Operação Sangaris

Tropas francesas posicionadas em Bangui em 22 de dezembro de 2013.

Operação Sangaris (em francês: Opération Sangaris) foi uma intervenção militar das Forças Armadas da França na República Centro-Africana do final de 2013 até 2016. Foi a 7.ª intervenção militar francesa desde a independência do país em 1960. [1] Em 30 de outubro de 2016, a França anunciou o termino oficial da Operação Sangaris. [2][3]

Contexto

No final de 2012, o presidente François Bozizé solicitou assistência internacional da França e dos Estados Unidos para afastar o Séléka, um movimento rebelde que avançou para os arredores da capital de Bangui. [4][5][6] O Séléka é um movimento nortista muçulmano lutando contra os sulistas católicos.[7] Em março de 2013, Michel Djotodia depôs Bozize do poder e tornou-se o primeiro presidente muçulmano do país.[8][9]

Em outubro de 2013, começaram os combates entre os elementos de Séléka e as milícias cristãs chamadas anti-balakas e o Estado perdeu sua capacidade de manter a ordem. [10][11][12][13]

As Nações Unidas e o governo francês começaram a expressar preocupações sobre um potencial genocídio.[14][15][16][17]

Em 5 de dezembro de 2013, a Resolução 2127 foi unanimemente votada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para permitir que uma Missão Internacional Africana de Apoio a República Centro-Africana (MISCA) fosse implantada por 12 meses para restaurar a ordem e acabar com as tensões religiosas. [18][19][20] O MISCA foi apoiado por forças francesas autorizadas a utilizar os meios necessários.

Controvérsias

Reações internacionais

A opinião pública e os meios de comunicação ficaram divididos sobre a operação. O jornal argelino Liberté denunciou a Sangaris como uma nova instância da política Françafrique e descreveu a operação como percebida "na África e em outros lugares como uma manobra da França para se afirmar no cenário mundial".[21] O britânico The Times, por outro lado, declarou a França "admirável" por sua vontade de intervir e prevenir uma catástrofe humanitária.[22] Para o jornal burquinense L'Observateur paalga a França seria acusada de "neocolonialismo e de imperialismo" ao se comprometer e de "não assistência às pessoas em perigo" caso permanecesse neutra, mas foi finalmente forçada a agir como a "polícia da África" pela falta de implicação dos Estados da região.[23]

Alegações de abuso sexual

Em abril de 2015, um relatório vazado da ONU revelou que os investigadores dos direitos humanos receberam reclamações de crianças de nove anos, que vivam em campos de deslocados internos, que haviam sido exploradas sexualmente, inclusive por estupro e sodomia, por soldados franceses em troca de comida. [24] Outras reivindicações surgiram em março de 2016, incluindo alegações de que um comandante francês tinha amarrado quatro meninas, despidas, em um acampamento, e as forçado a fazer sexo com cães.[25][26]


Ver também

Referências

  1. La Centrafrique dans le chaos - France Inter, 14 de dezembro de 2013
  2. «France ends Sangaris military operation in CAR». BBC News. 31 de outubro de 2016 
  3. «Sangaris mission in CAR officially ends on October 30». Africa News 
  4. Le président centrafricain appelle la France et les Etats-Unis à l'aide - Libération - 27 de dezembro de 2012
  5. En Centrafrique, la capitale redoute une entrée des rebelles, La Croix, 27 de dezembro de 2012
  6. Central African Republic's Bozize in US-France appeal - BBC - 27 de dezembro de 2012
  7. Agonie silencieuse de la Centrafrique - por Vincent Munié, outubro de 2013, Le Monde Diplomatique
  8. Agonie silencieuse de la Centrafrique - Une histoire violente - Le Monde Diplomatique, outubro de 2013
  9. Mystery Shrouds Rise and Aims of Rebel at Helm of Central African Republic, SCOTT SAYARE, 13 de abril de 2013, The New York Times
  10. Duhem, Vincent (29 de outubro de 2013). «Le régime de Djotodia face à la multiplication des groupes armés hostiles». Jeune Afrique. ISSN 1950-1285 
  11. La Centrafrique à l’heure du chaos, 25 de setembro de 2013, Le Monde
  12. Une cinquantaine de morts dans des affrontements en Centrafrique, 08 de outubro de 2013, Le Monde
  13. Bouckaert, Peter (3 de dezembro de 2013). «Silence, on tue». Jeune Afrique. ISSN 1950-1285 
  14. La Centrafrique « au bord du génocide » ? - La Presse, 21 de novembro de 2013
  15. Laurent Fabius : la Centrafrique est «au bord du génocide», publicddo em 21 de novembro de 2013, Le Parisien
  16. Déclaration du Conseiller spécial pour la prévention du génocide sur le dialogue inter-communautaires et la prévention des crimes en République centrafricaine, au Conseil de sécurité - ONU
  17. Centrafrique : l'ONU appelle à agir pour éviter un génocide - Le Monde
  18. «RCA : le Conseil de sécurité autorise le déploiement de la MISCA, avec l'appui des forces françaises». 5 de dezembro de 2013 
  19. L'ONU autorise une intervention française en Centrafrique, La Tribune de Genève, 05 de dezembro de 2013.
  20. Le Conseil de sécurité autorise une intervention militaire de la France en République centrafricaine, Alexandra Geneste, Le Monde, 05 de dezembro de 2013.
  21. Bouatta, Djamel (28 de novembro de 2013). «Alors que sa guerre au Mali n'est pas derrière elle, la France ouvre un nouveau front en Centrafrique». Liberté (Algérie). ISSN 1111-4290 
  22. France Shows the Way, The Times, 27 de novembro de 2013
  23. Sanou, Hyacinthe (4 de dezembro de 2013). «Sommet de l'Elysée : Au centre,… la Centrafrique». L'Observateur paalga 
  24. Laville, Sandra (29 de abril de 2015). «UN aid worker suspended for leaking report on child abuse by French troops». The Guardian 
  25. Dearden, Lizzie (31 de março de 2016). «French troops accused of 'forcing girls into bestiality' in CAR as rape claims mount against UN peacekeepers». The Independent 
  26. «Central African Republic: French Peacekeepers forced girls to have sex with a dog». ibtimes