Alberto Henschel
Alberto Henschel (Berlim, 13 de junho de 1827[1] — Rio de Janeiro,[a] 30 de junho de 1882[2]) foi um fotógrafo teuto-brasileiro, considerado o mais diligente empresário da fotografia no Brasil do século XIX,[3] com escritórios em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo,[4] Henschel foi também responsável pela vinda de outros fotógrafos profissionais ao país, como o seu compatriota Karl Ernest Papf — com quem trabalharia mais tarde — e seu filho, Jorge Henrique Papf,[3] que sucederia ao pai no ramo da fotografia.[5] Henschel ficou conhecido por produzir belas imagens do Rio de Janeiro como fotógrafo paisagista[1][6] e por ser um excelente retratista,[7] o que lhe rendeu o título de Photographo da Casa Imperial,[1] habilitando-o a retratar o cotidiano da monarquia brasileira durante o Segundo Reinado, inclusive fotografando o imperador Dom Pedro II[8] e sua família.[9] Esse título valorizaria muito suas fotos, inclusive no preço.[10] Mas, certamente, sua principal contribuição à história da fotografia no Brasil foi o registro fotográfico de todos os extratos sociais do Brasil oitocentista: retratos, geralmente no padrão carte-de-visite, foram tirados da nobreza, dos ricos comerciantes, da classe média e dos negros, tanto livres como escravos,[2] em um período ainda anterior à lei Áurea. AntecedentesLogo quando os primeiros mapas-múndi que mostravam o Brasil foram impressos, na época renascentista de Albrecht Dürer, o país-continente recém-descoberto despertou o interesse da Alemanha.[3] Um dos principais fatores de atração que o Brasil exercia para com os alemães é decorrente das empolgantes narrativas e ilustrações[11] a respeito dos índios, das paisagens exóticas, das riquezas de animais selvagens e novas espécies de plantas,[3] relatadas primeiramente nas obras fantásticas de Hans Staden, seguido por aventureiros e cientistas como Johann Baptist Emanuel Pohl, autor de Viagem no Interior do Brasil. Empreendida nos Anos de 1817 a 1821 e Publicada por Ordem de Sua Majestade o Imperador da Áustria Francisco Primeiro,[12] em que descreve sua viagem pelo país, com observações entusiásticas e elogiosas, acompanhadas de luxuriantes ilustrações.[11] Sobre o Rio de Janeiro, Pohl escreveria:
Certamente essas narrativas e ilustrações constituíram um dos principais fatores de atração para os fotógrafos alemães oitocentistas que se transfeririam para o Brasil, como Revert Henrique Klumb, Augusto Stahl, Karl Ernest Papf e Alberto Henschel.[11] VidaNa AlemanhaNão há registro da vida pessoal e profissional de Alberto Henschel na Alemanha, nem das razões que o teriam levado a emigrar para o Brasil.[1] Sabe-se apenas que era filho de Moritz e Helene Henschel.[1] Moritz e seus irmãos August, Friedrich e Wilhelm, de origem judaica, chegaram em Berlim por volta de 1806, tendo se notabilizado como gravuristas e assinado suas obras como Irmãos Henschel.[1] Supõe-se que Alberto Henschel conheceu o também fotógrafo Francisco Benque ainda na Alemanha, com quem teria uma bem-sucedida, porém efêmera, sociedade no Brasil.[14] No BrasilDécada de 1861Henschel desembarcou no Recife em maio de 1866, junto com o também alemão Karl Heinrich Gutzlaff, com quem associou-se para criar um estúdio fotográfico na rua do Imperador, número 38.[1] Inicialmente denominado Alberto Henschel & Cia, o estúdio passou a chamar-se Photographia Allemã, mudando-se em seguida para novo endereço, no largo da Matriz de Santo Antônio, número 2.[4] Pelo fato de ter montado seu negócio logo que chegou ao Brasil, presume-se que Alberto já fosse um experiente fotógrafo e tencionasse engajar-se no promissor negócio da fotografia em um mercado ainda pouco explorado.[1] Em 1867, Henschel dissociou-se de Gutzlaff e voltou à Alemanha, onde atualizou sua técnica e adquiriu novos equipamentos para o seu ateliê de fotografia.[1] Retornou ao Brasil no mesmo ano, abrindo outro estabelecimento com a mesma razão social na cidade de Salvador, na rua da Piedade, número 16.[4] Abrindo três estabelecimentos em apenas dois anos, Henschel já era considerado o mais ousado e atilado empresário da fotografia no Brasil oitocentista.[15] No fim dos anos 1860, as casas de Recife e Salvador já produziam retratos de pessoas de origem africana, escravas e livres, com a diferença de retratá-las à vontade e com dignidade, como indivíduos e não como objetos.[16] Década de 1870Em 1870, Henschel abriu outra filial de seu ateliê, desta vez no Rio de Janeiro, na rua dos Ourives (atual rua Miguel Couto, número 40).[4] Foi no Rio, capital do Império, que começaria sua próspera parceria com Francisco Benque. Com o nome de Henschel & Benque, os dois especializaram-se na produção e comercialização de retratos e paisagens, além das fotopinturas feitas por Karl Ernest Papf.[16] Não há registro datando quando a sociedade com Benque desfez-se, mas é provável que a sociedade tenha perdurado até 1880.[4] Pela qualidade de seu trabalho e pelo sucesso que fizera na Corte, Henschel foi agraciado com o título de Photographo da Casa Imperial, em 7 de Setembro de 1874, juntamente com Benque.[4] O historiador fotográfico Gilberto Ferrez descreve a qualidade e importância de Henschel da seguinte maneira:
Henschel participou de várias exposições fotográficas, destacando-se na exposição da Academia Imperial de Belas Artes em 1872 e 1875,[4] pela qual recebeu a Medalha de Ouro na primeira edição.[16] Também participou da IV Exposição Nacional e da Exposição Universal de Viena, na Áustria, na qual obteve a Medalha de Mérito.[4] Década de 1880Em 1 de fevereiro de 1882[b], Alberto inaugurou mais um estabelecimento, desta vez na capital da província de São Paulo,[15] com a denominação de Photographia Imperial, porque o nome Photographia Allemã já era utilizado pelo ateliê do fotógrafo Carlos Hoenen desde 1875.[17] Sua chegada a São Paulo foi vista com muita importância, pois, além de ser detentor do prestigioso título de Photographo da Casa Imperial, ele vinha direto da Corte. O jornal A Província de São Paulo, ao descrever nos mínimos detalhes o novo ateliê em sua edição do dia da inauguração, demonstrou o entusiasmo com que Henschel foi recebido pelos paulistas.[15] Henschel morreria no mesmo ano, apenas alguns meses após estabelecer-se em São Paulo. Entretanto, suas empresas, sob o comando de outros empresários, continuariam estrategicamente utilizando seu nome ainda por vários anos, tendo em vista o grande prestígio que a marca "Henschel" adquirira.[16] TécnicaHenschel sempre se manteve atualizado com as últimas novidades técnicas do mercado fotográfico.[16] Quando o padrão estético de fotografia carte-de-visite começou a ganhar o mundo, Henschel já dominava a técnica, a qual utilizou em grande escala em seus estabelecimentos.[16] Seus estúdios possuíam equipamentos de última geração, adequados para o retrato instantâneo de crianças que, irrequietas, eram a dor de cabeça dos fotógrafos.[16] Em um anúncio presente no Novo Almanach de São Paulo para o Anno de 1883, Henschel propagandeava:
O novo processo a que o anúncio se referia era o uso de placas secas de gelatina transparente, utilizadas como camada adesiva para a fixação dos sais de prata sobre o papel.[18] Notas e referênciasNotasReferências
Ligações externas
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