Desinfetante Nota: Não confundir com Antissepsia. "Assepsia" redireciona para este artigo. Para outros termos, veja Termos usados em biossegurança.
Desinfetantes são substâncias que são aplicadas em superfícies não vivas para destruir os microrganismos que vivem nesses objetos. A desinfecção não mata, necessariamente, todos os microrganismos, em especial as formas esporuladas de bactérias; sendo menos eficaz que a esterilização, que é um processo extremo químico ou físico que mata todos os tipos de vida. Os desinfetantes são diferentes de outros agentes antimicrobianos como os antibióticos, que destroem micro-organismos dentro do corpo, e antissépticos, que destroem micro-organismos em tecidos vivos. Desinfetantes também são diferentes de biocidas — sendo este último com o propósito de destruir todas as formas de vida, não apenas micro-organismos. Os desinfetantes funcionam através da destruição da parede celular do micro-organismo ou por interferência em seu metabolismo. A assepsia é o conjunto de medidas que permitem manter um ser vivo ou um meio inerte isento de bactérias. A antissepsia refere-se à desinfecção de tecidos vivos com antissépticos. GeneralidadeDesinfetante idealO desinfetante ideal deve ser capaz de destruir a forma vegetativa de todos os microrganismos patogênicos, requerer tempo limitado de exposição e ser eficaz em temperatura ambiente, não corrosivo, atóxico para seres humanos e de baixo custo. Devido às semelhanças na composição química e metabolismo entre os seres humanos e microrganismos, é pouco provável alcançar este ideal. Na prática, o uso correto dos desinfetantes químicos disponíveis irá pelo menos reduzir o número de microrganismos patogênicos viáveis presentes em superfícies para níveis que permitam a prevenção de infecções pelos mecanismos de defesa naturais do indivíduo sadio. Princípios gerais para uso dos produtos químicosSão validos para esterilização:
RegulamentaçãoOs desinfetantes encontram-se sob regulamentação da Environmental Protection Agency (EPA) e, portanto, estão sujeitos às regras desse órgão para a demostração de eficácia e uso no trabalho. Como se destinam a aplicação em tecidos vivos, os antissépticos encontram-se sob o controle da Food and Drug Administration (FDA) no que concerne à sua eficácia e uso clínico. Escolha do desinfetanteA escolha deve ser feita cuidadosamente. Dependendo da natureza do produto agem:
Um desinfetante não deve ser usado quando se pode usar um esterilizante. Existem várias razões para isto, entre elas: a esterilização com soluções químicas não pode ser monitorada biologicamente, os instrumentos assim tratados devem ser manuseados assepticamente, enxaguados com água estéril e secados com toalhas estéreis e os instrumentos, por não estarem embalados, devem ser usados imediatamente ou serem colocados num receptáculo estéril. ClassificaçãoAntes de tudo, o profissional não deve ser levado pelas informações exageradas e/ou errôneas de alguns fabricantes. O profissional deve conhecer bem as propriedades e indicações dos produtos, pois poderá até ser responsabilizado, sob acusação de imperícia, pelo uso incorreto deles. Sob o ponto de vista de resistência à ação dos desinfetantes temos a classificação de Spaulding que elenca, em forma decrescente:
O M. tuberculosis é mais resistente aos desinfetantes químicos que qualquer outra bactéria não esporulante. As micobactérias não tuberculosas, especialmente o M. avis e M. intracellurare, são mais resistentes ainda e requerem um maior tempo de atuação. A presença destas é ubíqua na água, inclusive na água morna e um crescente número de pacientes com AIDS apresenta infecção com estes microrganismos.
Desinfetante de alto nívelPossuem a capacidade de inativar esporos bacterianos resistentes. Desinfetante de nível intermediárioDevem ser tuberculicida, mas não agem contra todos os esporos. Desinfetante de nível baixoAtuam contra microrganismos vegetativos, não são tuberculicidas, não agem contra esporos, têm atividade irregular contra fungos, atuam contra vírus lipídicos e de tamanho médio, mas não contra os lipídios de tamanho pequeno. Agentes
Halogênios e substância liberadoras de halogêniosOs halogênios e as substância liberadas de halogênios constituem alguns dos mais eficazes agentes microbianos utilizados para a desinfecção e antissepsia. Seu principal modo de ação parece depender da reação covalente do halogênio com sistemas enzimáticos-chave. Fenóis e substâncias relacionadasSir Joseph Lister introduziu o fenol como desinfetante cirúrgico em meados da década de 1800, porém sua natureza irritante e tóxica levou à sua substituição por varias substâncias fenólicas substituídas. Estas substituição acentuaram o efeito antimicrobiano do fenol, sem aumentar significativamente a sua toxidade nos seres humanos. ClorexidinaA clorexidina foi aprovada para o uso em escovas cirúrgicas em meados de 70, e como colutório a 0,12%, no final da década de 80. Para lavagem cirúrgica, as soluções de clorexidina a 4% são de ação rápida como os iodóforos e possuem a substantividade do hexaclorefeno. A clorexidina é altamente eficaz contra os microrganismos Gram-positivos, enquanto exibe menor eficácia contra os microrganismos Gram-negativos e mostra-se ineficaz contra os bacilos da tuberculose, esporos e numerosos vírus. Na Europa, foram utilizados soluções de clorexidina a 0,2% como colutórios orais desde a década de 80. A eficácia da clorexidina nos colutórios resulta principalmente de sua substantividade. A natureza catiônica da clorexidina permite a sua ligação a tecidos duros e moles na cavidade bucal; a seguir, é liberada com o decorrer do tempo, produzindo um efeito bacteriostático contínuo. Foi demostrada a eficácia dessas soluções, quando utilizadas duas vezes ao dia, na redução da formação da placa e gengivite. Os principais efeitos colaterais consistem na pigmentação dos dentes, aumento da formação de cálculos e alteração do paladar. Dois colutórios de clorexidina a 0,12% foram aprovados pela FDA (Food and Drug Administration), sendo tão eficazes clinicamente quanto a solução mais forte a 0,2%, porém com uma redução significativa na incidência de efeitos colaterais. Metais pesadosOs metais pesados, em particular os mercuriais e compostos de prata possuem uma longa história como agentes antimicrobianos. Os mercuriais orgânicos ainda são utilizados em alguns países como fumigantes, mas foram substituídos pro substâncias mais eficazes e menos tóxicas na Medicina e na Odontologia. AldeídosO glutaraldeído (1,5 pentanodial) foi inicialmente proposto como agente antimicrobiano no início da década de 60 então, tem sido amplamente utilizado na Odontologia e Medicina como desinfetante de imersão. AlcoóisOs alcoóis, em particular o etanol e isopropanol, foram utilizados durante muitos anos como agentes antimicrobianos e como transportadores para outros antimicrobianos insolúveis em água, como o iodo e fenóis. Devido a seu baixo custo, evaporação rápida e ausência de resíduo, mostram-se úteis para a desinfecção de objetos inanimados. GlutaraldeídoEste produto foi aprovado pela Environmental Protection Agency dos EUA. Seu uso foi preconizado inicialmente em 1962, depois de estudos de Pepper & Lieberman. Suas soluções aquosas inativadas têm pH de 3,7 a 4,5. A solução inativada é fornecida em pH ácido e se mantém estável no armazenamento. Neste caso não é esporicida. As soluções ditas potencializadas ou ativadas, a solução sofre polimerização gradual e perde sua atividade em aproximadamente 30 dias. A solução potencializada utiliza como potencializador e estabilizador uma mistura isométrica de alcoóis lineares etoxilados. A sua concentração não pode ser tóxica para as células. São exemplos o álcool etílico (70º), peróxido de hidrogênio (10 volumes), eosina (para Gram-positivos), permanganato de potássio, hipoclorito de sódio (0,48%) e iodopovidona (derivado do iodo, altamente eficaz, excepto no caso da hepatite B). Desinfetantes de instrumentosComo por exemplo os aldeídos, usados em estetoscópios e termómetros, o hipoclorito de sódio, usado só em material não oxidável, como as pinças e tesouras, ou o óxido de etileno, que em mistura com o Co² é usado em câmaras, esterilizando tudo o que seja sensível à temperatura (batas, toucas, material descartável,etc). Natureza químicaOs antissépticos e desinfectantes podem também ser agrupados de acordo com a sua natureza química:
Ver tambémBibliografia
Ligações externas
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