Aeromancia (do grego ἀήρ aḗr, "ar", e manteia, "divinação") é a divinação realizada pela interpretação das condições atmosféricas. Também é chamada de meteoromancia (do grego meteōron, fenômeno celeste, e manteia, divinação).[1][2]
Prática
A aeromancia procura divinar o futuro através das nuvens, das correntes de ar e de eventos cosmológicos, como cometas.[3] Subtipos desta prática incluem: austromancia (divinação através do vento), ceraunoscopia (observação de trovões e relâmpagos), caomancia (visão aérea), meteormancia (divinação através de meteoros e estrelas cadentes) e nefomancia (divinação através das nuvens).[3] Em contrapartida, François de la Torre-Blanca afirma que a arte genuína envolveria a invocação de espectros no ar ou a representação do futuro em uma nuvem ou em uma lanterna mágica com o auxílio de demônios.[4] Alguns escritores, como Eliphas Lévi e Arthur Edward Waite, defendem que a observação das nuvens e dos fenômenos atmosféricos seria apenas uma forma do homem modificar sua forma de pensar, afastando-se dos assuntos mundanos e entrando em um estado contemplativo. O vidente ficaria, desta maneira, receptivo aos sinais recebidos por sua mente que normalmente são abafados pelas atribulações corriqueiras.[2]
Segundo a aeromancia, a passagem de um cometa seria o presságio da morte de um grande homem.[2]
História
O primeiro registro da palavra aeromancia ocorre em Chambers, Cycl. Supp, 1753, definida como "aquele departamento da ciência que trata da atmosfera", não tendo relação com uma forma de divinação.[1] Contudo, variações desta palavra têm sido usado por toda a história, com o exemplo mais antigo sendo da Bíblia, embora acredite-se que a prática fosse empregada pelos antigos sacerdotes babilônicos.[3][5]
Assim, é possível encontrar uma mulher nos dias de Leão, o imperador romano, cujo conhecimento não era devido ao sentido da audição ou às antigas práticas, [mas] pela arte da divinação através das nuvens. A mulher veio de Egas, na Cilícia, sendo oriunda da família dos Orestíadas que habitam na montanha em Comana, na Capadócia. Sua família vem do Peloponeso. Ela dirigiu seus pensamentos a um homem a quem foi confiado um comando militar enviado com outros para a guerra contra os vândalos na Sicília. Ela orou para prever o futuro através de sonhos e orou voltada para o sol nascente. Seu pai lhe recomendou e ordenou em um sonho que orasse voltada para o ocidente. Quando ela orou, uma nuvem do ar superior ficou ao redor do sol, ampliou-se e tomou a forma de um homem. Outra nuvem se separou, ficou do mesmo tamanho e tomou a forma de um leão selvagem, que se enfureceu e, formando um grande abismo, o leão engoliu o homem. A forma humana feita de nuvens era semelhante à de um gótico. Um pouco mais sobre as aparições; então, o próprio imperador Leão matou Aspar, líder dos góticos (em Constantinopla) e seus filhos. Desde aquela época, Anthusa continuou até agora, sem interrupção, a praticar o costume da previsão mântica através das nuvens.[6]
Influência cultural
A aeromancia é citada em Deuteronômio 18, sendo condenada por Moisés.[5] Ela também é condenada por Alberto Magno em Speculum Astronomiae, que descreve a prática como uma derivação da necromancia.[7] A prática foi desacreditada pela análise cética de Luis de Valladolid em sua obra Historia de vita et doctrina Alberti Magni, de 1889.[8]
↑ abHoward, Edwin J. (dezembro de 1942). «Four Words in Coxe's a Short Treatise... of Magicall Sciences». The Johns Hopkins University Press. Modern Language Notes. 57 (8): 675. JSTOR2910532
↑ abcWaite, Arthur Edward (2018). As Ciências Ocultas. Rio de Janeiro: Arcanum Editora. p. 128-129. ISBN9788593699030
↑ abc«Aeromancy». The Element Encyclopedia of the Psychic World. Harper Element. 2006. pp. 8–9
↑Torre-Blanca, François de la (1678). Epitome Delictorum, sive de Magia. Lyons: [s.n.]
↑ abFriedenwald, Harry (janeiro de 1942). «Apologetic Works of Jewish Physicians». University of Pennsylvania Press. The Jewish Quarterly Review. 32 (3): 237. JSTOR1452355
↑Clemens, Zintzen (1967). Damascii vitae Isidori reliquiae. Hildesheim: Olms. p. 98
↑Thorndike, Lynn (julho de 1927). «Alfodhol and Almadel: Hitherto Unnoted Mediaeval Books of Magic in Florentine Manuscripts». Medieval Academy of America. Speculum. 2 (3): 327. JSTOR2847724
↑Collins, David J. (primavera 2010). «Albertus, Magnus or Magus? Magic, Natural Philosophy, and Religious Reform in the Late Middle Ages». The University of Chicago Press. Renaissance Quarterly. 63 (1): 1–44. JSTOR10. PMID20527358. doi:10.1086/652532
↑Johannes Hartlieb (Munique, 1456) The Book of All Forbidden Arts; citado em Láng, p. 124.