Cerro do Castelo da Nave Nota: Este artigo é sobre o sítio arqueológico no município de Monchique. Se procura a fortificação islâmica em Alferce, igualmente situada no município de Monchique, veja Castelo de Alferce. Se procura o sítio no município de Ourique, veja Cerro do Castelo. Se procura o sítio no município de Alcoutim, veja Povoado calcolítico do Cerro do Castelo.
O Cerro do Castelo da Nave corresponde a dois sítios arqueológicos no Município de Monchique, em Portugal, onde foram descobertos vestígios desde a Idade do Bronze até ao período islâmico, passando pela Idade do Ferro e pelo domínio romano. DescriçãoO conjunto arqueológico do Cerro do Castelo da Nave é formado por dois núcleos construtivos, um referente a uma antiga povoação habitada desde a desde a Idade do Bronze até ao período romano,[1] e outro identificado como um forte com um povoado próprio, ocupado durante a Idade Média muçulmana.[2] A área do Castelo da Nave situa-se a cerca de 2 Km das Caldas de Monchique e a 4 Km da moderna vila de Monchique,[2] nas imediações da aldeia da Nave.[3] O Cerro do Castelo da Nave 1 é composto por uma pequena fortificação com uma área residencial anexa, estando o forte situado no topo de uma colina com 338 m de altitude, permitindo um bom controlo visual sobre a região em redor, até ao Rio Arade.[2] Para a construção do imóvel foi aplanado o topo da colina, formando um planalto com cerca de 50 por 30 m.[3] Durante os trabalhos arqueológicos foram encontrados indícios de estruturas em pedra nas faces Norte e nascente,[2] numa plataforma abaixo do forte, que podem ter pertencido a uma povoação fortificada.[3] Por seu turno, o Cerro do Castelo da Nave 2 situa-se no topo de uma outra colina, formando uma zona plana com 363 m de altitude e cerca de 70 m de largura máxima, localizado sensivelmente a Norte do primeiro sítio arqueológico.[1] Tal como sucede com o forte islâmico, esta situação permitia um excelente controlo visual sobre a região em redor, nomeadamente o litoral, a zona Sul do conjunto montanhoso da Fóia, e a passagem natural entre as serras.[1] Também são visíveis as áreas onde se encontram as necrópoles da Palmeira, do período neolítico, e de Alcaria.[1] No topo da colina encontra-se uma plataforma aplanada, com 70 m de largura máxima, com vários afloramentos rochosos e pedras, que poderiam ter feito parte de antigas muralhas.[1] A zona de dispersão dos vestígios no segundo sítio tem cerca de 7100 a 8000 m², tendo sido principalmente descobertos no lado nascente da área construtiva, pelo que a sua disposição terá sido .[1] Em termos de espólio, no Cerro do Castelo da Nave 1 foram descobertas várias peças de cerâmica, incluindo recipientes de cozinha como tijelas, jarros e alguidares, e de construção.[2] Também foram recolhidos vestígios de moluscos perto da muralha, na parte mais elevada do cerro.[2] Quanto ao segundo sítio, foram recolhidos partes de vários objectos de cerâmica, feitas tanto de forma manual como de torno, tégulas, escórias de ferro, e peças líticas, como uma lâmina denticulada em sílex e partes de mós manuais.[1] Os dois monumentos do Cerro do Castelo da Nave e o Castelo de Alferce são considerados como alguns dos principais vestígios do período islâmico, no território do Município de Monchique.[4] HistóriaDe acordo com o espólio encontrado no local, o sítio do Cerro do Castelo da Nave 2 é o que tem ocupação mais antiga, desde a Idade do Bronze até ao Período Romano, passando pela Idade do Ferro.[1] Devido ao seu enquadramento na Idade do Bronze, é possível que o segundo sítio esteja associado com várias sepulturas do mesmo período, encontradas na zona das Caldas de Monchique.[5] Com efeito, o vale onde se situam as Caldas possuía uma grande importância para as populações pré-históricas, devido provavelmente às suas fontes termais.[5] Por seu turno, os fragmentos de cerâmica recolhidos no Cerro do Castelo da Nave 1 apontam para uma ocupação muito posterior, entre os séculos X e XIII, período correspondente ao domínio muçulmano na Península Ibérica.[2] Devido à sua importância como ponto de controle da região, provavemente terá sido o castellum de Munchite, referido no âmbito da conquista de Silves, em 1189.[3] O sítio arqueológico do Cerro do Castelo da Nave 1 foi identificado em 1940 pela equipa de arqueólogos Abel Viana, José Formosinho e Octávio da Veiga Ferreira, que descobriram vestígios de terraplanagens no alto da colina, e de restos de muralhas nas vertentes Norte e nascente, além de vários fragmentos de cerâmica, que dataram tanto do domínio romano como da Alta Idade Média.[3] Devido aos materiais encontrados, os arqueólogos identificaram o local como um pequeno povoado de feição castreja, tendo sido desde essa altura considerado como uma fortificação do período romano.[3] Em 2002, foram feitas sondagens no local do Cerro do Castelo da Nave, tendo sido identificados os restos de várias estruturas de pedra a Norte e a nascente.[2] Em 2005, foram feitas novas prospecções, tendo estes trabalhos confirmado a presença da zona fortificada no topo da colina, e descoberto uma área residencial numa plataforma mais abaixo.[3] Também permitiram uma melhor avaliação da cronologia do local, tendo sido descartada a teoria que teria sido ocupado durante o periodo romano, permanecendo apenas como uma fortificação do domínio islâmico, que teria sido utilizada entre os séculos X ou XI até aos séculos XII ou XIII.[3] Em 2012, ambos os sítios foram alvo de trabalhos de prospecções, no âmbito do programa arqueológico A Pré-história recente e a Proto-história da Serra de Monchique, coordenado por Raquel Maria da Rosa Vilaça e Fábio Filipe Gomes Simões Capela.[6] Os vestígios arqueológicos foram muito danificados pelas actividades agrícolas, principalmente a plantação de eucaliptos, tendo entrado num processo de destruição desde 1993.[3] Ver tambémReferências
Ligações externas
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