Arthur Murphy
Arthur William Murphy (17 de novembro de 1891 – 21 de abril de 1963) foi um engenheiro e aviador australiano na Real Força Aérea Australiana (RAAF). Acompanhado por Henry Wrigley, efetuou o primeiro voo transcontinental na Austrália, entre Melbourne e Darwin, em 1919, um feito que fez com que ambos fossem condecorados com a Cruz da Força Aérea. Murphy mais tarde desempenhou um papel importante na produção e manutenção de aeronaves militares. Veterano da Primeira Guerra Mundial, serviu primeiro como mecânico e depois como piloto no Australian Flying Corps (AFC). Durante a guerra, voou no Médio Oriente pelo Esquadrão N.º 1 e foi condecorado com a Cruz de Voo Distinto. Murphy foi um dos primeiros militares da RAAF quando esta foi criada, tendo chegado ao posto de comodoro durante a Segunda Guerra Mundial, comandando o Depósito de Aeronaves N.º 1 e, depois, o Grupo N.º 4. Foi também o primeiro Inspetor de Acidentes Aéreos do ramo. Retirou-se da vida militar em 1946, e morreu em 1963 com setenta e um anos. Juventude e Primeira Guerra MundialMurphy nasceu no dia 17 de novembro de 1891 em Kew, um subúrbio de Melbourne. Filho de Charles Hubert Murphy, um engenheiro, e de sua esposa Mary, recebeu educação na Escola Secundária de Melbourne e na Escola Técnica de Footscray, e tornou-se aprendiz em engenharia. Empregado em várias firmas de engenharia, Murphy juntou-se ao Exército Australiano em 1914 e recebeu formação para se tornar mecânico aeronáutico.[1] Em fevereiro de 1916 subiu até à categoria de sargentos e voluntariou-se para a Força Imperial Australiana para servir além-mar.[1][2] Transferido para o Australian Flying Corps, Murphy foi colocado no Esquadrão N.º 1—conhecido até 1918 por Esquadrão N.º 67 do Real Corpo Aéreo (AFC)—como warrant officer.[2][3] No dia 16 de março saiu de Melbourne a bordo do HMAT A67 Orsova, em direção ao Egipto.[2] Inicialmente colocado no deserto do Sinai e na Palestina, Murphy era responsável pela manutenção das aeronaves do Esquadrão N.º 1; o seu desempenho de serviço fez com que fosse louvado pelos seus superiores em 1917.[1][4] Depois de ser louvado, começou a treinar com o AFC no Egipto para se tornar um piloto, obtendo uma comissão temporária como Segundo-tenente no dia 24 de outubro. Antes de regressar ao Esquadrão N.º 1 na Palestina, efetuou vários voos com o AFC.[1][5] Durante 1918, Murphy efetuou missões de combate na Jordânia.[6][7] No dia 12 de agosto, ele e o seu observador foram selecionados para se juntarem ao exército irregular árabe do coronel T. E. Lawrence, em Hejaz, providenciando cobertura e reconhecimento aéreo.[8] No decorrer desta campanha, Murphy abateu dois aviões inimigos, desempenho que lhe valeu uma Cruz de Voo Distinto.[4][9] Período entre guerrasA comissão temporária de Murphy terminou após a guerra e ele voltou ao posto de sargento para permanecer no Exército,[5] regressando à Austrália no dia 5 de março de 1919.[2] Mais tarde naquele ano, ele participou no primeiro voo transcontinental pela Austrália, de Melbourne a Darwin, no Território do Norte, acompanhando o piloto e ex-colega, o capitão Henry Wrigley. A dupla partiu de Point Cook no dia 16 de novembro e chegou a Darwin a 12 de dezembro, tendo percorrido 4500 quilómetros em quarenta e sete horas de voo. Eles voaram num monomotor Royal Aircraft Factory B.E.2 sem rádio, sobre terrenos não mapeados e muitas vezes perigosos, e pesquisaram dezassete possíveis locais de aterragem ao longo da jornada.[10][11] Murphy e Wrigley foram premiados com a Cruz da Força Aérea em reconhecimento ao seu feito.[4][11] Tal era o perigo percebido da expedição que, enquanto faziam os preparativos para o voo de volta, eles receberam um telegrama do Departamento de Defesa ordenando-lhes que desistissem, colaborassem para que o B.E.2 fosse desmontado e enviado de volta, e eles próprios viajassem para o sul num navio a vapor.[12] Após a dissolução do AFC durante a guerra, Murphy foi transferido para o ramo sucessor, o Australian Air Corps, no dia 1 de janeiro de 1920. Meses mais tarde, a 31 de março de 1921, ele juntou-se à recém-criada Real Força Aérea Australiana (RAAF) como o seu primeiro aviador, literalmente "Airman N.º 1" (em português: Aviador N.º 1) de acordo com os documentos.[5][13] Apelidado de "Spud", e descrito como "imensamente capaz e popular", ele foi comissionado como oficial de voo em setembro de 1921.[5] No ano seguinte, Murphy casou-se com Alicia Shoebridge na Igreja Presbiteriana Erskine em South Carlton, Melbourne, a 17 de outubro; o casal teve dois filhos e uma filha.[1] Em julho de 1925, ele foi um dos pilotos fundadores do recém-reformado Esquadrão N.º 3 sob o comando do tenente de voo Frank Lukis, quando esta também se tornou a primeira unidade aérea a ser colocada na recém-inaugurada Base aérea de Richmond, em Nova Gales do Sul.[14] Promovido a tenente de voo, Murphy foi colocado na Secção Experimental da RAAF sob o comando do comandante de asa (mais tarde Sir) Lawrence Wackett em novembro de 1926.[15] No ano seguinte, ele participou num voo de pesquisa à volta da Austrália sob o comando do Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, o comandante de asa (mais tarde marechal do ar Sir) Richard Williams.[16] Promovido a líder de esquadrão, Murphy recebeu o comando temporário do Depósito de Aeronaves N.º 1 da RAAF na Base aérea de Williams, em Victoria, nos primeiros meses de 1933.[17] Posteriormente, assumiu o comando das oficinas da unidade. No final de 1935, ele foi responsável por modificar especialmente um Westland Wapiti e um de Havilland Gipsy Moth para as condições adversas da Antártida, de modo a permitir que uma equipa da força aérea liderada pelo tenente de voo (mais tarde capitão de grupo) Eric Douglas, juntamente com o oficial de voo (mais tarde marechal do ar Sir) Alister Murdoch, pudesse resgatar o explorador Lincoln Ellsworth que se presumia perdido numa viagem pelo continente.[18] Em 1936, Murphy foi selecionado para se juntar a Wackett numa missão para investigar a produção de aeronaves no estrangeiro com o objetivo de estabelecer unidades de construção locais. A equipa determinou que a aeronave North American NA-16 era a mais adequada para iniciar uma indústria de construção aeronáutica australiana; após o teste com um protótipo, designado NA-33, o projeto entrou em produção em janeiro de 1939 como CAC Wirraway.[19][20] Murphy foi promovido a comandante de asa em novembro de 1936 e nomeado comandante do Depósito de Aeronaves N.º 1 em janeiro de 1938.[17][21] Segunda Guerra Mundial e aposentadoriaMurphy continuou a desempenhar um papel de liderança na manutenção e produção de aeronaves durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1939 ajudou a estabelecer as Fábricas de Aeronaves do Governo e a fabricação local do bombardeiro torpedeiro Bristol Beaufort.[1] Após terminar o período de comando como comandante do Depósito de Aeronaves N.º 1, foi promovido a capitão do grupo e nomeado Inspetor de Acidentes Aéreos em junho de 1940.[17][22] O cargo recém-criado reportava-se diretamente ao Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. O vice de Murphy era o oficial de voo (mais tarde Sir) Henry Winneke, que classificou o ambiente de trabalho com o seu chefe como "excitante". Murphy era, de acordo com Winneke, "um produto da velha escola de aviadores que não só conseguia pilotar um avião, mas também desmontá-lo e montá-lo novamente", geralmente "amável", mas que "poderia agir de forma rude quando a ocasião assim o exigia". Apesar de ser pequena, a inspetoria conseguiu reduzir o número de acidentes mesmo com a rápida expansão do treino aéreo com a participação da Austrália no Esquema de Treino Aéreo do Império. Murphy liderou a investigação sobre o desastre aéreo de Canberra em agosto de 1940 e a colisão aérea de Brocklesby que ocorreu no mês seguinte.[22] A RAAF formou o Grupo N.º 4 (Manutenção) em setembro de 1942 para coordenar os esforços das unidades de manutenção em Victoria, Austrália Meridional e Tasmânia, e Murphy foi nomeado o seu comandante inaugural, tendo ocupado o cargo até ao final da guerra.[20][23] Em julho de 1943 ele foi promovido a comodoro temporário.[24] Em 1945, ele havia passado da idade legal de aposentadoria para o seu posto de comandante de asa, e foi sumariamente dispensado da RAAF, juntamente com vários outros homens seniores e veteranos da Primeira Guerra Mundial, incluindo Wrigley e Williams, de modo a abrir caminho para o avanço de oficiais mais jovens e igualmente capazes.[25][26] Dispensado da força aérea no dia 10 de janeiro de 1946,[27] Murphy foi posteriormente eleito membro da Royal Aeronautical Society. Ele morreu de doença cardíaca em Essendon, Melbourne, a 21 de abril de 1963, aos setenta e um anos. Sobrevivido pelos seus filhos, Murphy foi cremado em Fawkner, Victoria.[1] Referências
Bibliografia
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