Em botânica, Dioscorea é um gênero de plantas, com mais de 600 espécies, originário das regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios.[1]
Neste gênero, estão espécies de grande importância alimentar pelos seus tubérculos ("batatas"), chamados de inhame ou cará, dependendo da região. Em muitas regiões, esses tubérculos são uma importante fonte alimentar de carboidratos. Eles também contêm vitaminas do complexo B. As espécies comestíveis foram espalhadas pelas regiões tropicais e subtropicais do mundo todo por viajantes portugueses, espanhóis e árabes.[1]
Existem centenas de cultivares dessas espécies, com nomes como inhame-branco, inhame-amarelo, inhame-de-água, cará-nambu, caratinga, cará-de-folha-colorida, cará-liso, cará-de-pele-branca, inhame-cará, cará-barbado, cará-moela, cará-da-costa, cará-de-são-tomé, cará-branco, cará-preto, cará-do-céu, cará-do-ar, cará-sapateiro, cará-amarelo, cará-doze-meses, cará-do-pará, cará-da-guiné, cará-de-espinho, e muitos outros.[2][3]
No Brasil, as principais espécies cultivadas são D. cayennensis ou D. rotundata (originária da África), D. alata (do sul da Ásia), D. bulbifera, D. dodecaneura e D. dumetorum.[3]
A espécie D. trifida (cará-doce) foi domesticada pelos povos indígenas nas áreas limítrofes entre o Brasil e as Guianas.[3][4][5]
Outras espécies extensivamente cultivadas são a D. batatas e a D. purpurea (esta última em Taiwan e no sueste asiático). A espéçie Dioscorea esculenta é a espécie mais utilizada no subcontinente indiano, no sul do Vietname e nas ilhas do Pacífico Sul. A espécie D. opposita é cultivada na China.[1]
O padre José de Anchieta (1534-1597) descreveu estas plantas (com nome "cará") louvando seus valores.
Características gerais
O gênero Dioscorea compõe-se de plantas trepadeiras anuais ou perenes. As maiores espécies do gênero atingem até 1,7 metros de altura; têm folhas largas, de interessante efeito decorativo.
Os tubérculos variam em tamanho desde pequenas "batatas" de alguns centímetros de diâmetros até gigantes com mais de 1,5 metros de comprimento e 40 kg de peso, ou até 2,5 metros de comprimento[6] e 70 kg de peso. Dependendo da espécie e variedade, a porção comestível do tubérculo pode ter polpa com cores que vão do esbranquiçado ao amarelo, rosado ou ao roxo. A textura da polpa varia entre o tenro e aguado e o seco e fibroso, dependendo da espécie e variedade e do seu estado vegetativo.
O inhame cultivado costuma ser uma planta rústica, dispensando tratos sofisticados.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a produção global de inhame atingiu, no ano 2000, cerca de 37,5 milhões de toneladas, cultivadas em cerca de 4 milhões de hectares de terra arável. A África tropical contribui com 96 por cento desta produção, com a restante a ser produzida nas Caraíbas, na América Central e do Sul, com destaque para o nordeste brasileiro, na Nova Guiné e no sueste da Ásia.
O inhame é a segunda mais importante cultura para consumo humano em África, representando, em peso, cerca de 30 por cento da produção da mandioca, o vegetal mais cultivado para alimentação humana naquele continente.
Dos 600 cultivares usados em todo o mundo, três (o inhame-branco, o inhame-amarelo e o inhame-de-água) assumem importância fundamental na África Ocidental, região onde a Nigéria, isoladamente, contribui com 26 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 70 por cento da produção mundial. Outros grandes produtores são o Gana (3 milhões de toneladas), a Costa do Marfim (2,9 milhões de toneladas), Camarões, o Benim e o Togo.
Naquela região de África, o inhame é o principal alimento e o seu cultivo assume um papel sociocultural central na vida das populações rurais, ocupando 2 milhões de hectares de terrenos agrícolas (95 por cento do total mundial), com rendimentos anuais da ordem das 10 toneladas por hectare.
Espécies
Classificação do gênero
Referências
- ↑ a b c (em inglês) Roots, tubers, plantains and bananas in human nutrition, 1990, ISBN 92-5-102862-1.
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. pp. 346,349.
- ↑ a b c Elson Soares dos Santos, Marney Pascoli Cereda, Gilberto Pedralli e Mário Puiatti (2007), Esclarecimentos sobre as Denominações dos Gêneros Dioscorea e Colocasia Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.1, n.1, p.37-41
- ↑ Gilberto Pedralli, 2002, Uso de nomes populares para as espécies de Araceae e Dioscoreaceae Arquivado em 2 de março de 2016, no Wayback Machine., in Carmo, C.A.S, Inhame e taro. Sistemas de produção familiar, Vitória: Incaper, p. 15-26.
- ↑ Ayensu, Coursey, 1972.
- ↑ Huxley, 1992
- ↑ Wilkin, Paul; Annette Hladik; Odile Weber; Claude Marcel Hladik; Vololoniana Jeannoda (setembro de 2009). «Dioscorea orangeana (Dioscoreaceae), a new and threatened species of edible yam from northern Madagascar». Netherlands: Springer. Kew Bulletin. 64 (3): 461–468. ISSN 1874-933X. doi:10.1007/s12225-009-9126-2. Consultado em 10 de junho de 2010