Bira Nota: Este artigo é sobre o músico do Sexteto do Jô. Para o músico do Fundo de Quintal, veja Bira Presidente. Para outros significados, veja Bira (desambiguação).
Ubirajara Penacho dos Reis (Salvador, 5 de setembro de 1934 — São Paulo, 22 de dezembro de 2019), mais conhecido como Bira, foi um músico brasileiro.[1][2] Tornou-se conhecido por tocar baixo elétrico no Sexteto do Jô, que se apresentava diariamente no Programa do Jô, sempre seguindo as piadas do apresentador com um riso peculiar.[1] Foi o segundo membro da formação original do sexteto a morrer, depois de Rubinho, morto em 1999 e com quem estava desde a formação inicial como quarteto e depois quinteto, acompanhando o apresentador desde 1989.[3] Biografia
O músico era autodidata, construiu uma afinidade com o baixo quando fez parte do coral universitário da Universidade Federal da Bahia.[4][5] Era torcedor do Bahia e, depois, morando em São Paulo, do Corinthians.[6] Segundo informou num artigo, sua família queria que fosse médico, mas ele desistira de tentar a carreira após assistir a uma autópsia e, fã de samba-canção, bolero, jazz e da incipiente bossa nova, inciou a carreira artística como cantor, atuando em bandas da capital baiana que teve inicio no "Quinteto Melódico Itapuã" e depois junto a um quarteto que se apresentava na boate Montecarlo e depois no Hotel da Bahia junto a um trio do pianista Jessildo Caribé, parente do conhecido pintor argentino, durante as décadas de 1950 e 1960.[7] No meio artístico de Salvador conheceu artistas como Elizeth Cardoso ou Wilson Simonal, mas foi por influência de Luiz Chaves, do Zimbo Trio, que resolveu se dedicar ao contrabaixo. Participou do I Festival de Bossa Nova da Bahia, evento que trazia artistas ainda desconhecidos como Gilberto Gil e Caetano Veloso.[7] Sobre isso, declarou: “Lá vi o Luiz Chaves, do Zimbo Trio. Não sosseguei enquanto não aprendi a segurar no contrabaixo da mesma forma que ele. Vendo isso, o Luiz Chaves disse que eu levava jeito e me incentivou a estudar. Pergunta se eu estudei?” Marcou ainda neste período a apresentação que fizera na cidade de Senhor do Bonfim, próxima de Juazeiro, e lá também estava um jovem tímido que também se apresentaria: João Gilberto, que mais tarde revolucionaria a música brasileira com a canção "Chega de Saudade"[1] Ainda no final dos anos 60 mudou-se para o sul, como faziam os artistas baianos na época, radicando-se em São Paulo. Nesta cidade frequentou o meio artístico até que foi indicado pelo músico Chu Viana para tocar com o Chacrinha; usando um instrumento emprestado, atuou ali por seis meses até quando o apresentador mudou seu programa para o Rio de Janeiro.[1] Foi então convidado por Silvio Santos, em 1970, para trabalhar em seu programa, o que lhe introduziu definitivamente no meio televisivo brasileiro e viria definir sua trajetória.[7] Trabalhou com Santos até 1999, atuando portanto também junto a Jô Soares por 11 anos.[1] Dos integrantes da banda, Bira era aquele com quem o Jô Soares mais interagia; o apresentador, que dera um personagem a cada músico, declarou certa feita: "Derico, que é o que sabe tudo; o Bira, que tem aquela gargalhada que é um presente, e assim por diante".[8] Sobre a forma como soube do término do programa, que acompanhara por 29 anos, Bira declarou numa entrevista à RedeTV!: "A notícia chegou aqui com um telefonema: 'tal dia, todo mundo na Globo'. 10h, no quinto andar, encontro na mesa um rapaz chamado Otávio, eu trabalhei com ele no SBT. Eu fui pondo a mão na mesa para me sentar, ele falou: 'O Programa do Jô acabou'. Eu dei risada. A vida lá dentro só tinha riso".[9] Ele acrescentou, em outra entrevista sobre o final do programa, em 2016: "Sinto muita falta. Minha mulher fala que eu não estava preparado para o término do programa, e não estava mesmo. Tomei um soco no queixo que ainda não levantei".[7] Junto ao pianista Osmar Barutti, que conhecera no programa do Jô e de quem viria a ser vizinho e amigo, criou o Bira Bossa Jazz, com o qual se apresentava.[7] Tinha quatro filhos, um dos quais o DJ e publicitário David Reis, que prestou uma homenagem ao pai um mês antes de sua morte, realizando a gravação da música "Father", que marcava sua trajetória e com sua participação. Com a morte do músico, entretanto, o projeto foi lançado em Salvador apenas em 2024, com o nome de "BAIYA" e no estilo house. Bira também era pai de Danilo (administrador de empresas), Daniel (jornalista),[10] e Tânia, de seu casamento em 1968 com a também baiana Alzeny.[1] MorteBira teve um AVC em 20 de dezembro de 2019, e faleceu em 22 de dezembro, após ser internado no Hospital Sancta Maggiore, na Mooca, São Paulo.[11][12][9] O cantor Nando Reis declarou, na ocasião: "Sua alegria contagiante era fundamental para quebrar o nervosismo que sempre toma conta de mim quando tenho que fazer televisão. Sua risada inconfundível era uma marca do programa". Serginho Groisman também se manifestou: "Ótimo instrumentista, era uma companhia alegre nos corredores por onde trabalho".[6] Trabalhos
Discografia
Ver tambémReferências
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