Brooklin Velho

Brooklin Velho
Brooklin Paulista
Bairro de São Paulo
Dia Oficial 30 de maio
Fundação 30 de maio de 1922 (102 anos)
Imigração predominante  Alemanha
e  Inglaterra
Zona Eleitoral 258ª[1]
Empresa resp. loteamento Grupo Votorantim
Distrito Policial (DP) 27º DP
Associação de Moradores Associação dos Moradores do Brooklin Velho (Sabrove)
Zona de valor do CRECI Zona A
Distrito Campo Belo
Subprefeitura Santo Amaro
Região Administrativa Centro-Sul
Mapa

Brooklin Velho ou Brooklin Paulista é a área majoritariamente residencial do bairro nobre do Brooklin, localizado na cidade de São Paulo, Brasil. É administrada pela Subprefeitura de Santo Amaro e encontra-se no distrito de Campo Belo.

Delimitada pela Avenida Vicente Rao, Avenida Santo Amaro, Avenida Jornalista Roberto Marinho e Avenida Washington Luís. Faz divisa com os bairros: Brooklin Novo, Chácara Flora, Chácara Santo Antônio e Vila Congonhas.

História

No século XIX, a região do Brooklin era composta por grandes propriedades rurais, utilizadas principalmente para a agricultura de subsistência e criação de gado, pertencendo a famílias tradicionais da cidade.[2] Este período viu as primeiras transformações significativas com a construção de estradas que ligavam a zona rural ao centro da cidade.[3]

Traçado do bairro, Mapa Oficial da cidade em 1929.
Caso Richthofen: um dos crimes mais emblemáticos do país.

O loteamento do Brooklin iniciou-se no início do século XX, com a venda de grandes chácaras para o desenvolvimento urbano.[4] A região gerou interesse do mercado imobiliário após a década de 1910, quando foi inaugurada uma linha de bondes elétricos pela empresa canadense São Paulo Tramway, Light and Power Company.[3] Até então, chamava-se 5º desvio e era pouco habitada. O loteamento das terras lançado pela Sociedade Anônima Fábrica Votorantim,[5] sendo uma área de alto padrão.[6] A história bairro e do grupo industrial que vendia terrenos a prestações é retratada no documentário e longa-metragem "A Sociedade Anonyma Fabrica Votorantim" produzido em 1922.[7] A presença de imigrantes alemães, a partir das décadas de 1920 e 1930, influenciou bastante o desenvolvimento do bairro, trazendo traços culturais e arquitetônicos que podem ser observados até hoje.[4][6]

Durante as décadas de 1950 e 1960, o Brooklin passou por um crescimento acelerado, com a construção de residências e edifícios modernos.[3] A inauguração de vias importantes, como a Avenida Santo Amaro, impulsionou o desenvolvimento econômico e a urbanização do bairro, que começou a atrair uma população de classe média e alta. O bairro também é conhecido por seus eventos culturais, como a tradicional Festa do Brooklin, que celebra a cultura alemã com música, dança e gastronomia.[2]

Em 2001, os moradores do Brooklin Velho realizaram uma pesquisa própria sobre as árvores do bairro. Com patrocínio, o levantamento revelou que, das 4.242 árvores da região, 3.039 precisavam de tratamento.[8] Este dado alarmante levou a Sabrove (Sociedade Amigos do Brooklin Velho) a trabalhar em conjunto com a subprefeitura de Santo Amaro para gerenciar a arborização local. A associação busca atualizar os dados e implementar projetos para aumentar as áreas verdes no bairro, colaborando também com outras associações de São Paulo.[8]

Foi na Rua Zacarias de Góis que ocorreu um crime que chocou o país. Em 31 de outubro de 2002, Suzane Louise von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos foram à casa dos von Richthofen e assassinaram o engenheiro Manfred Albert von Richthofen e a psiquiatra Marísia von Richthofen. As vítimas eram os pais de Suzane. O crime ficou conhecido como Caso Richthofen.[9] Devido ao caso de repercussão nacional os imóveis localizados nas adjacências da Mansão Richthofen sofreram desvalorização nos últimos anos.[10]

Atualidade

Geograficamente, o Brooklin está situado em uma região de relevo relativamente plano, com altitude média de cerca de 760 metros acima do nível do mar. O bairro conta com áreas verdes significativas, como a Praça General Gentil Falcão e o Parque do Cordeiro Martin Luther King, que oferecem espaços recreativos e de lazer para a população local. Estas áreas são essenciais para a qualidade de vida dos moradores, proporcionando um refúgio verde em meio à urbanização.[3][11]

A região é predominantemente residencial, intensamente arborizada, de baixa densidade populacional e ruas silenciosas,[12] constituindo-se em um bairro-jardim de cerca de 2000 residências.[13] Sua horizontalidade é protegida pela Lei de Zoneamento paulistana e as árvores presentes em seu território são preservadas pelo Decreto 39.743 de 1994.[12] É classificada pelo CRECI como "Zona de Valor A", assim como outras áreas nobres da capital como Higienópolis, Alto de Pinheiros e Moema.[14]

O nome "Brooklin" é uma homenagem ao bairro homônimo de Nova York, refletindo o desejo de replicar o sucesso urbano e econômico da cidade americana.[15] As vias do Brooklin frequentemente homenageiam estados e cidades dos Estados Unidos, como a Avenida Nova York e a Rua Arizona, reforçando essa conexão cultural.[15] O Brooklin possui uma rica vida cultural, com eventos que celebram a diversidade e a história do bairro. A presença de igrejas históricas, como a Igreja de Santo Amaro, reflete a herança cultural e religiosa dos imigrantes que contribuíram para o desenvolvimento do bairro.[3][11]

Os moradores do bairro são representados pela Sociedade Amigos do Brooklin Velho (SABROVE), a associação criada em 1994 foi responsável pela alteração do projeto da Avenida Jornalista Roberto Marinho e objetiva a melhoria da qualidade de vida no bairro.[13]

No quadrilátero das avenidas Santo Amaro x Jornalista Roberto Marinho x Professor Vicente Rao x Vereador Jose Diniz há uma exceção aos padrões urbanísticos da área. Apresenta verticalização, baixa arborização e possui estabelecimentos de serviços, como supermercados e lojas. Já nos arredores das avenidas Washington Luís e Jornalista Roberto Marinho situam-se favelas.[15]

Abriga a E.E. Mário de Andrade, o Colégio Adventista de Brooklin, sua segurança é feita pelo 27° Distrito Policial - Campo Belo. Nos arredores do bairro, há a Estação Campo Belo da Linha 5-Lilás do Metrô, que foi inaugurada no ano de 2019. Poderá receber a estação Brooklin Paulista da Linha 17-Ouro, construída em monotrilho.[15]

Eventos

Maifest

É um evento multicultural que faz parte do calendário oficial da cidade, organizado pela Associação dos Empreendedores e Moradores do Brooklin - AEMB. Realizado no mês de maio no quadrilátero das ruas Joaquim Nabuco, Princesa Isabel, Barão do Triunfo e Bernardino de Campos, apresenta exposições nacionais e internacionais, filmes, música, dentre outras atrações da cultura alemã, que trazem anualmente ao bairro aproximadamente 120 mil pessoas.[16]

Brooklin Fest

Nela realiza-se anualmente o "Brooklin Fest", evento que homenageia os imigrantes alemães do bairro. Também é organizado pela AEMB,[17] atrai cerca de 100 mil pessoas em cada edição.[12] A festa localizada nas ruas do quadrilátero Joaquim Nabuco, Princesa Isabel, Bernardino de Campos e Barão do Triunfo apresenta atrações musicais, venda de artesanato, comidas típicas e campeonatos de chope, aos moldes da Oktoberfest. Ocorre no mês de outubro.[12]

Bibliografia

  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • GONÇALVES, José (2001). A História do Brooklin: Transformações Urbanas em São Paulo Revista Brasileira de Geografia, v. 19, n. 3 ed. São Paulo: IBGE. pp. 25–40 
  • MEYER, Regina (2010). Brooklin: Um Estudo sobre a Urbanização e a Imigração Revista Estudos Urbanos e Regionais, v. 12, n. 1 ed. São Paulo: USP. pp. 45–60 
  • ALMEIDA, João (2016). O Brooklin e suas Raízes Culturais Revista de História da Cidade, v. 11, n. 3 ed. São Paulo: FFLCH-USP. pp. 112–130 
  • CAVALCANTI, Ana (2017). A Evolução do Bairro Brooklin: Do Rural ao Urbano Revista Sociologia e Política, v. 15, n. 1 ed. São Paulo: PUC-SP. pp. 45–60 
  • NOBRE, Eduardo (2012). A Geografia do Brooklin: Um Estudo de Caso Revista Brasileira de Estudos Urbanos, v. 14, n. 2 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 88–102 
  • FERNANDES, Ana (2018). Brooklin: História e Modernidade Revista de Urbanismo e Arquitetura, v. 7, n. 1 ed. São Paulo: FAU-USP. pp. 33–50 
  • HALL, Peter (2018). Urbanismo e Identidade no Brooklin Revista Estudos Avançados, v. 21, n. 2 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 155–170 
  • SILVA, Maria (2015). A Dinâmica Social do Brooklin Revista de Estudos Culturais, v. 6, n. 2 ed. São Paulo: USP. pp. 12–25 
  • VILLAÇA, Flávio (2000). A Estrutura Urbana do Brooklin Revista Brasileira de Geografia, v. 18, n. 3 ed. São Paulo: IBGE. pp. 25–40 

Referências

 

Prefix: a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Portal di Ensiklopedia Dunia