Castelo de Tomar
O Castelo de Tomar, no Ribatejo, localiza-se na freguesia de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais, na cidade e município de Tomar, distrito de Santarém, em Portugal.[1] Integra o grande conjunto arquitetónico do Convento de Cristo. Castelo templário na margem direita do rio Nabão, integrou, à época da Reconquista, a chamada Linha do Tejo, juntamente com outros na região que lhe acompanham o estilo: os de Almourol, Idanha, Monsanto, Pombal e Zêzere. O Castelo de Tomar está classificado como Monumento Nacional desde 1910,[2] e como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1983. HistóriaAntecedentesO castelo medievalAfirmando-se imperativa a operação de uma fortificação destinada a complementar a linha defensiva do acesso por Santarém à então capital, Coimbra, ao fim de um ano no arruinado Castelo de Cera, o Mestre da Ordem dos Templários em Portugal, D. Gualdim Pais, filho de Paio Ramires, decidiu-se pela construção de um novo castelo, em local mais adequado, e que viria a tornar-se a sede da Ordem no país. Não se sabe com certeza qual a razão que levou à opção por Tomar, em lugar da reforma do castelo de Cera. Alguns estudiosos afirmam que o novo sítio, em um outeiro à margem direita do rio Tomar (actual Nabão), dominando uma planície, era estrategicamente mais vantajoso. Outros argumentam que o sítio foi escolhido considerando a sua posição na linha que, em relação ao Meridiano de Paris, forma um ângulo de 34°, comum nos projetos arquitetónicos da Ordem, correspondente à diagonal da relação de 2/3 observada na constelação de Gêmeos, um dos símbolos Templários. De qualquer modo, a construção do Castelo de Tomar iniciou-se em 1 de Março de 1160, conforme inscrição epigráfica em seus muros. Na mesma época, iniciou-se a construção da Charola, posteriormente adaptada a Capela-mor, uma das edificações templárias mais importantes no Ocidente. Diante do compromisso de promover o povoamento da região, D. Gualdim Pais concedeu o primeiro foral ao termo de Tomar já em 1162, documento posteriormente confirmado em 1174. Em 1165, a Ordem recebeu ainda os domínios de Idanha e de Monsanto, sendo-lhe prometido, em 1169, um terço das terras que viessem a conquistar ao Sul do rio Tejo. No ano seguinte (1170), a chamada Linha do Tejo era reforçada com a construção do Castelo de Almourol. Duas décadas mais tarde, sob o reinado de D. Sancho I (1185-1211) a contra-ofensiva do Califado Almóada de 1190 sob o comando do califa Iacube Almançor, após reconquistar o Castelo de Silves e o Algarve, avançou para o Norte conquistando, sucessivamente, os castelos de Alcácer do Sal, Palmela e Almada (1190-1191). Transpôs em seguida a Linha do Tejo, cercando Santarém, destruindo Torres Novas e Abrantes até alcançar Tomar, que, sob sucessivos assaltos, resistiu durante seis dias defendida pelos Templários, quebrando o ímpeto do invasor. Nesta ocasião, os mouros forçaram a porta do Sul e penetraram na cerca exterior. A defesa dos Templários foi de tal forma encarniçado que a porta de assalto ficou conhecida como Porta do Sangue. Diante da extinção da Ordem pelo Papa Clemente V (1312), o rei D. Dinis (1279-1325) acautelou a posse dos bens dela no reino. Para melhor administrá-los, criou a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo (1321), inicialmente com sede em Castro Marim, no Algarve, transferindo-lhe o património da antiga Ordem. Poucos anos mais atarde, entretanto, a sede da nova ordem foi transferida para Tomar (c. 1338). O Infante D. Henrique, na qualidade de Governador da Ordem de Cristo, terá tido residência no Castelo de Tomar. Posteriormente, o castelo foi objeto da atenção de D. Manuel (1495-1521) e de D. João III (1521-1557) através de obras de restauração e reforço, quando foi ampliado o Convento de Cristo. Por ordem do primeiro, a população intra-muros foi obrigada a transferir-se para a vila, junto ao rio (1499); posteriormente, na primeira metade do século XVI, os Paços da Rainha foram ampliados, desenvolvendo-se as obras no sentido setentrional, entre a Charola e a Alcáçova. Do século XVII aos nossos diasEscasseiam, a partir de então as informações sobre este conjunto defensivo: em 1618, demoliu-se a torre Noroeste para se ampliar a entrada no recinto do castelo, que chegou aos nossos dias relativamente bem conservado. A vila de Tomar foi elevada à categoria de cidade por alvará de D. Maria II (1826-1828 e 1834-1853), em 13 de Fevereiro de 1844. O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910, e como Património da Humanidade, pela pela Assembleia Geral da UNESCO de 27 a 30 de Junho de 1983. Em 1973 foram procedidos trabalhos de restauro no piso do adarve no troço de muralha entre a Porta do Sol e a Torre da Rainha e, mais recentemente, em 1986, trabalhos de consolidação das muralhas junto à Porta do Sangue. CaracterísticasO castelo apresenta elementos de arquitectura militar nos estilos românico, gótico e renascentista. Alguns autores apontam a presença de vestígios indicativos de uma estrutura militar anterior, que poderia remontar à época romana e que teria perdurado até à época islâmica, referindo a presença, no aparelho dos muros, de algumas placas decorativas, de cronologia visigótica ou moçárabe, provavelmente oriundas do sítio de Santa Maria dos Olivais, à margem esquerda do rio Nabão. É composto por uma dupla cintura de muralhas, que delimitavam o primitivo burgo intramuros e a praça de armas:
Essas muralhas eram reforçadas a espaços regulares por cubelos de plantas semi-circular e quadrangular, na tipologia importada pelos Templários do Oriente, que a ele recorreram na Terra Santa na fortificação de Saphyum, que seguia o desenho da Fortaleza dos Cavaleiros Hospitalários, em Hom. Ingressando pela Porta de Santiago e ultrapassando-se a Porta do Sol surgem, à direita, a Alcáçova e a Torre de Menagem. Abre-se então o terreiro que vai dar à Charola. Para Sudoeste, outro terreiro, rematado pela Torre de Dona Catarina. A muralha prossegue, amparada em torreões, até à Porta do Sangue e à Torre da Condessa. Para o Norte, observam-se outras torres com plantas em diversos feitios. Ultrapassada a Charola, abre-se a Porta de São Martinho, inflectindo a muralha, sempre amparada por torres e cubelos, de novo em direcção à alcáçova. Apesar das múltiplas alterações que tiveram lugar no recinto fortificado ao longo dos séculos, a maior parte delas relacionada com as sucessivas campanhas de alargamento do Convento de Cristo no sector Oeste, são ainda numerosos e significativos os elementos românicos do castelo. Entre eles destaca-se a Torre de Menagem, com planta no formato rectangular dividida internamente em três pavimentos. No segundo pavimento encontra-se uma inscrição em latim, repetida na lápide comemorativa do cerco muçulmano de 13 de Julho de 1190 na escadaria que leva ao terreiro da Charola, informando ao visitante:
Um funicular ligando o a Capela de São Gregório ao castelo foi proposto por um particular em 2010 e rejeitado pela edilidade. ReferênciasLigações externas
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