Anaxágoras
Anaxágoras de Clazómenas (português europeu) ou Clazômenas (português brasileiro) (em grego clássico: Ἀναξαγόρας; romaniz.: Anaxagoras; ca. 500 a.C. – 428 a.C.[1]) foi um filósofo grego do período pré-socrático.[2] Nascido em Clazômenas, na Jónia, fundou a primeira escola filosófica de Atenas, contribuindo para a expansão do pensamento filosófico e científico que era desenvolvido nas cidades gregas da Ásia. Era protegido de Péricles que também era seu discípulo. Em 431 a.C. foi acusado de impiedade e partiu para Lâmpsaco, uma colônia de Mileto, também na Jónia, e lá fundou uma nova escola. Escreveu um tratado aparentemente pequeno intitulado Sobre a Natureza ou Da Natureza, em que tentava conciliar a existência do múltiplo frente à crítica de Parmênides e sua escola, conhecida como "Eleatas". Anaxágoras também foi um dos primeiros a questionar a ideia de divindade do Sol e também da Lua tendo uma visão deles como sendo respectivamente: uma quente pedra vermelha e uma terra. E foi preso por isso em 450 a.C..[3][4][5] Uma citação interessante é a seguinte: Sócrates estando em julgamento, no momento sendo acusado por Meleto de não crer nos deuses cita Anaxágoras:
Sócrates, no diálogo platônico Crátilo, também pergunta a Hermógenes: "E quando você considera a natureza de todo o resto? Você não concorda com Anaxágoras que é ordenada e sustentada pela mente ou alma?".[6] Anaxágoras propôs, assim como os pluralistas, um princípio que atendesse tanto às exigências teóricas do "ser" imutável, princípio de tudo, quanto à contestação da existência das múltiplas manifestações da realidade. Esse novo princípio, Anaxágoras chamou homeomerias. As homeomerias seriam as sementes que dão origem à realidade em sua pluralidade de manifestações. Afirmava que o universo se constitui pela ação do Nous (νοῦς), conceito que geralmente é traduzido por mente, intelecto ou inteligência. Segundo o filósofo, o Nous atua sobre uma mistura inicial formada pelas homeomerias, sementes que contém uma porção de cada coisa. Assim, o Nous, que é ilimitado, autônomo e não misturado com nada mais, age sobre estas sementes ordenando-as e constituindo o mundo sensível. Os fragmentos preservados versam sobre: cosmologia, biologia e percepção. Aristóteles afirma que um conterrâneo de Anaxágoras, Hermótimo de Clazômenas, antecedeu-o no pensamento de que a Mente rege o cosmos:
Esta noção de causa inteligente, que estabelece uma finalidade na evolução universal, irá repercutir em filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. Influência também exercerá em Leibniz, que aproveitará a ideia de homeomerias. Alguns consideram o pensamento de Anaxágoras como presente no Papiro de Derveni (produzido por volta do século V a.C., mais antigo texto ocidental preservado).[8] Não há provas documentais que referendem a acusação contra Anaxágoras e a prisão em decorrência de suposta prática do crime de "impiedade". Tucídides jamais a menciona, nem mesmo Xenofonte ou Platão. O suposto julgamento e exílio foi documentado apenas posteriormente Plutarco (século I) e Diógenes Laércio (século III), este último atribuindo citações perdidas aos relatos conflitantes de Sótion (século I a.C.) e Sátiro (século III a.C.);[9] ou de que ele teria sido apenas torturado, segundo Filodemo (século I a.C.).[10] Alguns historiadores modernos recebem isso com ceticismo e concluem que esta acusação é um "mito histórico".[11] Em Platão, Anaxágoras é discutido mais vezes do que qualquer outro filósofo, sem nunca ter mencionado essa acusação. Os livros dele eram vendidos livremente em Atenas (Sócrates, na Apologia).[12] Alguns outros historiadores apontam alusões mascaradas ao julgamento nas peças de Aristófanes Os Acarnânios 703–712 e As Vespas 946–949,[9] e no Tântalo de Eurípides, como referência críptica ao fisiólogo na memória dos 20 anos de sua morte.[13] Ver também
Referências
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