Por analogia, chama-se cemitério um lugar onde se enterram ou acumulam produtos, tipicamente resíduos e detritos (por exemplo, cemitério de resíduos nucleares).
A palavra "cemitério" (do termo latino tardiocoemeterium, derivado do grego κοιμητήριον [koimitírion], a partir do verbo κοιμάω [koimáo], "pôr a jazer" ou "fazer deitar") foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. Os cemitérios ficavam, geralmente, longe das igrejas, fora dos muros da cidade: a prática do sepultamento nas igrejas e respectivos adros era desconhecida nos primeiros séculos da era cristã. A partir do século XVIII, criou-se um sério problema com a falta de espaço para os enterramentos nos adros das igrejas ou mesmo nos limites da cidade; os esquifes se acumulavam, causando poluição e doenças mortais, o que tornava altamente insalubres as proximidades dos templos. Uma lei inglesa de 1855 veio regular os sepultamentos, passando estes a serem feitos fora do centro urbano. A prática da cremação, cada vez mais frequente, permitiu dar destino aos corpos de maneira mais compatível com as normas sanitárias.
Alguns cemitérios modernos rompem com a imagem tradicional das necrópoles com jazigos e monumentos de mármore, substituindo-os por parques arborizados (memorial parks), onde simples chapas de metal assinalam o local da sepultura.
Outra prática comum, pela questão espacial, é a verticalização dos cemitérios, onde os túmulos são dispostos uns sobre os outros e em andares para as visitações.
Na Europa, existem diversos cemitérios medievais, que, aos poucos, quando escavados, revelam-se uma preciosa fonte para a compreensão de certos hábitos alimentares, doenças e anatomia do homem medieval. A título exemplificativo, poderemos ver o Cemitério medieval das Barreiras, localizado em Fão, no concelho de Esposende, entre muitos outros. Contudo, os cemitérios medievais não podem ser confundidos com os cemitérios de concepção romântica (a larga maioria dos grandes cemitérios ainda em uso na Europa), pois aqueles não tinham geralmente muros, portão, ou sequer túmulos de grande dimensão.
O maior e mais antigo cemitério do mundo, o Wadi-us-Salaam, encontra-se em An-Najaf, no Iraque e contém cerca de 5 milhões de corpos. Atrai milhões de peregrinos anualmente.
O cemitério faz parte do roteiro histórico de visitação em diversas regiões turísticas do mundo, como por exemplo, o Père-Lachaise, em Paris, na França e o Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina, nos quais são identificados elementos que demonstram a história social e artística destas regiões, através da estatuária, das obras arquitetônicas, dos epitáfios e dos símbolos encontrados e analisados nos túmulos, valorizando e exaltando a preservação desse imenso patrimônio público. São considerados verdadeiros "museus a céu aberto".
Os cemitérios podem nos dar valiosas informações, como sugere Harry Bellomo, no livro Cemitérios do Rio Grande do Sul (Brasil): Arte, Sociedade e Ideologia. Sendo, eles:
Fonte histórica para preservação da memória familiar e coletiva
Essas informações são obtidas através da análise de epitáfios, de fotos tumulares, das simbologias contidas nas obras funerárias e da expressão artística dos monumentos e mausoléus.
A presença de corpos de pessoas famosas, como a Marquesa de Santos, também fazem, dos cemitérios, locais de visitação turística.
FIX, Reinaldo Guilherme. Os muros que separam os mortos: um estudo de caso dos cemitérios da Consolação, dos Protestantes e da Ordem Terceira do Carmo. Trabalho de Graduação Individual. USP, São Paulo, 2007. (disponível na biblioteca da FFLCH-USP)
QUEIROZ, José Francisco Ferreira - Os Cemitérios do Porto e a arte funerária oitocentista em Portugal. Consolidação da vivência romântica na perpetuação da memória. Tese de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, 2002 (sumário e prefácio consultáveis em http://dited.bn.pt/31118/2105/2598.pdf - elenco de fontes e bibliografia consultável em http://dited.bn.pt/31118/2105/2599.pdf)