Beatriz da Conceição
Beatriz da Conceição Mendes Lage, mais conhecida por Beatriz da Conceição (Porto, 21 de agosto de 1939 — Lisboa, 26 de novembro de 2015), foi uma fadista portuguesa. Foi uma das personalidades do fado mais activas da segunda metade do século XX. BiografiaBeatriz da Conceição Mendes Lage[1] nasceu em 21 de agosto de 1939, no Porto.[2][3][4] Por volta do ano de 1960, foi numa visita a Lisboa que entrou na casa de fados de Márcia Condessa,[2] também ela fadista. Saboreando sangria, Beatriz da Conceição trauteou uns versos e foi desafiada a cantar um fado.[5] Imediatamente foi convidada pela proprietária para integrar o elenco do estabelecimento. Não regressa ao Porto[4] radicando-se na capital portuguesa.[3] O primeiro disco da Beatriz da Conceição surge em 1965, para a etiqueta RCA. Um EP de título Fui por Alfama.[3] Fez questão de criar o seu próprio repertório, recorrendo a poetas como Domingos Gonçalves Costa, João Dias, César de Oliveira ou Vasco de Lima Couto.[2][4] Mais tarde, destaca-se José Carlos Ary dos Santos, que lhe escreveu, com música de Fernando Tordo, "Meu Corpo", um tema também conhecido como "Fado da Bia".[2][3] Este fado foi criado para a revista Uma no Cravo, Outra na Ditadura, onde Beatriz da Conceição, ao ter que substituir Tonicha, necessitou de um tema original de um dia para o outro.[3] O Teatro de Revista foi, de resto, uma componente relevante da sua carreira artística. Um dos seus maiores sucesso surgiu na representação de John Português, no Teatro ABC, tendo o tema principal, "John Português", sido cortado pela censura.[2] Entre outros êxitos de Beatriz da Conceição saídos dos palcos encontram-se "Fado Para Esta Noite", "Lisboa da Cor da Ponte" ou "Três Santinhos Populares".[3][4][6] Já na década de 90 participou em Grande Noite (1992) e Cabaret (1994), musicais feitos para televisão por Filipe La Féria.[2] Um dos pontos altos da sua carreira a nível internacional foi o álbum Tears of Lisbon, lançado em 1996 pela Sony Classical.[7] Com António Rocha foi convidado pelo belga Paul Van Negel, diretor do agrupamento de música erudita Huelgas-Ensemble, a participar neste trabalho,e respectivos concertos, que conjugaram fado tradicional e música do século XVI,[7] incluindo composições de Manuel Mendes (1547–1605) e nomes mais actuais como Joaquim Pimentel, Fontes Rocha, Paulo Valentim, Armando Machado, Francisco Viana ou Fernando Tordo.[3] Em 2007, Beatriz da Conceição actuou no londrino Queen Elizabeth Hall, numa noite intitulada "The Grand Divas Of Fado" que abriu o festival Atlantic Waves. O espectáculo reuniu seis vozes da canção nacional: Aldina Duarte, Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Raquel Tavares e a também veterana estreante em palcos britânicos Maria da Fé.[3][6][8] Em 2012, Beatriz foi a figura central do documentário O Fado da Bia, realizado por Diogo Varela Silva, com intervenções de Camané, Carminho, Carlos do Carmo, Aldina Duarte, Jorge Fernando, Ana Moura, Helder Moutinho e Raquel Tavares, esta última que já tinha assinalado publicamente a fadista como uma das suas maiores referências.[9][10] Beatriz da Conceição destacou como sua grande referência fadista Lucília do Carmo, destacando também Argentina Santos e Fernanda Maria nas vozes femininas enquanto que nos fadistas masculinos enunciou, como seus preferidos, Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Tony de Matos, Max, Manuel de Almeida e Tristão da Silva.[3] Em mais de 50 anos de carreira, cantou nas principais casas de fado de Lisboa[2] e tornou-se numa referência para as novas gerações.[6] Beatriz da Conceição faleceu a 26 de novembro de 2015, com 76 anos de idade, no Hospital de São José, em Lisboa.[6][11] Prémios e reconhecimentoBeatriz da Conceição recebeu em 2008 o Prémio Carreira atribuído pela Fundação Amália Rodrigues.[3][6][11][12] Também em 2008 foi homenageada na sua terra natal, juntamente com Lenita Gentil, com o espectáculo Alma Lusitana apresentado no Teatro Sá da Bandeira.[3][13] Foi uma das 50 figuras do fado e da guitarra portuguesa homenageadas, em 2012, aquando da celebração do primeiro aniversário do fado enquanto Património Imaterial da Humanidade, tendo nessa altura recebido a Medalha Municipal de Mérito (Grau Ouro), da cidade de Lisboa. [14][15] DiscografiaEntre a sua discografia encontram-se: [16][17] Singles e EP
Álbuns de estúdio
Compilações
OutrosParticipações
Compilações
Referências
Ligações externas
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