Auto da Sibila Cassandra (em castelhano: "Auto de la Sibila Casandra") é uma peça teatral de temática religiosa, em castelhano do dramaturgo português Gil Vicente.
História
Foi representada pela primeira vez no Mosteiro de Xabregas nas matinas do Natal à rainha viúva D. Leonor,[1] provavelmente em 1503[2] ou 1513[3], embora a Compilação não dê nenhuma indicação sobre a data.
Enredo
Segundo as próprias palavras do autor, o auto trata "da presunção da Sibila Cassandra, que como por espírito profético soubesse o mistério da Encarnação, presumiu que ela era a virgem de quem o Senhor havia de nascer. E com esta opinião nunca quis casar." Ou seja, ao saber da profecia do nascimento de Jesus, quis manter-se solteira e virgem na esperança de ser a Mãe de Deus.[1] Esta peça tem sido destacada como uma das primeiras obras a desenvolver temas relativos à emancipação feminina.[3]
Personagens
Por ordem de entrada:
Cassandra (no original, Casandra), sibila (em figura de pastora)
Salamão (no original, Salamão), pastor
Ciméria (no original, Cimerya), sibila (à maneira de lavradora)
Peresica (no original, Peresica), sibila (à maneira de lavradora)
Eruteia (no original, Eruthea), sibila (à maneira de lavradora)
Abraão (no original, Abraham), profeta (à maneira de lavrador)
Moisém (no original, Moysem), profeta (à maneira de lavrador)
Isaías (no original, Esaias), profeta (à maneira de lavrador)
Quatro anjos, cantores
Música
Como acontece com a generalidade dos autos vicentinos, várias composições musicais seriam interpretadas durante o "Auto da Sibila Cassandra". Uma das cantigas possui a indicação de ter sido "feita e ensoada pelo autor", ou seja, tanto a poesia como a melodia eram da autoria de Gil Vicente, o que constitui um dos raros comprovativos da atividade deste como compositor além de poeta e dramaturgo.[4] Uma outra é indicada como uma folia, sendo uma das primeiras vezes que este importante género musico-coreográfico que se espalhará por toda a Europa é referido em fontes escritas.[5]
Tragicamente, nenhuma das melodias originais foram preservadas; contudo, vários compositores contemporâneos escreveram música para os versos.
↑Freire, Anselmo Braamcamp (1919). Vida e obras de Gil Vicente: trovador, mestre da balança. Porto: Tipografia da Empresa Literária e Tipográfica
↑Esses, Maurice (1992). Dance and Instrumental Diferencias in Spain During the 17th and Early 18th Centuries: History and background, music and dance. Nova Iorque: Pendragon Press. p. 643
↑«Sañosa está la niña». The LiederNet Archive. 2007. Consultado em 29 de novembro de 2016
↑«Ro, ro, ro». The LiederNet Archive. 2010. Consultado em 29 de novembro de 2016
↑«Loik». Fonoteca Municipal de Lisboa. 1996. Consultado em 29 de novembro de 2016