Abul Sabir Iacube Almostancique Bilá (Abu al-Sabr Yaqub al-Mustamsik bi-llah), melhor conhecido como Almostancique do Cairo (em árabe: المستمسك بالله, lit.'Al-Mustamsik'), foi o décimo-sexto califa abássida do Cairo sob os sultões mamelucos do Egito. Ele serviu por dois períodos, entre 1497 e 1508 e, novamente, entre 1516 e 1517.
História
Abul Sabir Iacube sucedeu ao pai, Mutavaquil II, em 1497, durante o reinado do sultão mameluco burjidaNácer Maomé. Nesta época, o Sultanato Mameluco entrou num novo período de instabilidade e diversos sultões se sucederam rapidamente:
Almostancique renunciou em 1508 para dar lugar ao seu filho Mutavaquil III. Em 24 de agosto de 1516, o sultão mameluco Cansu Alguri perdeu a Batalha de Marj Dabiq nas proximidades de Alepo (na Síria) contra o sultão otomanoSelim I. O califa Mutavaquil III foi feito prisioneiro e Alaxarafe Cansu Alguri morreu pouco depois. Almostancique retomou sua posição de califa no Cairo sob o novo sultão mameluco Alaxarafe Tumane Bei.
Depois de pacificar a Síria, Selim I conquistou o Egito e Alaxarafe Tumane Bei, o último sultão, foi executado em 13 de abril de 1517 por Selim I. Selim se apodera das insígnias do califado, mas a transmissão da função de califa para o sultão otomano é uma ficção criada no final do século XVIII[1][2].
↑(em inglês) Clifford Edmund Bosworth. The new Islamic dynasties: a chronological and genealogical manual. The caliphs in Cairo 659-923/1261-1517. [S.l.: s.n.] p. 9, Janine & Dominique Sourdel. «Abbassides, 749-1517». Dictionnaire historique de l'islam. [S.l.: s.n.] p. 11 e Janine & Dominique Sourdel. Dictionnaire historique de l'islam. Califat. [S.l.: s.n.] p. 181 que afirmam que o título oficial de "califa" e "comandante dos crentes" nunca foi tomado pelos otomanos. É a Constituição Otomana de 1876 que prevê que "o sultão, como califa, é o protetor da religião muçulmana"
↑Sobre esta transmissão do título de califa, Bernard Lewis escreveu:
“
Não há sombra de dúvida de que esta história é apócrifa. Nem nos historiadores egípcios ou e nem nos historiadores otomanos do até o século XVI há qualquer referência a ela e é inconcebível que um evento desta magnitude tenha sido negligenciado. De tempos em tempos, os governantes otomanos fizeram uso do título de califa, mas muitos outros monarcas muçulmanos relativamente menores também o fizeram. [...] A era do califado universal havia acabado e nenhum governante muçulmano afirmou o contrário até que a ideia foi ressuscitada pelos otomanos no final do século XVIII.
Esta reivindicação surgiu pela primeira vez no Tratado de Kutchuk-Kaïnardji em 1774. [...] Para salvar a face, o sultão, que estava renunciando à soberania política sobre a Crimeia, foi autorizado a proclamar-se "como um líder religioso supremo do Islã" e o líder religioso dos tártaros.
”
— Bernard Lewis (2005). Islam. Le langage politique de l'islam / Gouvernants et gouvernés. Quarto. Paris: Gallimard. p. 732. ISBN978-2-07-077426-5..