Destina-se a premiar civis e militares vinculados ao Ministério das Forças Armadas e, desde 2011, unidades que tenham realizado uma ou mais ações brilhantes em operações externas. Também pode ser concedida a civis e militares estrangeiros e a unidades estrangeiras que tenham realizado uma ação brilhante durante uma missão ao lado de soldados franceses.
História
A Cruz do Valor Militar foi estabelecida para reconhecer e recompensar a coragem durante a Guerra da Argélia (1954-1962), onde as forças de segurança da França estavam engajada com operações nem sempre associadas à guerra tradicional. Como as operações ocorridas na Argélia eram qualificadas como "operações de aplicação da lei", não foi possível premiar a Croix de guerre. Decidiu-se criar uma nova condecoração para premiar as ações brilhantes de civis e militares nessa nova situação de combate a um inimigo com o qual tecnicamente a França não estava em guerra.[2]
Em 11 de abril de 1956, por decreto,[3][4] foi criada a Medalha do Valor Militar, que seis meses depois foi transformada em Cruz do Valor Militar.[5] Por decisão de 30 de abril de 1956,[6] pôde ser concedida por operações na Tunísia, desde 1º de janeiro de 1952, no Marrocos desde 1º de junho de 1953, e na Argélia desde 31 de outubro de 1954. Uma nova decisão de 13 de fevereiro de 1957, acrescentou as operações na Mauritânia desde 10 de janeiro de 1957.[7] Novos textos põem termo à atribuição da Cruz do Valor Militar nestes territórios.
Desde então, novas decisões foram tomadas para estender a atribuição desta condecoração a outros territórios onde o exército francês realizou operações exteriores. A partir do final da descolonização, a Cruz do Valor Militar foi atribuída para premiar ações brilhantes “fora do território nacional, durante ou por ocasião de missões ou operações externas” e doravante no território nacional, as citações obtidas seriam usadas na fita da Medalha de Ouro da Defesa Nacional; sendo a Cruz do Valor Militar atribuída às tropas no Chade, Camboja, Líbano, Somália, Ruanda, ex-Iugoslávia e Haiti.[8] Atualmente, foi concedida por operações no Afeganistão e no Sahel em particular. Em 2010, ela foi atribuída em 1.281 citações com a Cruz do Valor Militar.[9]
Ao contrário da Cruz de Guerra, não se destinava a ser concedido a unidades porque o Decreto nº 56-1048 especificou que a:
"Cruz chamada do Valor Militar [é] destinada a distinguir individualmente o pessoal da defesa, civis e militares, que tenham realizado uma ação brilhante, fora do território nacional, durante ou por ocasião de missões ou operações exteriores."
Este decreto foi, portanto, alterado em 2011 pelo decreto nº 2011-1466 por iniciativa de Nicolas Sarkozy, no qual pretendia recompensar as unidades que se destacaram nas operações exteriores.[10] Sua antiguidade situa-se depois das ordens nacionais e da Medalha Militar e antes das medalhas comemorativas.[8] Uma unidade citada na ordem do exército duas vezes ou mais recebe uma fourragère.[8]
A Associação Nacional das Cruzes de Guerra e do Valor Militar, fundada em 1919 pelo Vice-Almirante Émile Guépratte,[11] integra também militares e ex-soldados, de todas as patentes e proveniências, condecorados com a Cruz do Valor Militar, bem como as unidades militares das três forças (Terra, Ar e Mar) e a Gendarmaria Nacional, cujas bandeiras, galhardetes ou estandartes são condecorados com a Cruz do Valor Militar. Assim como seus camaradas, várias mulheres - suboficiais ou tropa - foram homenageadas com essa condecoração. Por outro lado, a primeira "oficial feminina", da arma de artilharia, a recebeu em 31 de janeiro de 2013: trata-se de uma tenente do 40º Regimento de Artilharia.[12]
Características
A Cruz do Valor Militar é uma cruz de bronze 36mm de diâmetro com braços retos idênticos em um medalhão com louros nos ângulos. No anverso está a efígie da República com uma coroa de louros e no reverso a inscrição "Cruz do Valor Militar".[3] A fita é vermelha barrada com três faixas brancas verticais, sendo a do meio com 7mm de largura e as outras duas com 2mm a 1mm de cada borda. Nela são usadas tantas estrelas ou palmas quanto as citações recebidas.[3] Nos modelos de teste, a forma era de uma medalha e Marianne usava um capacete, e em uma das sugestões usava um capacete M1 moderno e olhava em diagonal para a frente.[8]
Assim como as Cruzes de Guerra e a Medalha da Gendarmaria Nacional, a fita da medalha pode receber atributos que expressam citações: respectivamente uma estrela de bronze para uma citação na ordem do regimento ou da brigada, uma estrela de prata para uma citação na ordem da divisão, uma vermeil para o corpo de exército e uma palma de bronze para uma citação na ordem do exército.[3][4]
Agraciados famosos
Em parênteses: número da condecoração da Cruz do Valor Militar com citação.
Unidades condecoradas com a fourragère nas cores da Cruz do Valor Militar
História e descrição
Desde 2011, as unidades podem agora ser condecoradas coletivamente com a Cruz do Valor Militar, uma recompensa anteriormente concedida apenas individualmente aos soldados.[42]
Quando uma unidade tiver sido condecorada duas ou três vezes com a Cruz do Valor Militar com palma, ou seja, citação na ordem do exército, e esta para o mesmo teatro de operações, tem o direito de usar o fourragère nas cores da Cruz do Valor Militar.[43] Esta fourragère pode ainda apresentar uma azeitona para distinguir as unidades mais condecoradas:[43]
2 ou 3 citações, sem azeitona;
4 ou 5 citações, uma azeitona nas cores da fita da Medalha Militar;
6 ou 7 citações, uma azeitona nas cores da fita da Medalha Militar (parte inferior) e da Legião de Honra (parte superior);
8 ou 9 citações, uma azeitona na cor da fita da Legião de Honra;
10 citações, uma azeitona nas cores da fita da Medalha Militar (parte inferior) e da Legião de Honra (parte superior) separados por uma borda branca.
O primeiro regimento condecorado com a fourragère da Cruz do Valor Militar é o 17e RGP, em 16 de abril de 2012.[44]
Em 30 de abril de 2016, o 2e REP foi o primeiro e único regimento do Exército a receber a Fourragère da Cruz do Valor Militar, com azeitona amarela nas cores da Medalha Militar, por conta de suas 4 citações na ordem do exército obtidas em Kolwezi em 1978, no Afeganistão em 2010 e 2011 e no Mali em 2013.[45] A 23 de maio de 2018, o CPA 10, por sua vez, recebeu a fourragère da Cruz do Valor Militar, com azeitona amarela nas cores da Medalha Militar, devido a uma quarta palma obtida pelas missões cumpridas na faixa sahelo-saariana.[46]
↑Préfecture de Police de Paris (12 de outubro de 1919). «Déclaration du 16 septembre 1919 à la Préfecture de Police de Paris publiée au Journal Officiel de la République Française du 12 octobre 1919». Journal Officiel de la République Française (em francês)
↑ abAdministration centrale (7 de janeiro de 2016). «Édition Chronologique n° 1 du 7 janvier 2016»(PDF). Légifrance. Bulletin Officiel des Armées (em francês): 4-5. Consultado em 9 de julho de 2023
↑Becker, Coronel Cyrille. «Editorial du chef de corps»(PDF). 13e Bataillon de Chasseurs Alpins: Lettre d'information nº 4 (em francês) (4): 3. Consultado em 9 de julho de 2023