Castelo de Vila Nova de Cerveira

Castelo de Vila Nova de Cerveira
Castelo de Vila Nova de Cerveira
Castelo de Vila Nova de Cerveira, Portugal.
Informações gerais
Aberto ao público Sim
Estado de conservação Bom
Património de Portugal
Classificação  Imóvel de Interesse Público [♦]
DGPC 70700
SIPA 3484
Geografia
País Portugal
Localização Vila Nova de Cerveira
Coordenadas 41° 56′ 26″ N, 8° 44′ 41″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico
[♦] ^ DL 735 de 21 de Dezembro de 1974.

O Castelo de Vila Nova de Cerveira localiza-se na atual freguesia de Vila Nova de Cerveira e Lovelhe, na vila e no município de Vila Nova de Cerveira, distrito de Viana do Castelo, em Portugal.[1]

Sentinela da linde norte, delimitada pelo curso do rio Minho, ergue-se na sua margem esquerda, fronteiro à Espanha, cobrindo a linha defensiva do Alto Minho, no trecho compreendido entre a foz do rio, na altura de Caminha, e a vila de Melgaço.

O Castelo de Vila Nova de Cerveira encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1974.[1]

História

Antecedentes

Não há consenso entre os estudiosos acerca da primitiva ocupação humana de seu sítio, ponto de travessia do rio para mercadores e peregrinos, e fronteira natural com o reino de Leão.

O castelo medieval

A informação mais antiga sobre a sua defesa encontra-se na Carta de Foral confirmada por D. Sancho II (1223-48) à vila de Elvas (1229), onde, entre os nomes dos nobres que a subscrevem, se encontra o de Pedro Novaes, alcaide (tenens) do Castelo de Cerveira (Domnus Petrus Novaes tenens castellum). Acredita-se que o castelo se constituísse, à época, apenas em uma torre defensiva.

Ao tempo do rei D. Afonso III (1248-79), as Inquirições de 1258 informam que os moradores de Cerveira e das freguesias vizinhas estavam sujeitos à anúduva, tributo feudal que consistia, em caso de necessidade de reparos em algum castelo, no fornecimento de materiais de construção e prestações de trabalho pela comunidade.

O seu sucessor, D. Dinis (1279-1325), visando alargar o povoamento da região, tentou atrair casais para Cerveira (1317), outorgando-lhe Carta de Foral que a transformava em vila (Vila Nova de Cerveira) com as regalias anteriormente concedidas a Caminha (1 de Outubro de 1321). Datam desse período a melhoria e ampliação das defesas, o que é documentalmente ratificado quando Rui de Pina (Crónica d’El Rei D. Diniz) inclui a Vila Nova de Cerveira entre as localidades que este monarca povoou de novo e fez castelos.

Quando da eclosão da Crise de 1383-1385, o alcaide do Castelo e a povoação mantiveram-se leais a Castela. Na Primavera de 1385, tendo o Condestável Nuno Álvares Pereira, após conquistar o Castelo de Neiva, encetado peregrinação a Santiago de Compostela à frente de seus homens, o que os conduziu adiante de Vila Nova de Cerveira, os homens-bons da vila, receosos de um ataque mandaram-lhe um pedido para que o não fizesse, pois eles portugueses eram, e queriam ser servidores del-Rei e do Reino. Desse modo, o Condestável obteve-lhe a submissão e a das demais terras da região ao rei D. João I (1385-1433).

D. Afonso V (1438-1481) recompensou os feitos de D. Leonel de Lima, nas campanhas do Norte d’África, atribuindo-lhe o título de 1º visconde de Vila Nova de Cerveira (1476) e a posse da vila. Este senhor procedeu-lhe reforços nas defesas.

Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).

Da Guerra da Restauração aos nossos dias

Durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa, a povoação resistiu vitoriosa, sob o comando de Manuel de Souza Abreu, ao assédio das tropas espanholas (1643), feito que repetiu mais tarde, no contexto da Guerra Peninsular, quando impediu a travessia, naquele trecho do rio, às tropas napoleónicas sob o comando do general Soult (1809), forçando-as ao seu contorno.

Datam da segunda metade do século XVII as melhorias que se impuseram à defesa diante dos acontecimentos de 1643 e do crescimento da vila. Implementada de 1660 a 1665 às custas de D. Diogo de Lima, 8º visconde de Vila Nova de Cerveira, esta modernização compreendeu a construção de cinco baluartes salientes, adaptados ao tiro de artilharia, complementados por muralhamentos intermediários e fossos cobrindo o perímetro urbano.

Datam deste período as novas portas da vila: a Porta do Rio (Oeste), a Porta de Trás da Igreja (a Leste), a Porta da Campana (a Norte) e a Porta Nova (na saída para Gondarém). É também desse período a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, erguida no interior do castelo junto ao portão principal.

Durante o século XIX, o crescimento da vila levou à absorção das suas defesas. Uma das perdas mais expressivas foi a da Torre de Menagem, parcialmente destruída (1844), ao qual se seguiu a muralha norte, com o desaparecimento da primitiva porta da traição.

No século XX, o antigo castelo foi classificado como Imóvel de Interesse Público através do Decreto publicado em 21 de Dezembro de 1974. Mediante a doação à Câmara Municipal, do recinto amuralhado (carta de 22 de Março de 1975, iniciou-se uma profunda reforma urbanística em Vila Nova de Cerveira, resgatando-se o seu centro histórico (Castelo, Igreja da Misericórdia, pelourinho, edifícios da antiga Câmara Municipal, do tribunal, da cadeia e diversas habitações) e revalorizando-se a sua vocação turística.

O castelo medieval foi requalificado, tendo as suas instalações sido parcialmente adaptadas a funções hoteleiras em 1982 (Pousada de D. Dinis), integrando a rede Pousadas de Portugal até a sua desativação em 2008.[2]

Em 2016 o castelo, propriedade do Estado Português, integrou o programa ‘Revive’, projeto do Estado português que prevê a abertura do património ao investimento privado para o desenvolvimento de projetos turísticos.[3]

A área a afetar a uso turístico é a totalidade do imóvel e o modelo jurídico será o de direito de superfície..[4]

Em 2021, foi anunciado que vai ser transformado num boutique hotel de quatro estrelas. O concurso, ganho em 2019 pelo empresário Eurico da Fonseca, concedeu-lhe a a adjudicação do imóvel em troca de uma renda anual de 33 500 euros. O boutique hotel terá uma oferta de 44 unidades de alojamento, restaurante e bar. A aposta vai recair também no segmento de eventos com a criação de várias salas polivalentes e um ‘business center’. Da lista de facilidades fazem ainda parte uma piscina aquecida, spa e ginásio[5].

Quando foi assinado o contrato de concessão o investidor tinha dois anos para iniciar a intervenção. Em 2021, o prazo foi prorrogado por mais dois anos e não foi iniciada.

Nas eleições de Setembro de 2021, o novo executivo manifestou desde logo que era contra o desenvolvimento do hotel no âmbito do programa Revive, projeto do Estado português com contrato de concessão firme, pretendendo a reversão da concessão, não concedendo o alvará de construção e obstaculizando o normal andamento do projeto até meados de 2023

Em novembro de 2023, o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira quer reverter a concessão do castelo, procurando através de um projeto europeu novas soluções para o futuro e não quer que o 'ex-líbris' do município seja transformado em hotel, até porque existem outros projetos privados na área do alojamento e hotelaria.[6]

Características

O castelo apresenta planta com a forma ovalada, típica do estilo gótico, com muralhas em aparelho de pedra coroadas por ameias, percorridas por adarve, reforçadas por oito cubelos de planta quadrangular, destacando-se os restos de um dos antigos matacães e os vestígios da antiga torre de menagem. O castelo é acedido por duas portas ligadas entre si por um arruamento (a Rua Direita):

  • a elegante porta da barbacã (Porta da Vila) em arco ogival, encimada pelo escudo de armas de D. Dinis, a Sul, comunicando com o terreiro da feira;
  • a Porta da Traição, simples postigo, a Norte, comunicando com a margem do rio.

No seu interior erguem-se os edifícios da Casa da Câmara e Cadeia, o pelourinho, a Igreja da Misericórdia, os quartéis, paióis e a cisterna. Na entrada principal da barbacã, encontra-se a Capela de Nossa Senhora da Ajuda.

Os vestígios da modernização seiscentista do castelo - baluartes, guaritas e fossos - carecem de valorização como um todo, absorvidos parcialmente pela expansão urbana a partir do século XIX.

Ver também

Bibliografia

  • GIL, Júlio; CABRITA, Augusto. Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal (4ª ed.). Lisboa; São Paulo: Editorial Verbo, 1996. 309p. fotos, mapas. ISBN 972-22-1135-8

Referências

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Ligações externas