António Palolo
António Palolo (Évora, 1946 — Lisboa, 29 de Janeiro de 2000) foi um artista plástico e pintor português. BiografiaNascido em Évora em 5 de Julho de 1946, António Palolo é um autodidata cuja obra emerge precocemente, revelando desde logo uma maturidade invulgar. Expõe individualmente pela primeira vez em 1964, na Galeria 111, Lisboa (galeria à qual irá ficar ligado até ao início da década de 1980). Nos anos imediatos a sua reputação consolida-se. O período entre 1972 e 1974 foi "de grande sucesso para a sua pintura; e foram anos em que a par de uma intensidade de trabalho, pôde viajar e conhecer grandes museus europeus".[1] A retração do mercado após a revolução do 25 de Abril irá afetar a progressão da sua carreira. Ao longo das décadas de 1970, 80 e 90, Palolo marca presença regular no panorama artístico português; envolve-se com uma multiplicidade de galerias e instituições (Galerias: Quadrum, Altamira, Valentim de Carvalho; Sociedade Nacional de Belas Artes, etc.), e apresenta o trabalho em mostras coletivas em Portugal e no estrangeiro. Em 1995-96 realiza uma grande exposição antológica no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, apresentando obras representativas de todo o seu percurso artístico. Obra![]() Localizando-se num território ambíguo, entre figuração e abstracção, as suas obras iniciais "são composições desordenadas e caóticas" povoadas por uma multiplicidade de elementos, dos pequenos sinais às formas abstratizantes, "e onde se inscreve uma rigorosa definição geométrica".[2] Esse universo formal evolui rapidamente para um idioma marcadamente Pop, informado "por uma cultura onde abundava a banda desenhada, o folclore hippie, e a fantasiosa alegria das cenas primitivas".[3] As suas colagens de pequeno formato aproximam-se do exemplo de Rauschenberg, e nelas vemos confluir elementos pictóricos abstratizantes, expressivos, juntamente com fragmentos "do universo popular, recortes de jornais, figuras impressas nos meios de comunicação de massas". Irão seguir-se "investidas psicadélicas […] cujos signos desintegram não só a unidade da imagem, mas também desarticulam as conexões com o real",[4] e para onde confluem figuras, elementos abstratos e geométricos, alusões à paisagem, a objetos e fragmentos arquitetónicos, como acontece, por exemplo, em Hórrido o silêncio do teu corpo, 1966. Nos primeiros anos da década de 1970 as alusões figurativas desaparecem (veja-se Sem título, 1973, coleção CAMJAP/FCG). Palolo assume uma opção de cariz geométrico onde "sobressaem estruturas, ângulos, quase simulações de objetos".[5] "O sentido lúdico, a ironia extrema dos seus quadros prevalece e agudiza-se", numa arte "a que a mais absoluta simplicidade expressiva finalmente responde";[6] e em 1975-76 assiste-se a uma "radicalização das pesquisas que […] vinha elaborando em torno das sequências cromáticas",[7] em trabalhos de grande depuração – constituídos, nos casos limite, por uma grelha regular de barras paralelas verticais de cor plana, opaca –, onde se aproxima dos princípios programáticos do minimalismo. ![]() No final da década de 1970 desenvolve linhas de trabalho que dão conta de uma vocação experimental diversa. Expande a sua ação para novos territórios, novos meios de expressão: realiza as exposições/instalações Crater-Calice, Mente e Rear Vision na Galeria Quadrum, Lisboa; dedica-se ao cinema experimental e à performance (que regista em vídeo). No início da década de 1980 o seu trabalho muda de rumo. A essa alteração não serão alheias as novas direções da cena artística internacional, então dominada por um regresso à pintura figurativa de pendor expressionista. Em certa medida, Palolo aproxima-se da Transvanguarda italiana, mas a sua obra "deste período não é um decalque de tendências […] então em voga".[8] Ao libertar-se do rigor geometrizante irá redescobrir a expressividade presente nas suas obras iniciais e pô-la ao serviço de novos objetivos. A sua pintura é invadida por figuras ambíguas, por um mundo de "seres fantásticos, guerreiros de sonhos primordiais"[9] que dialogam com formas abstratas e fundos por vezes tumultuosos: "Estes corpos desmaterializados, sem rosto nem espessura, são os elementos pictóricos de um trabalho sem sentido descritivo, e que se organiza para além do visível, em torno de um espaço cósmico feito de enigmas e decifrações".[10] Essa incursão figurativa prolonga-se "até ao início da segunda metade dos anos 80, altura em que o artista faz uma síntese dos aspetos essenciais da sua obra para se fixar numa linguagem e num programa que havia de durar até ao seu desaparecimento prematuro, em 2000".[11] Ao rigor das abstrações mais despojadas da década de 1970 irão associar-se valores pictóricos aprendidos antes e depois dessa fase, numa síntese onde a subtil utilização de variações cromáticas, texturas e transparências, se submete a "uma refinada geometria".[12] Algumas Exposições Individuais
Algumas Exposições Coletivas
Coleções e MuseusEstá representado em inúmeras coleções públicas e privadas, entre as quais: Museu Coleção Berardo, Lisboa; Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Museu do Chiado, Lisboa; Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto. Uma das mais significativas coleções da sua obra, incluindo o famoso "Jardim das Delícias" (1970), está reunida no Centro de Arte Manuel de Brito, no Palácio Anjos, em Algés. Bibliografia
Referências
Ligações externas |
Portal di Ensiklopedia Dunia