Carioca da Gema é o primeiro álbum ao vivo da cantora e compositora brasileira Elza Soares, lançado em outubro de 1999 de forma independente, com produção musical da própria cantora.
Antecedentes
Em 1997, Elza Soares lançou Trajetória pela Universal Music. Após o lançamento, o contrato da gravadora com a cantora foi reincidido. As vendas foram baixas, o que também motivou críticas da cantora. Por isso, Soares decidiu continuar como artista independente.[1]
Gravação
O álbum foi gravado ao vivo no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro em abril de 1999 e ficou marcado como seu primeiro trabalho ao vivo da carreira. Em 2000, em entrevista a revista IstoÉ, Elza disse:[2]
Adorei fazer aquele disco porque pela primeira vez eu dirigi, produzi, cantei, fiz tudo. Acabou ficando um trabalho com mais alma, mais coração.[2]
Carioca da Gema foi lançado de forma independente em 1999. Além de não ter sido um grande sucesso comercial, o projeto foi prejudicado pela editora Warner Chappell, que detinha os dinheiros da canção "Sá Marina". Para a editora, a canção estava reservada para Ivete Sangalo, que tinha a gravado para o álbum Ivete Sangalo, também de 1999. Com isso, 5 mil unidades de Carioca da Gema tiveram a canção e 2 mil ficaram sem.[1]
Isso me prejudicou muito. Tivemos que parar com tudo. Foi uma porrada na boca do estômago. Eu quis prestar uma homenagem ao Wilson Simonal, que foi o criador da pilantragem com Carlos Imperial. Ninguém mais canta, ninguém mais fala da pilantragem, que era um som maravilhoso. Preparamos o CD, eu pedi permissão ao compositor de "Sá Marina", Antônio Adolfo, ele disse que tudo bem. Quando estamos com tudo preparado, meu empresário recebe o fax da Warner Chappell proibindo a música. Pô, eu, com tantos anos de carreira, já batalhei por esse país todo... O fax dizia que a música era exclusividade da Ivete Sangalo. Não vou ficar brigando com uma colega por causa de uma música. Não prejudico a vida de ninguém, assim como não quero ser prejudicada por ninguém. Investi meu próprio dinheiro, sozinha, e parou tudo. Não tenho nenhuma multinacional atrás de Elza Soares.[1]
Numa entrevista também dada à Folha, Sangalo comentou, "A queixa de Elza é direcionada à gravadora, e em parte ela tem razão. Pela própria hierarquia da música, ela tem o direito de gravar o que bem entender. O disco já pronto, prensado, recebi a galinha pulando nos peitos. Me coloquei solidária a ela."[4]
Em crítica publicada pela Folha de S.Paulo, o álbum foi definido como "pobre, gravado precariamente, oscilatório, o que a artista pôde oferecer como grito de sobrevivência, de fora da indústria indigente. Mas o repertório (se não a execução, jazzificada e sem muitos recursos) é irrepreensível".[3]
Em janeiro de 2021, a gravadora Deckdisc relançou Carioca da Gema nas plataformas digitais.[5]