Daewoo Espero
Daewoo Espero é um sedã médio, produzido pela fabricante sul coreana Daewoo Motors entre setembro de 1990 e 1997. O Espero foi o primeiro carro inteiramente desenvolvido pela Daewoo, que até então fabricava localmente modelos desenvolvidos pela Opel. Com a carroceria desenhada pelo Estúdio Bertone, o modelo é baseado na plataforma do Daewoo LeMans, nome dado ao Opel/Chevrolet Kadett E fabricado na Coreia do Sul[1]. Os motores eram fornecidos pela Holden, com opções indo do GM Familia I 1.5L ao GM Familia II 2.0L. O Espero foi substituido pelo Daewoo Nubira em 1997, mas continuou sendo produzido até 1999 no leste europeu. DesenvolvimentoEm meados da década de 1980, a Daewoo Motors buscava ingressar na faixa de mercado dos sedans médios, que já contavam com o concorrente Hyundai Sonata. Para tanto, começou a desenvolver um novo modelo em 1986, sob o codinome "J-Car" (não confundir com o J-Car da General Motors, projeto de carro mundial da empresa da década de 1980)[2]. Em seguida, adquiriu do Estúdio Bertone um design de carroceria previamente descartado pela Citröen, que seria utilizado no futuro sucessor do Citröen BX[3]. Com o acesso às tecnologias da General Motors limitadas por questões contratuais[4], a Daewoo fez extenso uso de peças já utilizadas no Daewoo LeMans. Os sistemas de direção, suspensão, freios e conjunto motriz eram os mesmos empregados no LeMans[5]. A plataforma também era oriunda do LeMans, mas alongada entre a coluna B e o banco traseiro[6], visto que o Espero possuia distância entre-eixos maior que a do LeMans. LançamentoO Espero foi apresentado na Coréia do Sul em agosto de 1990, com as vendas começando no mês seguinte. Seu design era considerado chamativo e diferente face ao que existia no mercado sul coreano à época[5]. Destacavam-se a ausência da grade do radiador, as colunas traseiras envoltas por vidros e o coeficiente aerodinamico de 0,29 cx. A única opção de motor era o GM familia II 2.0L CFI (com injeção eletronica monoponto). O motor podia ser atrelado à um câmbio manual de cinco marchas ou automático de quatro marchas. No entanto, o volume de vendas ficou abaixo do esperado pela Daewoo[4] em seus primeiros meses. O Espero não possuia dimensões externas e desempenho que superassem os do Hyundai Sonata, além de ter consumo de combustível elevado e sofrer com problemas de qualidade de construção[5]. EvoluçãoPara contornar a situação do baixo número de vendas do Espero em seus primeiros meses, a Daewoo decidiu reposicionar o modelo numa faixa de preço inferior no mercado[5]. Em fevereiro de 1991, passou a ser oferecido um motor 1.5L 16v DOHC, o primeiro desenvolvido pela Daewoo, mas criado com a consultoria da Lotus[7]. O motor de cilindrada reduzida permitia que o Espero pagasse uma aliquota menor de impostos estipulados pelo governo coreano. Desta forma, o carro médio da Daewoo tornava-se atraente diante de concorrentes com porte menor e preço semelhante. Em novembro de 1991 foi apresentada a linha 1992 para o Espero[8]. As mudanças incluíam novas lanternas traseiras, nova forração dos bancos e a adoção de um CD Player como opcional. Em dezembro de 1992 chegava ao mercado sul coreano uma versão destinada aos taxistas, equipada com motor de 1.6L movido à GLP (gás liquefeito de petróleo) e forração dos bancos exclusiva[9]. Para abril de 1993, foram adicionados novos motores 1.5L 8v MPFI e 2.0L 8v MPFI (sendo este último substituto do antigo 2.0L 8v CFI) e a adoção de freios com sistema ABS como opcional[10]. No interior do veículo, foram adotados bancos com desenho mais envolventes, novo painel de instrumentos e novos forros de porta. Em janeiro de 1994 um motor de 1.8L MPFI foi passou a ser oferecido[11]. Por um breve período, o Espero podia ser equipado com cinco opções de motores, mas devido à baixa procura do modelo equipado com motor 2.0L, logo este deixou de ser oferecida na Coreia do Sul. A última atualização na linha Espero para o mercado local ocorreu em maio de 1995. Foram adotadas as mesmas modificações realizadas no modelo recém-lançado no mercado europeu[12]. Mudavam os faróis (agora com lentes de superfície complexa), novas rodas de liga leve, novos espelhos retrovisores, air-bag para o motorista como item opcional, trava das portas através de controle remoto e nova calibragem da suspensão[13]. Em 1997, com o lançamento do Daewoo Nubira (J100), o Espero foi descontinuado na Coreia do Sul. MotoresOs motores utilizados no Daewoo Espero eram baseados nos GM Familia I e GM Familia II, mas com alterações feitas para satisfazer as necessidades requisitadas pelo mercado sul-coreano.
Exportações e produção no exteriorPor questões contratuais envolvendo a parceria com a General Motors, a Daewoo buscava exportar seus produtos para países onde a gigante americana não estava presente através de subsidiarias locais. Taiwan foi o primeiro país para onde o Daewoo Espero foi exportado, com as vendas começando em março de 1991[14]. Subsequentemente, outros países ao redor do mundo passaram a receber o Espero. No Irã, o Espero foi lançado em 1992[15], mesmo ano em que foi lançado em Gana, no continente africano[16]. O primeiro país da América do Sul a receber o Espero foi a Argentina, com um lote inicial de 150 unidades desembarcando no país em novembro de 1991[17]. Chile e Colômbia passaram a vender o Espero em 1992[18][19]. Com o fim da joint-venture com a GM em dezembro de 1992[3], a Daewoo pode entrar em novos mercados. No Brasil, o Espero chegou em 1994 (ver subseção). Em novembro de 1994, a Daewoo adquiriu as instalações da estatal romena Oltcit. A nova empresa criada, Rodae (ROmenian DAEwoo), montou os primeiros Esperos em regime CKD em dezembro de 1996[3]. Na Rússia, um acordo entre a Daewoo e a fabricante local Doninvest permitiu a montagem em regime SKD dos modelos Nexia e Espero, realizados na cidade de Aksay, a partir de março de 1995[3]. Na Polônia, a Daewoo adquiriu em novembro de 1995 a estatal FSO e criou uma nova empresa, a Daewoo-FSO. Em março de 1996 a empresa começou a montar o Espero em regime CKD na fábrica de Varsóvia[3]. O Espero chegou ao mercado europeu em 1995, após o fim da validade da cláusula contratual entre a Daewoo e a GM, que impedia a empresa coreana de vender automóveis naquele continente[20]. Tal como nos outros mercados em que já atuava, a Daewoo utilizava como argumento de vendas o fato de o Espero ser um carro bem equipado, mas custando um pouco menos que seus concorrentes de tamanho similar. Na Espanha, o Espero foi vendido como Daewoo Aranos. Com o lançamento dos modelos Nubira e Leganza em 1997, o Espero deixou de ser oferecido na Europa[21]. No entanto, a produção em regime CKD seguiu até 1999 na Polônia, Romênia e Rússia, suprindo o mercado do Leste Europeu. BrasilO Espero foi o carro que marcou a estreia da Daewoo no mercado brasileiro. Apresentado no dia 16 de março de 1994, a cerimônia realizada na cidade de São Paulo contou com a presença do presidente da Daewoo Kim Woo-jung e do então prefeito Paulo Maluf[22]. As vendas começaram no dia 28 de março do mesmo ano, com toda a operação realizada pela DM Motors, representante da marca coreana no Brasil. O Espero era oferecido somente com motor 2.0 MPFi e na versão DLX. Sete pacotes de opcionais eram oferecidos, onde podia-se optar por itens como freios ABS, teto solar e câmbio automático[23]. Na ocasião do lançamento, a representante da Daewoo no país afirmou erroneamente que o Espero utilizava a mesma plataforma do Chevrolet Vectra[24]. Tal equivoco acabou sendo replicado por outras publicações especializadas da época, como na revista Quatro Rodas de novembro de 1994[25]. Para o ano modelo de 1995, o Espero passou a vir com novos faróis e revestimento internos, agora disponível somente na versão CD[23]. O Espero foi oferecido no país até 1997, quando fui substituído pelo Daewoo Nubira. Durante seu período de vendas, o Espero figurou por meses dentre os dez importados mais vendidos do país[26], com pouco mais de 10 mil unidades vendidas[27]. ProtótiposO Espero serviu como base para experimentos de tecnologias desenvolvidas pela Daewoo. Em dezembro de 1992, a Daewoo iniciou o desenvolvimento de um carro movido à Gás Natural Veícular (GNV), com o apoio do governo sul coreano. Os estudos levaram à criação de um protótipo chamado NGV2, apresentado no Congresso Mundial de Veículos Movidos à Gás Natural Veicular de 1994, realizado no Canadá. Baseado no Espero 1.6L movido à GLP, o NGV2 adotava uma injeção eletrônica de gás multiponto, capaz de levar o veículo a até 170km/h e de rodar 400 km com um tanque cheio[28]. Já o carro-conceito DEV-2, apresentado no Motor Show de Seul em 1995, apresentava um motor elétrico de corrente alternada de 86 kW de potencia. Equipado com um conjunto de 22 baterias de chumbo-ácido localizadas sob o assoalho do carro[29], o protótipo era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 13 segundos, além de possuir 80 km de autonomia[30]. O exterior do DEV-2 se diferenciava do Espero de produção seriada por possuir design frontal, apliques nas laterais da carroceria e rodas exclusivas para o protótipo. Ainda em 1995, a Daewoo equipou um Espero com propulsão híbrida. Em 1997, outro protótipo híbrido baseado no Espero foi concluído. Ambos utilizavam um motor elétrico associado ao motor à gasolina[31]. Referências
Ligações externas |