Anti-balaka
Anti-Balaka é o termo utilizado para se referir às milícias formadas na República Centro-Africana após a ascensão ao poder de Michel Djotodia. Anti-Balaka significa "anti-machete" ou "anti-espada", nas línguas locais sango e mandja. [1][2] Michel Djotodia era o líder da coalizão rebelde de maioria muçulmana conhecida como Séléka que derrubou François Bozizé durante o conflito na República Centro-Africana em março de 2013. Djotodia se tornou o primeiro líder muçulmano do país.[3] Em setembro de 2013, Michel Djotodia anunciou que o Séléka tinha sido dissolvido,[4] mas a maior parte das milícias se recusaram a desmantelar.[2] O aumento da violência ocorreu em grande parte a partir de ataques de represália contra civis do ex-Seleka[5] e do anti-Balaka.[2] Como muitos cristãos tinham estilos de vida sedentários e muitos muçulmanos eram nômades, reivindicações sobre os territórios foram ainda uma outra dimensão das tensões.[6] Em novembro de 2013, a ONU alertou que o país estava em risco de espiral de genocídio,[7] estando "descendo em completo caos"[8] e a França descreveu o país como "... à beira do genocídio".[9] Em 2 de dezembro de 2013, os milicianos anti-Balaka são suspeitos de ter matado 12 pessoas, incluindo crianças, e ferido outras 30 em um ataque contra muçulmanas em Boali, de acordo com o governo. [10] O grupos são frequentemente descritos como uma "milícias cristãs", mas essa descrição é inadequada. Os anti-balaka não consistem apenas de cristãos, mas incluem uma variedade de membros, tais como animistas, membros de religiões tradicionais e, em alguns casos, indivíduos sem afiliação religiosa definida.[11][12][13][14][15][16][17][18] Os cristãos no país não se identificam com os grupos anti-balaka, assim como os muçulmanos não se identificam com o Seleka.[19] Em algumas circunstâncias, cristãos também foram alvo do grupo.[20] Líderes religiosos, incluindo o Bispo Juan José Aguirre, destacaram que a violência cometida por essas milícias não representa o Cristianismo e que cristãos têm abrigado muçulmanos nas igrejas e paróquias, negando assim a acusação de que o anti-balaka age em nome do Cristianismo. Muitos recrutas dos anti-balaka não aderiram ao grupo por motivações religiosas, mas sim por vingança e necessidade de autodefesa de suas comunidades.[21][22] O conflito na República Centro-Africana tem raízes históricas, políticas e étnicas profundas, e as milícias anti-balaka, assim como as milícias Seleka, são responsáveis por uma série de atrocidades. A denominação "anti-balaka" sugere uma resistência armada que se originou de maneira mais ampla do que apenas entre cristãos. Embora o componente religioso esteja presente, o conflito é muito complexo para ser reduzido a uma "guerra religiosa". Em 2014, a Anistia Internacional relatou vários massacres cometidos pelos Anti-Balaka contra civis muçulmanos, forçando milhares de muçulmanos a fugir do país.[23][24] Referências
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