Arlindo Rubert (Faxinal do Soturno, 7 de setembro de 1922 — Fortaleza dos Valos, 30 de setembro de 2006) foi um padre católico, professor e historiador brasileiro, um expoente da historiografia da Igreja Católica no Brasil.[1]
Carreira religiosa
Filho de José Rubert e Maria Roggia, fez estudos humanísticos no Seminário São José de Santa Maria, e estudos superiores no Seminário Central de São Leopoldo.[2] Aperfeiçoou-se na Universidade Gregoriana em Roma, especializando-e em História Eclesiástica e Patrologia.[3]
Recebeu o sub-diaconato em Tapera, e o diaconato em Cruz Alta em 1948,[4] sendo ordenado padre em 27 de novembro de 1949. Foi auxiliar da Obra das Vocações Sacerdotais em Santa Maria, vigário cooperador em Jaguari e Tenente Portela,[2] vigário em Nova Esperança,[5] pároco de Santana da Boa Vista, e em 1956 assumiu como vice-chanceler da Diocese de Santa Maria.[2] Disse seu colega o padre Pedro Luís que, com sua sólida formação histórica, teológica e jurídica, Rubert destacou-se pelos serviços prestados e era "um dos esteios da Diocese".[6] Em 1960, após alguns meses de paroquiato em Restinga Seca, foi nomeado pároco de Caiçara. Após a instalação da Diocese de Frederico Westphalen em 1962, foi nomeado chanceler da Diocese e cura da Catedral. Na ausência do bispo durante o Concílio Vaticano II, serviu como governador da Diocese.[2] Criou um coro de meninos na Catedral.[7] Depois foi vigário em Planalto,[8] onde foi encarregado também da Pastoral Indígena, sendo elogiado pelo cardeal D. Agnelo Rossi pelo bom trabalho realizado.[9]
Historiador
Foi professor de latim,[2] e no Seminário Maior de Viamão e no Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo lecionou História Eclesiástica.[10][11] Notabilizou-se como um dos principais estudiosos da história da Igreja Católica no Brasil. Segundo Breno Sponchiado, "da sua monumental obra, fruto de abundante e metódica produção, destacam-se A Igreja no Brasil e História da Igreja no Rio Grande do Sul".[3] Em A Igreja no Brasil usou fontes primárias de arquivos brasileiros, portugueses e italianos, apresentando muitos documentos inéditos. Ampliou a metodologia estabelecida por Macedo Soares, e traçou um amplo painel do que significou a atuação do clero secular, regular e missionário na trajetória do país em formação, discutindo aspectos históricos, institucionais, jurídicos, culturais, políticos e sociais.[12] História da Igreja no Rio Grande do Sul é a principal referência sobre o clero secular no estado.[13] Foi o primeiro autor de uma biografia crítica de dom Lourenço de Mendonça, primeiro bispo do Rio de Janeiro.[14]
Para Mário Gardelin, Rubert foi "uma das maiores autoridades em História Eclesiástica",[15] "homem de vasta cultura, com aprimorado conhecimento da História da Igreja no mundo e da Igreja inserta na realidade brasileira. Em outras palavras, um homem altamente qualificado para a missão que se impôs, e que mereceu as melhores referências da crítica".[16] Dante de Laytano o chamou de "pesquisador de mão cheia, muito atilado, só escreve o que pode documentar", publicando obras "do melhor nível intelectual".[17]
Obras
- A Diocese de Santa Maria (1957)[3]
- Os Primitivos Religiosos do Rio Grande do Sul (1736-1848) (1961)[18]
- O Herói do Alto Uruguai (1964), uma biografia do padre Manuel Gómez González. Uma segunda edição ampliada foi publicada com o título Servos de Deus: Pe. Manuel e Adílio (2007)[3]
- O Primeiro Bispo Brasileiro: D. Agostinho Ribeiro (c. 1560-1621) (1969)[19]
- A Diocese de Frederico Westphalen (1972)[3]
- O prelado Lourenço de Mendonça: 1º bispo eleito do Rio de Janeiro (1976)[14]
- Clero secular italiano no Rio Grande do Sul (1815-1930): Padres dos imigrantes (1977)[3]
- A criação do Bispado do Rio de Janeiro (1977)[20]
- A Igreja no Brasil, quatro volumes: Origem e Desenvolvimento (1981), Expansão Missionária e Hierárquica (1988), Expansão Territorial e Absolutismo Estatal (1993), Galicanismo Imperial (1994).[16] Publicada na Espanha com tradução de José Luis Moreno Ruiz.[21]
- História da Igreja no Rio Grande do Sul, dois volumes (1994, 1998)[3]
- Tudo sobre os Papas (2003)[22]
- Quarta Colônia Italiana: assistência religiosa (1887-1900), (2003)[23]
Publicou também numerosos artigos em revistas especializadas.[24]
Referências
- ↑ Mattos, Renan Santos. A caminho da luz: a trajetória intelectual de Fernando Do Ó no espiritismo brasileiro (1930-1963). Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2019, p. 194
- ↑ a b c d e "Arlindo Rubert". In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Maria, 1962; 1-2 (1-2)
- ↑ a b c d e f g Sponchiado, Breno A. Historiografia do Alto Uruguai, vol. I. Centro de Documentação e Pesquisas Históricas do Alto Uruguai, 2013, p. 17
- ↑ "Arlindo Rubert". Jornal do Dia, 31/12/1943, p. 6
- ↑ "Nova Esperança". Correio Riograndense, 04/07/1951, p. 3
- ↑ Padre Pedro Luís. "A Diocese de Santa Maria". Jornal do Dia, 12/04/1958, p. 6
- ↑ "Coro de Meninos Cantores da Catedral de Frederico Westphalen". Jornal do Dia, 16/12/1964, p. 10
- ↑ "Romaria penitencial em Planalto". Correio Riograndense, 12/11/1980, p. 18
- ↑ "Don Rossi visitou Planalto". Correio Riograndense, 03/06/1981, p. 21
- ↑ Scherer, Vicente. "O Bispado da Província de São Pedro". Diário de Notícias, 21/05/1968, p. 4
- ↑ Máximus, Carmen Rivas. La literatura brasileña en España: Recepción, contexto cultural y traductografía. Ediciones Universidad de Salamanca, 2014, p. 315
- ↑ Amorim, Maria Adelina. Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará: missão e cultura na primeira metade de seiscentos. Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, 2005, pp. 29-31
- ↑ Casagrande, Rafaela Zanotto. "Dinâmicas e condições do clero paroquial no Rio Grande de São Pedro do Sul: uma análise prosopográfica dos párocos das paróquias de Rio Grande, Rio Pardo e Santo Amaro (1738-1807)". In: XV Encontro Estadual de História da ANPUH. Universidade de Passo Fundo, 2020
- ↑ a b Romero, Antonio Valiente. "La integración de los imperios ibéricos a través de los memoriales de Lorenzo de Mendoza". In: e-Spania — Revue interdisciplinaire d’études hispaniques médiévales et modernes, 2017 (27)
- ↑ Gardelin, Mário. "Tripla presença de Santa Teresa". Folha de Hoje, 15/10/1994. p. 12
- ↑ a b Gardelin, Mário. "Galicanismo imperial". Folha de Hoje, 07/03/1994, p. 17
- ↑ Laytano, Dante de. Presença calabresa: projeção de Morano Cálabro. Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1988, p. 53
- ↑ Knob, Pedro et al. Os Franciscanos no Rio Grande do Sul. Emma, 1976, p. 38
- ↑ Records of the American Catholic Historical Society of Philadelphia, Volumes 83-85. American Catholic Historical Society of Philadelphia, 1972, p. 183
- ↑ Ávila, Fernando Bastos de (org.). O Clero no Parlamento brasileiro: Câmara dos Deputados (1843-1862), vol. IV. Câmara dos deputados / Fundação Casa de Rui Barbosa, 1979, p. 61
- ↑ Máximus, p. 417
- ↑ "Leitura". Correio Riograndense, 16/04/2003, p. 19
- ↑ "Leitura". Correio Riograndense, 09/07/2003, p. 23
- ↑ Marchiori, José Newton Cardoso & Noal Filho, Valter Antonio. Santa Maria: relatos e impressões de viagem. Editora UFSM, 2008, p. 265
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