Quase nada se sabe sobre sua vida. Registros paroquiais referem sua atividade em igrejas de vários municípios na região de colonização italiana do estado entre 1914 e 1942, onde ainda sobrevivem criações de sua autoria. Faleceu vítima de doença derivada do alcoolismo, conforme se registra em um arquivo em Flores da Cunha.[2][1]
Seu estilo releva um artista de extração popular, deixando criações singelas, mas apreciadas em suas comunidades e consideradas importantes documentos históricos e artísticos para o estado,[2][3][4] testemunhando a fase de consolidação de uma cultura original na região de colonização italiana, marcada pela simplicidade e pela grande influência do catolicismo.[5][6][4] Segundo a restauradora Marines Gallon, que supervisionou as obras na Capela dos Ex-Votos, centro de grande romaria anual, em cujas paredes ele deixou decoração ornamental, figuras isoladas e cenas de milagres de Nossa Senhora de Caravaggio, suas obras são eficientes evocações da religiosidade popular e revelam um artista sensível.[3] A Capela foi declarada patrimônio histórico e cultural pelo governo do estado, e outras de suas obras ainda preservam relevante interesse para suas comunidades.[7][8][9][10][11][12] Usava pigmentos naturais obtidos na região.[10] Contudo, segundo opinião do antigo coordenador de acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Ricardo Frantz, a "revitalização" das pinturas da Capela significou efetivamente uma repintura completa, desfigurando os valores plásticos da imagem primitiva, embora guarde suas linhas básicas, como é possível constatar na comparação de fotos obtidas antes e depois do procedimento. Em suas palavras,
"O restauro, diferente do que foi feito aqui, é um processo fundado no respeito pela obra original, em que suas características distintivas são mantidas exatamente como são para poderem dizer o que têm a dizer, cumprindo seu papel de documento autêntico e legível, sem intervenções inteiramente arbitrárias como esta, que falsificam o que alegam preservar.... Toda a textura das pinturas foi alterada, inúmeros detalhes foram acrescentados, outros suprimidos, as cores mudaram seus tons, os volumes e contornos já são outros.... Na verdade, estudar arte e história a partir de testemunhos adulterados em tamanha extensão é aprender coisas falsas que levam a conclusões enganosas e disparates. Isso não é educar, isso não é documentar os fatos corretamente, é criar uma realidade artificial. Esse conhecimento desvirtuado acaba se multiplicando, cria tradição e passa a ser uma História mais verdadeira do que a verdade autêntica que fizemos questão de esconder sob camadas de pintura 'criativa', mesmo que isso possa ter sido feito na melhor das boas intenções".[13]
↑ abGardelin, Mário & Costa, Rovílio. Os Povoadores da Colônia Caxias. Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1992, p. 375
↑ abcMoreira, Altamir. A Morte e o Além: Iconografia da pintura mural religiosa da região central do Rio Grande do Sul (século XX). Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006. p. 28; Anexo, p. 5
↑ abDamasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, p. 268
↑Adami, João Spadari. História de Caxias do Sul. Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1981. Tomo III (Educação), p. 17
↑De Boni, Luis Alberto. "O Catolicismo da Imigração: Do Triunfo à Crise". In: Dacanal, José Hildebrando (org.). Rio Grande do Sul: imigração e colonização. Mercado Aberto, 1980, pp. 234-255
↑ Lopes, José Rogério & Silva, Adimilson Renato da. "Santuário de Caravaggio e a modernização de espaços sacralizados: notas etnográficas de uma romaria na serra gaúcha". In: Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, 2012; 14 (17):105-132