Alonso de Camargo
Alonso de Camargo (Reino de Castela, c. 1509 — Império Espanhol, após setembro de 1540) foi um navegador espanhol do século XVI que no ano de 1539 comandou uma das três embarcações, de nome desconhecido e que posteriormente foi rebatizada de Incógnita, da expedição chamada Armada do Bispo de Plasencia — devido ao fato de ter sido financiada por esse clérigo — a mando do frei Francisco da Ribera, em nome do adelantado de Nova León, com o objetivo de povoar a Terra do Fogo e atingir o oceano Pacífico. Apesar de não ter atingido o primeiro objetivo, com a nau Incógnita de Camargo, supostamente se descobriu por acidente o arquipélago de Malvinas no início de 1540, as quais chamou islas de Sansón (ou ilhas de Sansão, em português) e também pode chegar à costa pacífica em meados do mesmo ano, logo após conseguir atravessar o estreito de Magalhães, para chegar ao Peru.[1][2] O navegador é o principal tronco da família dos Camargos no Brasil, uma vez que seu bisneto Jusepe Ortiz de Camargo zarpou da Espanha e desembarcou na Capitania de São Vicente, na costa brasileira, onde se casou e teve descendentes, formando uma grande família no início da colonização portuguesa no Brasil.[2][3] HístóriaExpedição à América do Sul![]() Alonso de Camargo nasceu em parte incerta do Reino de Castela durante a Monarquia Católica por volta do ano de 1509, uma vez que houve união dinástica entre as Coroas de Aragão e Castela. Camargo zarpou de Sevilha em agosto de 1539 com a expedição composta de três naus encomendada por frei Francisco de la Ribera,[4][5] denominada adelantado de Nueva León,[5] para explorar os passos do estreito de Magalhães e colonizar a Terra do Fogo.[6] A expedição foi custeada por Gutierre de Vargas Carvajal (1506-1559), bispo de Plasencia.[6] ![]() Ao avistar o cabo Vírgenes em 12 de janeiro de 1540,[6] ancoraram ali as naus, porém uma ventania muito forte arrastou os barcos para mais de 60 léguas mar afora. A nau a mando de Alonso de Camargo[6] chegou ao que se acredita ser o arquipélago das Malvinas.[6][7] A nau capitã de Francisco de la Ribera, ao entrar em 20 de janeiro no estreito, pode passar o primeiro estreitamento, mas ao chegar a segunda, com um mar muito agitado e uma ventania muito forte, esta se perdeu, salvando-se a tripulação, de aproximadamente uns 150 homens junto com Ribera, que conseguiu chegar à costa nas terras baixas, mas ficaram abandonados ao acaso nas margens continentais do estreito.[8] Os náufragos penetraram no território da Patagônia, tendo o capitão Sebastián de Argüello como seu líder, uma vez que o incipiente adelantado Francisco de la Ribera havia morrido pouco tempo antes. Sobre esses sobreviventes, diz-se sem qualquer evidência, terem sido os fundadores de uma cidade na Patagônia.[9] A outra nau que estava a mando de Gonzalo de Alvarado, um veterano do Plata, lutou durante dias contra o vento e contra as ondas, e depois de quebrar a âncora, ele foi forçado a passar seis meses no cabo Vírgenes, de onde retornou à Espanha em novembro de 1540. A nau a mando de Alonso de Camargo, cujo nome foi perdido e que alguns historiadores passaram a chamar de Incógnita,[6] conseguiu passar o estreito e avistar as costas do Chiloé, e também conseguiu chegar depois de 15 de agosto de 1540 à recém-fundada Arequipa (Peru).[10][11][12] Desde então, não há notícias do paradeiro de Alonso de Camargo, sendo desconhecido seu lugar de morte. A lenda da cidade dos CésaresAcredita-se que os sobreviventes do naufrágio de uma das naus da expedição de Ribera foram os fundadores de uma cidade na região da Patagônia, a cidade dos Césares, também chamada Trapalanda ou Cidade Encantada.[9] As histórias e lendas sobre os destinos desses náufragos começaram a correr pelo Chile, Buenos Aires e Tucumán. Houve ameríndios que asseguraram ter feito contato com Argüello e outros companheiros de frei Francisco. Em 1589, o governador de Tucumán Juan Ramírez de Velazco toma testemunho de alguns índios que disseram ter visto o povo de Trapalanda em sua cidade maravilhosa. Dois marinheiros andaram pelo Chile reclamando de terem sido expulsos da "Cidade Encantada" em 1620. A verdade é que, historicamente, isso não foi provado. Descendência nas AméricasSegundo genealogistas, Alonso de Camargo é o bisavô paterno de Jusepe Ortiz de Camargo, natural de Castrojeriz, na Espanha, que migrou para a Capitania de São Vicente na colônia portuguesa nas Américas e tornou-se o tronco da família dos Camargos no Brasil.[2] Este colonizador deixou descendentes na colônia, que possuíam fazendas de plantio de trigo e algodão.[3][2] Pertencem à família Camargo muitos sertanistas descendentes do navegador espanhol, responsáveis pelo povoamento dos sertões brasileiros, na época do Brasil Colonial, especialmente da região Sudeste.[2] Referências
Bibliografia
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