O dialeto baiano é classificado como um dialeto brasileiro meridional (juntamente com o fluminense, o mineiro e o sertanejo) com características intermediárias entre os dois grupos,[4] enquanto o Dialeto Nordestino, Recifense, Costa Norte e Nortista são classificados como setentrionais.[5][6]
Foi um dos primeiros dialetos eminentemente brasileiros. Sua formação deu-se graças a influência de Salvador,[2] a primeira sede do Brasil Colônia, que abrigava a maioria das instituições administrativas do Brasil no período colonial, e por isto sempre sofreu influências de diversas ondas migratórias e contatos com diversos povos, desde europeus, até indígenas e africanos. Com o passar dos anos ganhou identidade própria e acabou influenciando na formação de alguns outros do país.[2][7]
Atualmente é considerado um dialeto muito rico socioculturalmente,[8] mas estigmatizado,[8] principalmente pela mídia brasileira, que chega a ridicularizá-lo; em certas ocasiões.[8] Todavia, tal como ocorre em outros lugares, o dialeto baiano é um dos elementos centrais da identidade baiana e motivo de orgulho para muitos baianos.[9]
Tem como costume abreviar palavras e acabar criando outras com significado que pode ser até diferente do inicial. Oxe, que é uma abreviação de oxente, que também é uma abreviação de ô gente, perdeu significado original e hoje é utilizado para situações de não entendimento. Já opaió é uma abreviação de olhe para aí, olhe, a palavra olhe é comumente abreviada para ó ou oi (pronunciada em ditongo aberto) e para é comumente abreviado para pá, juntando ó, pá, aí e ó, a palavra opaió surgiu.
Segue algumas palavras e expressões e o significado delas:[10]
Dialeto baiano
Significado
Buzu
Ônibus
Mainha
Mãe
Painho
Pai
Aonde
Advérbio de negação, também pode ser utilizado no lugar de onde
Pão de Sal
Pão francês
Comer água
Ingerir bebida alcoólica
Grafite
Lapiseira
Azeite doce
Azeite de oliva
Ponta de grafite
Grafite
Lapiseira
Apontador de lápis
Colé
E ai? Como vai?
Aipim
Mandioca, macaxeira
Passeio
Calçada
Porreta
Bom, excelente
Beiju
Tapioca
Retado
Depende do contexto, pode ser bravo ou muito bom
O alfabeto baiano também tem uma forma diferente de se pronunciar, letras como E, F, G, J, L, M, N, R, S se pronunciam respectivamente (de maneira informal): é, fê, guê, ji, lê, mê, nê, rê, si.[carece de fontes?]
os alofones são fonemas que variam dentro de um mesmo dialeto e são percebidos de maneira equivalente pelos seus falantes. Entre os alofones presentes no dialeto baiano estão:
/t͡ʃ / e /c/ antes de /i/, como em "antigamente";
/d͡ʒ/ e /ɟ/ antes de /i/, como em "dígito";
/s/, /z/, /ʃ/ e /ʒ/ em final de palavras, como em "dias";
/s/ e /ʃ/ antes de consoantes surdas (c, f, k, p, q, s, t), como em "sexta";
/l/ e /ʎ/ antes de /i/, como em "limão";
/n e /ɲ/ antes de /i/, como em "animal";
em algumas formas do dialeto, como no catingueiro,[11] o t antes de qualquer vogal possui alofonia com o /tʃ/ e o /c/, como na palavra muito, pronunciada muntcho.
Algumas peculiaridades gramaticais do português falado na Bahia são: a omissão do artigo definido antes de nome próprio com a função implícita e instintiva de diferenciar objetos, animais e coisas de pessoas e afins, poupando assim artigos que seriam desnecessários e em demasiado "artificialescos" (forçados, algo não natural, nem espontâneo), e acordo com os falantes dessa variação (p. ex.: "Maria foi à/na/pra feira" em vez de "A Maria foi à/na/pra feira") e a inversão da colocação da partícula negativa (p. ex.: "Sei não" em vez de "Não sei"). Essa peculiaridade influenciou alguns dialetos do Nordeste.[carece de fontes?]
Variantes subdialetais
Para além da macro-zonalidade do baianês, há duas variantes principais deste dialeto que são:
Soteropolitano ou do litoral-recôncavo: de dominância em todo o litoral e norte e oeste baiano, além de Sergipe.
Zona do catingueiro ("sotaque baiano do interior"), falado basicamente na zona sul da caatinga e no sertão baiano. As principais características que compõem o catingueiro, são algumas letras que acabam sendo modificadas, como o "t" antes de qualquer vogal que possui alofonia com o /tʃ/ e o /c/ em algumas palavras, como por exemplo as palavras "muito", "respeito" e "oito", acabam sendo pronunciadas como "muntcho", "respetcho" e "otcho", e a letra "d" que em palavras como "NecessidaDe" e "IdaDe" com o "d" firme no dialeto nordestino, acabam virando "necessidadi" e "idadi" com um "d" mais fraco e mais suave no dialeto catingueiro, ao invés de "necessidadji" e "idadji" com um "d" palatal como é pronunciado no dialeto baiano e dialeto da costa norte.[13]
↑CASTRO, Jânio.
"As questões identitárias e as
especificidades culturais da Bahia
expressas na literatura e na
musicalidade: um olhar geográfico". In: GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014, pp 107-109.