Alcy Cheuiche
Alcy José de Vargas Cheuiche (Pelotas, 21 de julho de 1940) é um veterinário, professor e escritor brasileiro, autor de romances históricos, poesias, crônicas e teatro. BiografiaÉ filho do general Alcy Vargas Cheuiche e de Zilah Maria da Silva Tavares.[1] Os Cheuiche são de origem libanesa e os Silva Tavares constituem uma tradicional família gaúcha, cujos membros participaram dos principais movimentos revolucionários do Estado, a começar por João da Silva Tavares, Barão de Cerro Largo, que lutou na Revolução Farroupilha (1835 -1845) ao lado do Império. Aos quatro anos de idade Alcy foi viver em Alegrete, onde entrou em contato com a natureza do pampa e a vida campeira.[1] Aprendeu a ler e escrever e se tornou, como o pai, um entusiasta da vida do campo e das tradições gaúchas. Aos dezoito anos de idade, ingressou na Faculdade de Veterinária em Porto Alegre.[2] Nesse período, escreveu contos e poesias para jornais universitários. Diplomado em primeiro lugar em sua turma, fez cursos de pós-graduação na França e Alemanha. Durante sua temporada na Europa, manteve uma coluna semanal no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, intitulada Cartas de Paris.[1][2] Em setembro de 1963 casa-se em Alegrete, e, logo após, acompanhado da esposa alegretense, vai estudar na França onde vive durante alguns anos. Desse matrimônio resulta um casal de filhos, Luiza e Luciano. No final dos anos 60, após o divórcio, em São Paulo, casa-se novamente, dessa vez com Inez, uma colega veterinária, dessa união resultam dois filhos, Mario e Marcio, hoje ele tem netos desses filhos e filha dos dois casamentos. Na Europa escreveu sua primeira obra de ficção, O Gato e a Revolução, de 1967; ambientada durante o período da ditadura militar, a novela foi censurada e passou duas décadas fora de circulação. Para contornar a vigilância militar, passou a se dedicar às narrativas históricas, que de acordo com Lucas Zamberlan, permitiam "viabilizar a continuação de um debate político-social extremamente pertinente ao contexto do regime de exceção em vigor, utilizando o meio mascarado do distanciamento temporal". Desse redirecionamento o primeiro fruto foi Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões.[1] Em 1969, ele fixa residência em São Paulo, onde dirige a divisão veterinária da empresa norte-americana Johnson & Johnson. Neste cargo, tem oportunidade de realizar várias viagens internacionais. Em 1974 deixa a empresa norte-americana e se muda para Campos do Jordão, na serra paulista, onde cria gado e instala uma clínica veterinária. Neste período, escreve seus dois primeiros romances. Em 1980, casa-se pela terceira vez, e passa seis meses em Paris, lecionando na Escola de Veterinária de Alfort. Em 1983, nasce Zilah, sua quinta filha. Ministrou a primeira aula técnica para os ingressantes da primeira turma da Faculdade de Veterinária da UFPel.[3] Em 1990 assumiu em Porto Alegre a direção do Instituto Estadual do Livro. Desde então, radicado na capital gaúcha, embora continue trabalhando como veterinário, dedica-se intensamente à atividade literária e realiza novas viagens pelo mundo. Volta a Paris em 1997, para pesquisar sobre Santos Dumont. A pesquisa serviu de base para seu premiado romance sobre a vida do Pai da Aviação, Nos céus de Paris - Romance da vida de Santos Dumont. Há mais de vinte anos ministra aulas e oficinas de criação literária.[4] ObraSeus escritos geralmente versam sobre temas e personagens históricos. Disse ter sido muito influenciado pelo seu pai, "um grande narrador, contador de histórias", e por Monteiro Lobato.[5] Em entrevista para Letícia Garcia, disse:
Trabalha nos gêneros do romance, poesia, crônica e teatro. Tem mais de trinta obras publicadas, algumas delas traduzidas para o espanhol, alemão, inglês e francês.[7] Recebeu diversos prêmios[8] e segundo o jornal Extra Classe, "é autor de clássicos da literatura gaúcha como Sepé Tiaraju, Ana Sem Terra, O Mestiço de São Borja, João Cândido – O Almirante Negro, Nos Céus de Paris, O Farol da Solidão, Lord Baccarat, O Velho Marinheiro".[9] Para Armindo Trevisan. "Alcy Cheuiche é um dos mais notáveis ficcionistas do Rio Grande do Sul, situado entre os mais identificados com sua gente, seus ideais de cara limpa, suas noites estreladas".[1] Lucas Zamberlan, prefaciando um volume de textos dedicados ao autor editado pelo Instituto Estadual do Livro, disse que seu nome está "consolidado como um dos principais ficcionistas gaúchos da contemporaneidade",[1] e acrescentou:
Romances
Crônicas
Teatro
Poesia
Distinções e prêmios
Em 2006 foi escolhido patrono da 52ª Feira do Livro de Porto Alegre, considerado o maior evento do gênero na América do Sul. Em 2022 foi patrono da Feira do Livro de Rio Pardo.[5] Em 2018 foi objeto do documentário Romancista de Nossa História, trazendo depoimentos dos escritores Luiz Antônio de Assis Brasil, Sérgio Faraco e Walter Galvani. O filme faz parte da série Conversa de Livraria, dirigida por Luzimar Stricher e já exibida na TVE-RS, na TVCOM e em cinema da Capital.[11] É membro vitalício da Academia Rio-Grandense de Letras e sócio fundador da Associação Gaúcha de Escritores.[2] Em 1997, foi empossado na Academia Brasileira de Medicina Veterinária, com sede no Rio de Janeiro. Referências
Ligações externas |