Balada da Praia dos Cães (filme)
Balada da Praia dos Cães é um filme policial luso-espanhol de 1987, realizado por José Fonseca e Costa.[1] Fonseca e Costa também assina o argumento da longa-metragem, com Pedro Bandeira Freire, José Antonio Larreta e o dialoguista Shawn Slovo, adaptando o romance policial homónimo da autoria do escritor José Cardoso Pires.[2] A narrativa acompanha um complexo inquérito policial nos anos 60 liderado pelo Chefe de Brigada Elias Santana (interpretado por Raul Solnado) para determinar a origem do assassinato de um preso político.[3] Balada da Praia dos Cães estreou comercialmente em Portugal a 12 de março de 1987 e em Espanha a 24 de abril do mesmo ano.[4] SinopseNo começo dos anos 60, entre as dunas da praia portuguesa do Guincho, a oeste de Lisboa, dois cães vadios põe a descoberto e rodeiam o cadáver de um preso político brutalmente assassinado. É identificado como sendo o do Capitão Luís Dantas, um oficial do exército revolucionário procurado pela polícia política, que fugiu da prisão militar do Forte de Elvas com dois companheiros de oposição ao regime salazarista e a colaboração de uma misteriosa mulher.[5] O acontecimento dá origem a um inquérito policial, não só para determinar a identidade do assassino como também a própria origem do crime.[6] Apanhada de surpresa, a PIDE decide entregar o caso à Polícia Judiciária para que a opinião pública não os acuse de ter cometido o crime.[7] O Chefe de Brigada Elias Santana da Polícia Judiciária, um homem solitário e beato, lidera a investigação. Acredita que o crime pode ter sido motivado por um ajuste de contas por questões políticas.[8] Mena, a bela jovem que colaborou com a fuga, entrega-se às autoridades. De interrogatório em interrogatório, o Chefe Santana vai penetrando nas personalidades dos suspeitos, reconstituindo e deduzindo o que se terá passado após a fuga do capitão, e o papel que Mena pode ter desempenhado. À medida que avançam as investigações, Elias vai intuindo uma violenta relação amorosa entre Mena e os foragidos.[9] Elenco
ProduçãoBalada da Praia dos Cães é uma produção entre Portugal e Espanha,[6] envolvendo as empresas produtoras Animatógrafo e Andrea Film, bem como a colaboração da Filmform e de Marcel d'Almeida. A longa-metragem contou com a participação financeira do Instituto Português de Cinema, RTP e do Instituto de la Cinematografía y de las Artes Audiovisuales.[12] ArgumentoO guião de Balada da Praia dos Cães é uma adaptação do o romance policial homónimo, publicado originalmente em 1982, da autoria do escritor José Cardoso Pires. Trata-se de uma versão ficcionada de um crime que ocorreu de facto durante a ditadura.[11] A adaptação foi escrita por José Fonseca e Costa, Pedro Bandeira Freire e José Antonio Larreta. Shawn Slovo contribuiu para os diálogos do filme.[13] RodagemAs gravações do filme decorreram entre os meses de fevereiro e março de 1986. As cenas exteriores foram rodadas na Praia da Figueirinha (Serra da Arrábida) e o Palácio da Quinta da Comenda (Setúbal) acolheu gravações de interiores.[5] Temas e estéticaA longa-metragem abre com linhas de texto que compõem o contexto histórico da ação e contextualizam Portugal enquanto um país enclausurado pelo moralismo do Estado Novo. Segue-se uma das imagens mais marcantes da obra: um travelling na praia até junto dos cães que rodeiam o cadáver de Dantas. Fonseca e Costa pretendia que esta imagem servisse de metáfora para incursão do filme nas agruras do Portugal fascista.[6] O argumento é intercalado entre em dois momentos temporais: o que aconteceu antes da morte do Capitão Dantas e a linha de investigação encabeçada pelo Chefe de Brigada Santana. Para além disto, surgem cenas de reconstituição real e imaginada, ao que terá sucedido.[14] DistribuiçãoEm Portugal, a longa-metragem estreou comercialmente a a 12 de março de 1987, no Cinema Nimas (Lisboa).[4] Em Espanha, a estreia de Balada da Praia dos Cães ocorreu em Sevilha e Madrid, a 24 de abril do mesmo. O filme contou com um lançamento em DVD em 2013, editado pela Satyricon.[15] A partir do dia 25 de setembro de 2020, a plataforma de streaming Filmin prestou homenagem a José Fonseca e Costa, ao adicionar seis dos seus filmes ao seu catálogo, entre os quais Balada da Praia dos Cães.[16] ReceçãoAudiênciaO filme ganhou alguma atenção do público, dado o seu elenco, em particular Raul Solnado, popularizado como comediante. Ao longo do seu ciclo de exibições, Balada da Praia dos Cães foi visto por 81.995 espetadores em Portugal.[17] Em Espanha, o filme totalizou 25.203 espetadores. CríticaEsta adaptação é considerada por muitos, um dos melhores trabalhos do realizador José Fonseca e Costa, dada a eficácia do argumento.[6] Entre eles está Francisco José Viegas (Correio da Manhã) que considera Balada da Praia dos Cães "um dos momentos altos da sua vida como realizador – e dos grandes momentos do nosso cinema."[18] Jorge Leitão de Ramos (Diário de Lisboa) considera que o melhor deste argumento "está nessa mulher que Assumpta Serna encarna com comedida volúpia e mistério".[19] Num texto sobre o filme, a Cinemateca Portuguesa destaca Raul Solnado: "no papel do inspetor, tem uma notável interpretação."[20] Premiações
Referências
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