Alexandre de Rhodes
Alexandre de Rhodes, S.J. (Avinhão, 15 de março de 1591[1] – Ispaão, 5 de novembro de 1660) foi um missionário jesuíta e lexicógrafo francês, que teve um impacto duradouro no cristianismo do Vietname durante os séculos XVI e XVII. É o autor do Dictionarium Annamiticum Lusitanum et Latinum, o primeiro dicionário trilingue escrito em vietnamita, português e latim, que fora publicado em Roma, em 1651.[2][3][4] VidaAlexandre de Rhodes nasceu em Avinhão, Estados Papais (na atual França). Segundo algumas fontes, ele possuía ascendência judaica.[5] Tornou-se noviço da Companhia de Jesus a 24 de abril de 1612 em Roma, tendo dedicado sua vida ao trabalho missionário. Em 1624, foi enviado para as Índias, onde embarcou à Cochinchina com o companheiro jesuíta Girolamo Maiorica (também conhecido como Jerónimo Maiorica), e estudou a língua vietnamita sob Francisco de Pina.[6] Três anos depois, ele iniciou uma missão em Tonquim, a pedido de um jesuíta superior em Macau. Em 1627, embarcou a Tonquim, no Vietname onde trabalhou até 1630, até ser forçado a partir. Durante três anos manteve relações próximas com a Corte de Hanói durante os reinados de Trịnh Tùng e Trịnh Tráng. Foi durante esse tempo que ele compôs Ngắm Mùa Chay, uma devoção católica popular até a atualidade, tendo meditado sobre a paixão de Cristo na língua vietnamita.[7] Foi expulso do Vietname em 1630 por Trịnh Tráng que o acusou de ser um espião da família Nguyễn. Rhodes afirmou nos seus relatórios ter convertido mais de seis mil vietnamitas. Do Vietname, Rhodes foi enviado a Macau colonial portuguesa, onde ele passou dez anos. Após regressar ao Vietname, partiu para as terras dos senhores de Nguyễn, próximas a Huế. Lá ele viveu por seis anos, mas acabou despertando o descontentamento de Nguyễn Phúc Lan, que o condenou à morte. Após a sua sentença ter sido reduzida ao exílio, Rhodes retornou a Roma em 1649 e pediu um aumento no financiamento de missões católicas do Vietname, contando histórias um tanto exageradas sobre as riquezas naturais encontradas lá. Este apelo de Alexandre de Rhodes originou a criação da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris em 1659. Nessa conformidade, por não ser possível que os portugueses e nem o papa terem demonstrado interesse no projeto, Alexandre de Rhodes, com o acordo do papa Alexandre VII, encontrou voluntários seculares em Paris como François Pallu e Pierre Lambert de la Motte, os primeiros membros da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, que foram enviados ao Extremo Oriente como vigários apostólicos.[8][9][10] Alexandre de Rhodes foi enviado à Pérsia, onde morreu em Ispaão, em 1660, tendo sido sepultado no Cemitério Arménio de Nova Julfa. Em 1943, a colónia francesa da Indochina emitiu um selo postal de 30c em sua homenagem. Em 2001 o artista vietnamita Nguyen Dinh Dang pintou em homenagem a Alexandre de Rhodes e Nguyen Van Vinh.[11] ObraEnquanto estava no Vietname, Alexandre elaborou um alfabeto vietnamita antigo baseado nas obras dos antigos missionários portugueses. Rhodes compilou um catecismo, Phép giảng tám ngày, e o dicionário de tradução escrito em vietnamita, português e latim, Dictionarium Annamiticum Lusitanum et Latinum. Ambas publicadas em Roma em 1651, as obras de Rhodes refletiram a sua deferência a partir do alfabeto derivado do latim em vez da escrita Nôm.[12] Posteriormente aperfeiçoada como chữ Quốc ngữ, foi a partir do século XX que tornou-se de facto a forma escrita da língua vietnamita. No entanto, o catecismo e os textos devocionais de Jerónimo Maiorica refletiam a favor da escrita chữ Nôm, que foi a escrita dominante da literatura cristã vietnamita até ao século XX.[13] Alexandre de Rhodes também escreveu vários livros sobre o Vietname e as suas viagens por lá, incluindo:
Referências
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