Ambrósio Bonalume
Ambrósio Bonalume (Monza, 1862 — Caxias do Sul, 5 de fevereiro de 1945) foi um comerciante e industrial ítalo-brasileiro, ativo em Caxias do Sul, onde deixou importante marca de sua passagem, sendo reconhecido como líder católico, cidadão benemérito, um dos fundadores da cidade e um destacado promotor da indústria do vinho. VidaNascido em Monza, na Itália, emigrou com seus pais Angelo Bonalume e Luigia Berti, mais seu irmão Giuseppe, chegando em Caxias em 1º de outubro de 1876. A família se fixou primeiramente no lote nº 15 do Travessão Umberto I da VI Légua, na zona rural, dedicando-se à agricultura de subsistência.[1] Ao crescer, Ambrósio iniciou sua vida profissional como curtidor de couro e seleiro, e pouco depois abriu uma bodega e um comércio generalista.[2] No final do século já começava a projetar-se na comunidade. Em 1897 ingressou na comissão de obras da Igreja Matriz,[3] e nela permaneceria até 1917, quando foi elogiado pelos relevantes serviços prestados às atividades da Igreja.[4] Em 1898 era presidente da Exposição Agro-Industrial e presidente-geral da Federação das Associações Católicas, numa época de intensas disputas entre o poder civil e os maçons contra a Igreja, liderada pelo padre Pietro Nosadini, cura da Matriz, sendo um dos acusados de planejar o atentado ao intendente José Cândido de Campos Júnior, um caso famoso na história da cidade, sob os protestos do padre, que qualificou a acusação de "uma infame calúnia, pois que [Bonalume] pertence a uma honrada e honesta família, goza da estima das pessoas honestas, quer em Caxias, quer em Porto Alegre".[5][2] Em 1914 lançou-se à indústria do vinho, instalando uma grande cantina na Praça Dante Alighieri, estabelecida como o vultoso capital de 250 contos de réis.[6] Foi um dos pioneiros na difusão da variedade de uva Barbera,[7] e o principal produto da sua cantina, com a marca Elefante, era muito apreciado, exportando cinco mil barris anuais.[2][6] Fazia doações para atividades beneficentes[8][9][10][11] e em 1925, quando foram celebrados os 50 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, Bonalume já havia ganhado geral estima e respeito, sendo inscrito como um dos fundadores da cidade num Livro de Ouro criado pela Municipalidade.[12] No mesmo ano recebeu destaque de página inteira em importante álbum comemorativo publicado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em parceria com o Governo da Itália, onde foram-lhe endereçados muitos elogios, chamado de "pioneiro infatigável", "cidadão e chefe de família modelo", de "modéstia superlativa e bonomia singela e tranquila", qualidades que traduziam "infalivelmente um caráter benigno e um ânimo bom" e enalteciam "o homem tanto quanto os talentos e outros atributos que conquistou, dando-lhe a classe para ostentar um nome honrado, que decora a ele, a família, a sociedade e a pátria, que confia a todos, indistintamente, seus filhos no estrangeiro, uma alta missão de operosidade, de retidão, de civismo".[6] Deixou sua contribuição mais marcante como um dos fundadores e dirigentes do Sindicato Viti-Vinícola do Rio Grande do Sul, entidade criada em 1928 que definiria os rumos do setor do vinho em termos econômicos e também em termos técnicos e normativos, colocando a produção sob o controle do Estado, estabelecendo parâmetros de qualidade técnicos e sanitários e regras para a instalação e funcionamento das cantinas, introduzindo inovações tecnológicas, regulando o mercado, desenvolvendo estirpes de videiras mais adaptadas ao clima local, e passando a exigir exames laboratoriais do produto antes que fosse colocado à venda. O braço industrial e comercial do Sindicato foi organizado em 1929 como a Sociedade Vinícola Rio-Grandense, de cuja fundação e diretoria Bonalume também fez parte, uma organização que na década de 1950 se tornara a mais importante do Brasil em seu gênero, produzindo 32 milhões de litros de vinho anuais e exportando um terço do total.[13][14][15] Ao falecer em 5 de fevereiro de 1945, "estimado em toda a cidade", foi saudado como benemérito a quem Caxias muito devia, pelas "suas raras qualidades de coragem, bondade e operosidade".[1] Em 1950, nas comemorações dos 75 anos da imigração, voltou a receber destaque de página inteira em outro grande álbum publicado pela Festa da Uva, e mais uma vez a louvação à sua pessoa teve tom grandiloquente, enaltecendo o seu valor, sua bondade e sua compreensão humana, "o alto relevo de inteligência capaz de iluminar a trajetória duma existência", e a "máxima confiança que sempre teve no progresso de Caxias", sendo um dos "intrépidos pioneiros" cujo trabalho muito contribuiu para esse progresso.[2] Em 2015 seu espírito empreendedor foi lembrado outra vez por Rodrigo Lopes na coluna "Memória" do jornal Pioneiro, chamando-o de "um desbravador no processo de industrialização de Caxias do Sul".[16] Hoje Ambrósio Bonalume é nome de uma rua. DescendênciaAmbrósio Bonalume foi casado com Carolina Sartori, uma das fundadoras e conselheira da Associação Damas de Caridade, entidade mantenedora do Hospital Nossa Senhora de Pompéia,[17] filha de Salvador Sartori e Angela Zancaner. O casal teve os seguintes filhos:
Referências
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