As cataratas de Vitória ou quedas de Vitória (o conjunto de quedas é chamado de Mosi-o-Tunya em tonga, que em português significa a fumaça que troveja[1]) são uma das mais espetaculares quedas d'água do mundo. Situam-se no rio Zambeze, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue, e têm cerca de 1,5 km de largura e altura máxima de 128 m. Ao saltar, o Zambeze mergulha na garganta de Kariba e atravessa várias cataratas basálticas.[2]
Um mapa datado de cerca de 1750, desenhado por Jacques-Nicolas Bellin para o abade Antoine François Prévost, marca as quedas como "cataractes" e assinala uma povoação ao norte do Zambeze como sendo na época "MORTAL" aos portugueses.[3][nota 1] Antes ainda, um mapa da África Austral feito por Nicolas de Fer, em 1715, tem a queda claramente marcada na posição correta. Ele também apresenta linhas pontilhadas que denotam rotas comerciais que o explorador escocêsDavid Livingstone seguiria 140 anos mais tarde.
Um livro de 1956, There's a Secret Hid Away, corrobora tal tese:
«Os mais antigos exploradores que possivelmente teriam descoberto as cataratas são os portugueses. Alguns de seus mapas, feitos entre os anos de 1600 e 1700 e guardados na livraria do Vaticano, mostram uma grande catarata num rio que deve ser o Zambeze, então conhecido por eles como Cuama. (...) há alguma evidência em favor do padre Silveira, um missionário português que teria visitado as cataratas ainda no começo do século XVII.»[3][nota 2]
Oficialmente, no entanto, Livingstone foi o primeiro ocidental a avistá-las em 17 de novembro de 1855, dando-lhes o nome em honra à rainha Vitória — o nome local é Mosi-oa-tunya, que quer dizer "fumo que troveja", em referência ao vapor que sobe da garganta das quedas.[7][8]
No livro Seven Natural Wonders of Africa, de 2009, há a seguinte narrativa sobre o explorador:
«Livingstone deu às cataratas um novo nome, ‘Vitória’, em homenagem à rainha Vitória, que na época regia o Reino Unido. Livingstone mais tarde diria que as cataratas foram a coisa mais impressionante que chegou a ver durante seus trinta anos de exploração da África.»[9]
Em 1860, Livingstone voltou à zona das cataratas e fez um estudo detalhado. Formidável explorador, além das quedas de Vitória, atravessou duas vezes o deserto do Calaári, navegou o rio Zambeze de Angola até Moçambique, procurou as fontes do rio Nilo e foi o primeiro europeu a atravessar o Lago Tanganica.[10]
O explorador portuguêsSerpa Pinto também as visitou, mas até que aquela área ficasse mais acessível, o que ocorreu por volta de 1905 com a construção de uma linha de caminho-de-ferro, poucos ocidentais se aventuraram por lá.[11] Hoje o número de visitantes anual ultrapassa os 300 milhares.[11][12]
↑Aventa-se a hipótese de os portugueses terem-na descoberto décadas antes, visto que já estavam fixados na África Austral desde o século XVI e muitos de seus militares e missionários já empreendiam explorações no interior do continente.[4][5]
↑Editor Joseph Ki-Zerbo (2010). História Geral da África – Vol. I – Metodologia e pré‐história da África. [S.l.]: Unesco. 930 páginas. ISBN9788576521235
↑ abLawrence George Green (1956). There's a Secret Hid Away. [S.l.]: H. Timmins. 244 páginas. ISBN9780869782071
↑Maria Emília Madeira Santos (1978). Viagens de exploração terrestre dos Portugueses em África. [S.l.]: Centro de Estudos de Cartografía Antiga. 414 páginas
↑Adm. da Agência (1941). O Mundo português, Volume 8, Ed. 85-96. [S.l.]: Edição de Agência Geral das Colónias e do Secretariado da Propaganda Nacional
↑Eric Anderson Walker (1963). The Cambridge History of the British Empire, Volume 2. [S.l.]: CUP Archive
↑David Livingstone & Charles Livingstone (1866). Narrative of an Expendition to the Zambesi and Its Tributaries: And of the Discovery of the Lakes Shirwa and Nyassa. 1858-1864. [S.l.]: Harper & Brothers. 638 páginas
↑Piotr Migon (2010). Geomorphological Landscapes of the World. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 375 páginas. ISBN9789048130559
↑Michael & Mary B. Woods (2009). Seven Natural Wonders of Africa. [S.l.]: Twenty-First Century Books. 80 páginas. ISBN9780822590712
↑Maria Helena Guedes (2015). Os Escravos Sobterrados. [S.l.]: Clube de Autores. 344 páginas
↑ abEduardo de Noronha (1936). Edição 25 de Colecção pelo Império: o explorador Serpa Pinto. [S.l.]: Divisão de Publicações e Biblioteca, Agência Geral das Colónias. 31 páginas
↑Gastão Sousa Dias (1944). Como Serpa Pinto atravessou a Africa: Desenhos documentados na obra de Serpa Pinto. [S.l.]: Livraria Sá de Costa. 227 páginas