Almodôvar (vila) Nota: Para outros significados de Almodôvar, veja Almodôvar (desambiguação).
Almodôvar é uma pequena vila portuguesa de 2 957 habitantes e 1,74 km² situada na freguesia de Almodôvar e Graça dos Padrões, do município de Almodôvar, no Distrito de Beja,[1] região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo. É sede do Município de Almodôvar, que tem 777,88 km² de área[2] e 7 449 habitantes (2011).[3][4] Em 17 de Abril de 1285 o rei D. Dinis elevou a concelho, por carta de foral, a então denominada Póvoa de Almodôvar.[5] HistóriaDesde há 5 mil anos que as terras de Almodôvar têm sido habitadas por sucessivos povos e onde ocorreram episódios indissociáveis da História de Portugal. Da Pré-história, os vestígios mais relevantes são as diversas antas encontradas nas freguesias de Santa Clara-a-Nova, Gomes Aires, e Rosário com a Estela do Monte Gordo. Do Calcolítico, chegaram tholos (estruturas tumulares de falsa cúpula), localizados na freguesia de São Barnabé. No entanto, o fenómeno mais significativo deste território surgiu na Idade do Bronze, prolongando-se até à Idade do Ferro, com a descoberta de diversas estelas. Do último período, destaca-se um número significativo de estelas funerárias epigrafadas com Escrita do Sudoeste, a escrita mais antiga da Península Ibérica (século VIII a V a.C.). Estas peças podem ser apreciadas no Museu da Escrita do Sudoeste.[5] Almodôvar foi atingida igualmente pela romanização da Península Ibérica. Pela sua localização geográfica, cedo os romanos se fixaram em Almodôvar, assinalando-se a sua presença através de diversos vestígios, como os castella, ao longo da Ribeira de Oeiras, da barragem romana (única de construção em terra batida preservada até hoje) e a necrópole do Monte Novo do Castelinho, a mina de Brancanes, destacando-se o Povoado das Mesas do Castelinho, onde se distinguem o traçado de ruas ortogonais e a construção de edifícios de elevado rigor urbanístico.[5] Do período medieval, entre os séculos IV e VIII d.C., os vestígios paleocristãos ou visigóticos (associados ao território das antigas dioceses de Paca e Ossonoba) são escassos. Com a ocupação islâmica, proliferaram diversas alcarias ou cortes que ainda hoje nomeiam boa parte da toponímia local e que tem a sua raiz na palavra árabe de aldeia (al-diya). É o caso de Alcariais dos Guerreiros de Cima (Gomes Aires), com uma ocupação humana entre os séculos IX e XIII, possuindo um rico conjunto de casas dos séculos X e XI, fruto do florescimento rural que a região conheceu durante o período islâmico. A vila de Almodôvar deve o seu nome e desenvolvimento a esta época, pois aí foi erguida uma fortificação ou almudaûár (casa ou castelo redondo). Julga-se que nas proximidades entre o cerro de Santa Rufina e o atual depósito de água, poderá ter existido uma fortificação com uma eventual cerca inferior para recolha de rebanhos.[5] Na primeira metade do século XIII, os exércitos dos reinos cristãos coadjuvados pela Ordem de Santiago tomaram posse do Garb (Algarve), tendo D. Afonso III chegado a terras algarvias por Almodôvar com a ajuda de almocreves moçárabes. O domínio cristão efetuou-se entre 1238, com a conquista de Mértola, e 1245, com a tomada de Marachique.[5] Em 17 de abril de 1285, o rei D. Dinis elevou a então denominada Póvoa de Almodôvar a concelho, por carta de foral, que em 1297 é doada à Ordem de Santiago, a quem, no final do século XIII, pertence todo o Baixo Alentejo, com exceção do concelho de Odemira. Este foi um esforço de recuperação do dinamismo populacional e económico, proeminente no período muçulmano e duramente afetado pela prolongada guerra da reconquista.[5] O empenho no desenvolvimento deste território prosseguirá ao longo do século XIV, especialmente na sua segunda metade, quando as convulsões políticas, a peste e mesmo o devastador terramoto de 1356, haviam espalhado uma forte mortandade. As Inquirições Fernandinas de 1376 às vilas de Almodôvar e de Padrões dão conta de uma sociedade na qual a agricultura se apresentava de subsistência, e onde o pastoreio assumia uma importante escala, tal como as atividades associadas à tecelagem, curtumes, apicultura, entre outras.[5] A afirmação do poder real face aos domínios locais é, em 1512, retomada com o novo foral de Almodôvar, no âmbito do processo nacional de reformas dos forais de D. Manuel I. Almodôvar torna-se uma vila que vai paulatinamente crescendo e onde se destacou a construção do edifício dos Paços do Concelho, no século XVI, e em 1680 a fundação do Convento de Nossa Senhora da Conceição, pela Ordem Terceira de São Francisco. Aí presume-se que terá funcionado a primeira escola de Teologia do Baixo Alentejo, cuja parte da valiosa biblioteca ainda se encontra “por descobrir” no Arquivo Municipal.[5] Os ímpetos económicos foram intervalados no período conturbado que assolou Almodôvar e o país na primeira metade do século XIX: em primeiro lugar, as Invasões Francesas, e logo depois a Guerra Civil - entre 1832 e 1834 - que opôs o partido constitucionalista de D. Maria II ao partido absolutista de D. Miguel I.[5] Com a vitória do Liberalismo dá-se a extinção das ordens militares e religiosas, sendo que, para o Convento de Nossa Senhora da Conceição transitam, em 1859, juntamente com o Tribunal e a Conservatória, os Paços do Concelho, onde a sua anterior localização dá lugar à cadeia (hoje Museu Severo Portela).[6] ClimaO clima apresenta características mediterrânicas, com verões quentes e secos e invernos frios e pouco chuvosos. As amplitudes térmicas são acentuadas, a denotar um carácter continental.[7] A temperatura média é 15.9 °C. O mês mais quente do ano é Agosto, com uma temperatura média de 23.1 °C, sendo a temperatura média em Janeiro de 10.0 °C, a temperatura média mais baixa de todo o ano.[8] A pluviosidade é pouco significativa. À escassez de pluviosidade, acresce a forte sazonalidade da precipitação e uma grande variabilidade interanual.[7] A pluviosidade média anual é de 576 mm.[8] ArtesanatoAlmodôvar é bastante rica nas artes tradicionais, algumas das quais já desapareceram e outras encontram-se em vias de extinção.[9] Tudo se fazia no concelho de Almodôvar há pouco mais de 25 anos: calçado, cadeiras, queijos, meias de linha, mantas de lã, albardas e malhins, aguardente de medronho, bonecas, miniaturas, mantas de retalhos, mel e seus derivados, trabalhos em tear, ferraria, fabrico de linho, fabrico da cal, latoaria, cestos, colchas de linho, carroças, telhas de canudo, entre outros. Existia uma variedade imensa de artes e ofícios, de entre os quais se destacavam os sapateiros, as tecedeiras, os ferreiros, os latoeiros, os padeiros, os moleiros, os albardeiros, os alfaiates, os apicultores, os cesteiros, os tosquiadores e os abegões.[9] A indústria do calçado artesanal teve grande impacto no concelho almodovarense e, há cerca de 50 anos, eram mais de 60 os sapateiros na região. De referir que existiu, em Almodôvar, o primeiro Sindicato Nacional de Sapateiros, fundado em 1942, o qual chegou a ter 200 associados, facto bem demonstrativo da importância que este ofício assumiu. Hoje, ainda se encontram alguns sapateiros artesanais no ativo.[9] Atualmente, das restantes artes e ofícios, há que destacar as mantas de lã e de retalhos, os artigos de cartucheira, os trabalhos em latoaria e a cestaria.[9] GastronomiaÉ sabido que no Alentejo se come e bebe muito bem, e Almodôvar não é uma exceção. Dezenas de produtores apresentam diariamente os melhores sabores de que se destacam:[10]
Património edificado
Heráldica
GeminaçõesAlmodôvar está geminada com Paul, Ilha de Santo Antão, Cabo Verde.[12] Referências
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