Barão ladrãoBarão Ladrão ou Barão Gatuno (em inglês: Robber baron, em alemão: Raubritter) é um termo pejorativo, originalmente, aplicado a ricos e poderosos empresários norte-americanos do século XIX. Há registro da utilização da expressão na edição de agosto de 1870, na Revista The Atlantic[1]. No final dos anos 1800, o termo era usado, principalmente, para se referir aos grandes empresários que usavam abusivamente seu poder econômico para ampliar suas fortunas. Essas práticas incluíam: controlar recursos nacionais; acumular altos níveis de influência no governo; pagar salários extremamente baixos; esmagar a concorrência através da aquisição de rivais, com o objetivo de criar monopólios e, eventualmente, aumentar os preços e criar esquemas para vender ações a preços inflacionados para investidores desavisados[2]. O termo combina o sentido de crime ("ladrão") e aristocracia ilegítima (um barão é um papel ilegítimo em uma república).[3] Visões negativasA expressão provém da expressão em alemão "Raubritter", utilizada para se referir a senhores feudais alemães, que cobravam ilegalmente (sem autorização do Imperador do Sacro Império Romano Germânico) pedágios nas estradas que atravessavam suas terras ou portagens dos navios que navegavam no Reno[4]. Mas há controvérsias sobre a origem e a utilização do termo.[1] No dia 9 de fevereiro de 1859, quando o New York Times utilizou a expressão para se referir à Cornelius Vanderbilt, um magnata norte americano que controlava importantes ferrovias nos Estados Unidos. Segundo o historiador TJ Stiles, a expressão "evoca visões de monopolistas titânicos que esmagaram concorrentes, fraudaram mercados e corromperam o governo. Em sua ganância e poder, diz a lenda, eles dominaram uma democracia indefesa"[5]. Cartunistas costumavam representar os barões ladrões em trajes reais para enfatizar que sua atuação era ofensiva contra a democracia[6]. Em 1934, Matthew Josephson publicou: "The Robber Barons: The Great American Capitalists 1861-1901", onde argumentou que os industriais, que eram chamados de "barões ladrões", têm um legado complicado na história da vida econômica e social norte-americana. No prefácio original do livro, ele sustentou que os barões ladrões:
. Também segundo Josephson, a expressão teve origem em um panfleto anti-monopólio de 1880 sobre magnatas de ferrovias. Josephson sustentava que os grandes empresários norte-americanos acumularam grandes fortunas de forma imoral, antiética e injusta, sendo, portanto, semelhantes aos barões ladrões alemães medievais[7]. Segundo Charles R. Geisst, "Vanderbilt desenvolveu uma reputação de saqueador que não fazia prisioneiros."[8]. Segundo Hal Bridges, a expressão representava a ideia de que "os líderes empresariais nos Estados Unidos, entre 1865 e 1900, eram, em geral, um conjunto de patifes avarentos que habitualmente enganavam e roubavam investidores e consumidores, corrompiam o governo, lutavam impiedosamente entre si e, em geral, realizavam atividades predatórias comparáveis às dos barões ladrões da Europa medieval"[9]. Segundo Richard White, o barões ladrões viveram em uma "Era Dourada", na qual existia corrupção, monopólio e individualismo desenfreados. White também disse que:
Visões positivasApós isso, alguns historiadores, liderados por Allan Nevins, começaram a propor uma nova perspectiva sobre os grandes empresários norte-americanos, defendendo a tese do "Estadista Industrial" (em inglês: Industrial Statesman). Nevins, em sua obra John D. Rockefeller: The Heroic Age of American Enterprise (2 vols., 1940), argumentando contra Josephson. Ele dizia que, apesar de Rockefeller ter se envolvido em algumas práticas comerciais antiéticas e ilegais, isso não deve ofuscar que ele trouxe ordem ao caos industrial da época. Os grandes capitalistas da "Era Dourada" norte-americana, de acordo com Nevins, tentaram impor ordem e estabilidade ao negócio competitivo e que o trabalho que eles realizaram tornaram os Estados Unidos a economia mais importante do século XX.[11] Este debate sobre a moralidade de certas práticas comerciais continua até os dias atuais,[12] sendo que muitos industriais e magnatas modernos, como Rupert Murdoch,[13] Donald Trump[14] e indivíduos ricos poderosos que ocupam cargos políticos e de controle em meios de comunicação, tais como Vladimir Putin, na Rússia, e Silvio Berlusconi, na Itália, são conhecidos como "barões ladrões" por seus críticos. Ver tambémReferências
Bibliografia
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