Convento das MadelonnettesAs "Madelonnettes" (em tradução livre "Madalenazinhas") era a denominação popular da Ordem das Filhas de Maria Madalena, que contou com inúmeros estabelecimentos na França e Europa [1]. O mais conhecido entre eles é o de Paris que foi convertido em prisão quando da Revolução Francesa. LocalizaçãoAtualmente, as "Madelonnettes " estariam situadas no quadrilátero compreendido entre o nº 6 da Rua des Fontaines du Temple (onde ainda existe um pedaço de parede) e a Rua du Vertbois no III Arrondissement de Paris. OrigemSua origem remonta a 1618, quando um comerciante de vinhos, Robert de Montry, tentando dar uma lição de moral às prostitutas que o haviam interpelado, decide por fim conduzi-las ao caminho do bem abrigando-as em casa. Com a ajuda de M. Du Pont, cura da Igreja Saint-Nicolas des Champs, do padre capuchinho Athanase Molé e de um oficial da Guarda do Rei, M. de Fresne (por sinal, amigo de São Vicente de Paula, ele consegue estender sua obra de caridade a outras prostitutas. Rapidamente superados por seu sucesso, eles alugam primeiramente alguns quartos no Faubourg Saint-Honoré. A seguir, Robert de Montry emprestará à sociedade uma casa que possuía no bairro da Croix-Rouge. Uma capela é improvisada no local, atendida pelos beneditinos da Abadia de Saint-Germain-des-Prés. FundaçãoCom o surgimento gradativo da ideia da criação de um verdadeiro convento, apelou-se para o patronato São Vicente de Paula e para a generosidade da Marquesa de Maignelay (nascida Claude-Marguerite de Gondi, irmã de Jean-François de Gondi, arcebispo de Paris) que, em 6 de Julho de 1620, compra do Senhor Dubuisson uma propriedade situada à Rua des Fontaines, entre a Abadia de Saint-Martin des Champs e o terreno do Templo e lega à entidade 101.600 libras de sua herança. Em 1625, o Rei Luís XIII de França lhes acorda 3.000 libras de renda. Foi-lhes também acordada uma constituição pelo papa Urbano VIII, em 1631. A maior parte dos edifícios foram construídos em 1637, uma primeira capela foi inaugurada pela Rainha Mãe Ana d'Áustria em 22 de Março de 1648 e depois uma igreja foi erigida no local a partir de 1680 e consagrada em 2 de Setembro de 1685. O ConventoDa generosa reunião de pecadoras escolhendo livremente o caminho da redenção, a entidade evolui insidiosamente para um estabelecimento mais clássico onde eram encerradas por ordem do rei, dos juízes ou simplesmente por solicitação de suas famílias, qualquer mulher ou moça suspeita de má conduta ; o exemplo mais célebre é o da cortesã Ninon de Lenclos, encarcerada nas "Madelonnettes " em 1657 por ordem da Rainha Mãe. Segundo Tallemant des Réaux, ela aí não permaneceu por muito tempo tão forte era a pressão de seus admiradores que se atropelaram ao redor do convento para reclamar sua libertação. Um bom número delas provinha de famílias abastadas que pagavam por sinal uma avultada pensão. Assim, foi necessário fortalecer a hierarquia que foi confiada sucessivamente:
Conta-se então com 165 pensionistas, organizadas em 3 categorias:
Elas estavam repartidas por três prédios distintos. Durante a Revolução Francesa, na sequência do decreto da Assembleia Nacional de 13 de Fevereiro de 1790, abolindo as ordens religiosas, foi feito um último inventário dos bens e rendimentos em 17 de Março do mesmo ano. As religiosas só foram dispensadas progressivamente, já que uma superiora e uma administradora ainda foram nomeadas em 21 de Março de 1791. A PrisãoO Convento das Madelonnettes, fechado em 1790, foi convertido em prisão em 1793. Nesse ano, com o recrudecimento das prisões afetadas pela instauração do "Terror", os edifícios tornaram-se local de detenção para homens presos tanto por motivos políticos como comuns. Os primeiros prisioneiros foram encarcerados em 4 de Abril, sob a direção do comissário Marino e do zelador Vaubertrand. O ritmo acelerou-se a partir de Maio (até a marca de 47 detentos por dia), levando a uma superpopulação do estabelecimento previsto para abrigar 200 pessoas e que contava com 319 no 27 Messidor. Entre eles misturavam-se os presos por crimes comuns, conhecidos por "pailleux" ("os da palha", por dormirem sobre ela), e pessoas de diversas origens geralmente colocadas na prisão como "suspeitas". O tom de convivência era o de companheirismo ; improvisavam-se poemas, cantava-se, fazia-se música ou ginástica, sob a vigilância da guarda. Apesar de tudo, o regime era penoso em razão da insalubridade e da exiguidade dos aposentos. No início de 1794, voltando a seu primeiro objetivo, torna-se uma prisão para mulheres detidas por crimes, delitos ou dívidas e para jovens aprisionadas pelos pais, para corrigi-las. Em 1828, as prostitutas da "Petite Force" foram tranferidas para cá, seguidas, em 1831, pelas detentas de Sainte-Pélagie. Em 1836, todas as detentas foram transferidas para as Prisões de la Roquette e as "Madelonnettes " tornaram-se uma casa de detenção para homens, sucursal da Prisão de la Force. Em 1848, um bom número de políticos aí se alojaram. Em 1868 a prisão foi finalmente demolida e substituída pela Prisão de la Santé. Detentos célebresDentre os "suspeitos" podemos citar :
A prisão durante o século XIXPouco a pouco esvaziada após os acontecimentos do Termidor, as "Madelonnettes" reabriram como prisão feminina em 1795 (como anexo à Prisão de Saint-Lazare) até Abril de 1831. Para ilustrar o número e diversidade das detentas, eis sua distribuição :
num total de 589, com idades de 13 à 60 anos, onde a maioria tinha entre 20 e 30 anos. O fimOs edifícios foram destruídos em 1865-66, para abrir passagem para a Rua de Turbigo (cujos trabalhos foram fotografados por Charles Marville em 1865). O atual Liceu Turgot ocupa parte do terreno. Ver tambémDiversas obras de ficção mencionam esta prisão em suas páginas. Podemos citar :
Uma representação da prisão num quadro de Louis Léopold Boilly no Museu Carnavalet (e visível em diversos "sites" de reprodução de obras de arte). Referências
Ligações externas
Bibliografia
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