmo sob efeito de LSD.[3] Ele estava na casa de um amigo e acabou dormindo sem perceber durante toda a véspera do jogo; quando acordou, consumiu LSD, até que foi avisado pela sua namorada de que deveria arremessar naquele dia.[4] "Às vezes, eu via o receptor", contou Ellis anos depois. "Às vezes, não".[5] O caminho trilhado pela bola ao longo de cada arremesso era visto por ele como uma "cauda de cometa", que permanecia visível (para ele) mesmo depois de a bola ser apanhada pelo receptor.[6] Ao todo, ele cedeu nove bases por bolas, o recorde de uma partida sem ceder rebatidas válidas (no-hitter) em nove entradas. Ele deu entrevistas após a partida, mas dizia não se lembrar disso.[7] O jornalista Bob Hertzel, que cobriu boa parte de sua carreira, acha difícil acreditar nessa história, mas crê que Ellis estava sob o efeito de anfetaminas.[8] De qualquer forma, o cantor country Todd Snider compôs uma música sobre a atuação de Ellis nessa partida.[9] Pouco mais de um mês depois, em 16 de julho, Ellis estava no montinho na inauguração do Three Rivers Stadium, em Pittsburgh, e tornou-se o primeiro arremessador a arremessar a bola e a perder um jogo lá.[10] Antes da última partida de beisebol disputada no estádio, em 2000, o já aposentado Ellis fez o arremesso cerimonial.[11] No ano seguinte, participou pela única vez em sua carreira[12] do Jogo das Estrelas, em Detroit, quando cedeu um dos home runs mais longos de todos os tempos, rebatido por Reggie Jackson. A distância foi primeiro estimada em 158[13] e depois calculada em 192 metros.[14] A bola foi tão alto que as câmeras de televisão não conseguiram acompanhá-la.[15] No final daquela temporada, esteve em campo na primeira vez na história das grandes ligas dos Estados Unidos que um time escalou apenas jogadores negros.[16] Dois anos depois, foi para o campo com bóbes para compor seu penteado afro.[6] Outro de seus jogos famosos foi em 1 de maio de 1974, quando acertou arremessos nos três primeiros rebatedores do Cincinnati Reds e só não acertou no quarto porque este desviou e foi andado até a primeira base e no quinto porque foi substituído depois de dois arremessos. "Eles xingaram nosso time", contou depois Ellis. "Eu disse ao [jogador dos Reds] Kurt Bevacqua na pré-temporada que eu acertaria um por um. Ele apostou um Chateaubriand que eu não teria coragem. Ganhei a aposta."[12] "Quando ele veio e disse que ia acertar todos aqueles jogadores dos Reds", contou depois Dave Parker, colega de time, "eu pensei: 'Você não vai fazer nada, cara.' E ele fez. Passei a respeitá-lo muito mais a partir de então."[4] Hertzel tem certeza de que Ellis estava drogado nessa tarde.[8] Durante a pré-temporada de 1975, ele foi muito bem, com um ERA de apenas 0,25, mas foi mal ao longo da temporada, que terminou com uma campanha de oito vitórias e nove derrotas[17] depois que ele foi suspenso pelo técnico Danny Murtaugh. Ao final da temporada, foi trocado para o New York Yankees.[12] Pelos Pirates, somou um total de três aparições em jogos de estréia do time, empatado em quinto lugar nesse quesito na história da franquia.[18] Com os Yankees, perdeu a Série Mundial em 1976 e no ano seguinte foi trocado para o Oakland Athletics e, depois de apenas sete jogos, para o Texas Rangers. Em 1979, foi trocado para o New York Mets e, de novo depois de sete jogos, voltou aos Pirates, onde disputou mais três partidas e encerrou a carreira, antes dos playoffs em que o time conquistaria o título. Ao longo de sua carreira, amealhou 138 vitórias e 119 derrotas e foi com dois times à Série Mundial.[12] Sua carreira começara em 18 de junho de 1968, em um jogo contra os Dodgers, em que ele entrou no meio, não sofreu corridas em sua única entrada disputada e ficou com a vitória.[8] Depois da aposentadoriaAposentou-se após a temporada de 1979 e no ano seguinte internou-se em uma clínica para livrar-se do vício das drogas e bebidas.[19] Criou ainda uma fundação para pesquisas sobre anemia e trabalhou com crianças e adolescentes viciados em droga na Califórnia.[7] Também foi contratado em 1986 pelos Yankees para aconselhar jogadores das ligas menores sobre abuso de drogas e álcool.[11] Em 30 de junho de 2007, Ellis discursou do lado de fora do PNC Park em um protesto contra a diretoria dos Pirates, em que alguns torcedores deixaram o estádio durante uma partida.[2] Em maio de 2008, foi colocado na fila para transplante de fígado, por causa de cirrose,[3] mas problemas cardíacos nas suas últimas semanas de vida fizeram com que o transplante deixasse de ser uma alternativa.[20] Em 19 de dezembro, Ellis morreu em decorrência de problemas hepáticos, antes de conseguir um fígado para transplante.[11] Como não tinha plano de saúde, suas despesas médicas foram bancadas por amigos do beisebol.[1] "Estou nesse negócio há 40 anos", disse seu agente, Tom Reich, "e nunca conheci pessoa mais corajosa."[21] "Não tenha dúvidas de que Ellis era problemático", escreveu Hertzel após sua morte. "Mas ele também era inteligente e muito veemente."[8] Referências
Ligações externas
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