Yacimientos Petrolíferos Fiscales

Yacimientos Petrolíferos Fiscales
Yacimientos Petrolíferos Fiscales
Logo da YPF
Razão social YPF S.A.
Empresa de capital aberto
Slogan La energía de cada uno de nosotros puede lograr el sueño de un país
Cotação BCBA: YPFD
NYSE: YPF
Atividade Petróleo e gás natural
Fundação 03 de junho de 1922 (102 anos)
Fundador(es) Hipólito Yrigoyen
Enrique Mosconi
Sede Macacha Güemes 515
Buenos Aires, Argentina Argentina
Área(s) servida(s) Argentina
Presidente Pablo González
Pessoas-chave Sergio Affronti (CEO)
Empregados 19257[1]
Produtos Petróleo
Gás natural
Petroquímicas
Serviços Postos de combustíveis
Transportação de GNL
Refinaria de petróleo
Lucro Aumento US$2,2 bilhões (2022)[2]
Faturamento Aumento US$18,157 bilhões (2022)[2]
Significado da sigla Yacimientos
Petrolíferos
Fiscales
Website oficial www.ypf.com

A Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) é uma empresa estatal petroquímica argentina dedicada à exploração, produção, refino, comercialização de petróleo, gás natural e seus derivados, como combustíveis, biocombustíveis, lubrificantes, fertilizantes, plásticos e outros produtos relacionados à indústria petroquímica, além de atuar na produção de eletricidade.[3] A empresa tem uma composição societária mista, na qual o Estado argentino detém 51% das ações e os 49% restantes estão listados na Bolsa de Valores de Buenos Aires.[3]

É uma das maiores empresas da Argentina e a maior petroleira da região,  empregando direta ou indiretamente mais de 100 000 pessoas em todo o país.[4]

Possui noventa e dois blocos produtivos distribuídos em bacias por todo o território argentino e quarenta e oito blocos exploratórios, sendo a líder na América Latina em petróleo e gás não convencionais (óleo de xisto e gás de xisto), com a formação de Vaca Muerta (a segunda maior reserva de gás não convencional do mundo).[5]

História

Os antecedentes da YPF podem ser encontrados na descoberta de petróleo na área da cidade de Comodoro Rivadavia em 1907. Foi então criada a Direção-Geral da Exploração do Petróleo, com o objetivo de regular a atividade das empresas estrangeiras que começavam a instalar-se no país para a exploração da atividade. Durante a primeira presidência de Hipólito Yrigoyen, entre 1916 e 1922, várias obras foram realizadas para incentivar a extração de petróleo. [6][7][8]

A YPF foi criada pelo Estado argentino por decreto em 3 de junho de 1922. [6][7]

Em 19 de outubro de 1922, poucos dias após Marcelo Torcuato de Alvear assumir a presidência da Argentina, Enrique Mosconi foi nomeado diretor geral da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), onde permaneceria por oito anos, dedicando grandes esforços para aumentar a exploração e desenvolvimento da extração de petróleo. [6][7][8]

Com a YPF, a Argentina foi o segundo país do mundo a ter uma estatal petrolífera verticalmente integrada, depois da União Soviética. Quando os protocolos do acordo estavam para ser assinados, ocorreu o golpe de estado de 1930, que derrubou Hipólito Yrigoyen em seu segundo governo e inaugurou a Década Infame. [6][7][8]

Exploração de petróleo em Los Perales, Santa Cruz, Argentina

Em 1941, iniciou-se a exploração da jazida de carvão de Río Turbio, inicialmente a cargo da YPF. [6][7][8]

Em 1945, sob o governo de Juan Domingo Perón, foi retomada a política energética, através da nacionalização dos hidrocarbonetos que foi amparada pelo artigo 40 da Constituição de 1949. Seguindo uma política industrial desenvolvimentista, a fim de promover a industrialização acelerada do país, incentivou-se a entrada de capital industrial estrangeiro. Com esse objetivo, foi assinado um contrato em 11 de dezembro de 1947 entre a YPF e a petroleira americana Drilexco, para a exploração de quarenta poços de petróleo, já que os recursos que o Estado dispunha para alcançar a autossuficiência não eram suficientes. A lei foi promulgada em 1953. Nesse contexto, um acordo foi assinado em 1954 com a Standard Oil para explorar uma extensa área do sul da Argentina com depósitos que estabeleceram um investimento privado de 13 500 000 dólares em quatro anos para explorar uma área de 50 000 km² na província de Santa Cruz. Após seis anos de governo, a YPF aumentou a produção de petróleo em 50% e alcançou 84% da extração total de petróleo bruto.[9]

A ditadura militar de Juan Carlos Onganía ordenou o fim do monopólio da YPF na década de 1970, permitindo a entrega de novas concessões. [10]

Refinaria da YPF Plaza Huincul

Privatização

Entre 1991 e 1992, foi parcialmente privatizada durante a presidência de Carlos Menem. Em 1993, o Estado argentino detinha 20% das ações e a golden share, enquanto 12% permaneceram com as províncias. O setor privado detinha 46% do capital e era formado por bancos e fundos de investimento de vários países. Em 1998, o setor privado já detinha quase 75% das ações.[11][12]

A YPF foi vendida junto com outras empresas estatais argentinas no governo de Carlos Menem, em 1999, para a companhia espanhola Repsol, que passou a controlar 97,81% da YPF depois de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) da empresa argentina. O Estado argentino vendeu 14,99% das ações da YPF para a Repsol. A transação custou à petrolífera espanhola 13.437 milhões de euros.[13][14]

Em dezembro de 2000, as três companhias argentinas YPF, Astra C.A.P.S.A. e Repsol Argentina S.A., controladas pela Repsol YPF, foram fundidas em uma só, tendo capital social de $ 3 933 127 930.[15]

Em 2011, foi confirmada a existência de reservas de óleo de xisto e gás de xisto no campo Vaca Muerta.[16]

Nacionalização

Estação de gás da YPF em Candelaria, província de Misiones, na Argentina.

A empresa foi alvo de críticas do governo pela falta de investimento e a baixa produção, que levaram a que em 2011, pela primeira vez desde a privatização da empresa na década de 1990, a Argentina ter que importar mais gás e petróleo do que produzia.[17]

Em março de 2012, alguns governos provinciais expropriaram áreas com depósitos de petróleo que estavam sob concessão da Repsol YPF, devido à baixa produção da empresa e à falta de investimentos registrada por muitos anos. [18]

Em 16 de abril de 2012, foi anunciado o envio ao Congresso da Nação Argentina de um projeto de lei que declara "de utilidade pública e sujeito à expropriação" 51% do capital da YPF, momento em que se faria uma intervenção na empresa por um período de 30 dias. [17]

Em 25 de abril de 2012, o Senado argentino deu sanção parcial ao projeto de expropriação, aprovando-o por 63 votos a favor, 3 contra e 4 abstenções, e encaminhando-o à Câmara dos Deputados, que aprovou o projeto em 3 de maio de 2012 por 207 votos a favor, 32 contra e 6 abstenções.[19]

Com maioria no congresso, a presidente Cristina Kirchner conseguiu aprovar a nacionalização de 51% da YPF.[20]

Os governos do Brasil, ​Venezuela, Uruguai e Bolívia manifestaram seu apoio à decisão do governo argentino. O FMI considerou a nacionalização uma "decisão soberana da Argentina".[21][22][23][24][25]

Instalações da YPF em Ushuaia, na Terra do Fogo.

Em 2013, a Repsol renunciou a qualquer tipo de reclamação, quando o Conselho de Administração da Repsol aprovou o acordo de compensação pela nacionalização de 51% das ações da YPF, pelo qual a Argentina garante o pagamento de 5 bilhões de dólares e a renúncia de reclamações futuras, conforme declarado pela Comissão Nacional do Mercado de Valores da Espanha. Em 27 de fevereiro de 2014, foi assinado o Acordo de Solução Amistosa e Expropriação entre a República Argentina e a empresa Repsol. Em 8 de maio de 2014, o acordo entrou em vigor.[26]

Estrutura

Suas operações estão localizadas principalmente nas bacias de Neuquina, Golfo San Jorge, Cuyana, Noroeste e Austral. [27]

A empresa possui três refinarias na Argentina: em La Plata (província de Buenos Aires), Luján de Cuyo (província de Mendoza) e Plaza Huincul (província de Neuquén), além de possuir 50% de participação na planta industrial da Refinor, na província de Salta.  Em relação à produção petroquímica, possui os complexos industriais de Ensenada (província de Buenos Aires) e Plaza Huincul em Neuquén. Possui também 50% de participação na empresa de fertilizantes nitrogenados Profertil, que iniciou a produção de ureia granulada e amônia no início de 2001, após a conclusão da construção de sua fábrica.[27][28][29]

Em abril de 2017, a YPF anunciou a primeira instalação de duzentos postos de carregamento rápido para veículos elétricos, em 110 de seus postos de combustíveis. Assim, tornou-se a primeira do país a oferecer o serviço.[30]

A YPF possui o maior número de postos de gasolina do país, com 59,2% e 56,0% de participação no mercado de vendas de diesel e gasolina, respectivamente, em 2023. É responsável por mais de 50% da capacidade total de refino da Argentina. A produção total da YPF em 2022 foi em média de 503.000 boed, sendo a maior produtora de petróleo e gás da Argentina.[31][32]

Em 2022, cerca de 40% da produção da companhia veio da atividade não convencional (xisto), em especial dos campos de Vaca Muerta.[32]

Em julho de 2023, foi inaugurado o gasoduto GNK para transportar fluidos do campo de petróleo e gás não convencional de Vaca Muerta até a província de Buenos Aires, por 573 km, ao custo de US$ 2,5 bilhões. Há um projeto de extensão do gasoduto até a província de Santa Fé, além de exportação de gás para Chile, Brasil e Uruguai.[33]

A YPF atua no Brasil desde 1998, possuindo uma fábrica própria em Diadema (SP) desde de 2015, com capacidade produtiva de 47 mil toneladas anuais, desenvolvendo uma linha de óleos lubrificantes.[34]

Torre YPF no bairro de Puerto Madero em Buenos Aires.

Subsidiárias

Em 2012, foi anunciada a criação da Y-TEC (YPF Tecnología), empresa de tecnologia no setor de petróleo e gás, de propriedade da YPF (51%) e CONICET (49%) . A sede da empresa fica na cidade de Berisso, perto da refinaria da petroleira.[35]

Em junho de 2018, o conselho de administração da YPF anunciou a criação da YPF Luz, que administra a geração de energia térmica em Tucumán, Neuquén e La Plata e energia eólica em Chubut e Santa Cruz.[36]

Em junho de 2021, foi criada a empresa YPF Litio SA, dedicada à industrialização deste mineral para a fabricação de baterias para veículos elétricos.[37]

Ver também

Referências

  1. https://www.sec.gov/Archives/edgar/data/904851/000119312517115552/d361809d20f.htm
  2. a b https://www.ypf.com/YPFHoy/YPFSalaPrensa/Paginas/Noticias/resultados-2022.aspx  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  3. a b «Somos YPF». lacompania.ypf.com (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  4. Redacción (28 de setembro de 2015). «En cifras: las 5 petroleras más grandes de América Latina». Esglobal (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  5. Clarín.com (26 de fevereiro de 2017). «Vaca Muerta ya tiene pozos con niveles récord de producción». Clarín (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  6. a b c d e David Rock (1988). Argentina, 1516-1987. Desde la colonización española hasta Alfonsín. Buenos Aires: Alianza. p. 125 
  7. a b c d e «Historia de un país. Argentina siglo XX» (PDF). Consultado em 19 de novembro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 25 de janeiro de 2011  Capítulo 8: “Auge y caída del yrigoyenismo”, site do governo argentino
  8. a b c d «Historia y futuro de YPF». www.ypf.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  9. «La Patria Grande». web.archive.org. 11 de fevereiro de 2009. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  10. «Honorable Cámara de Diputados - Proyeto de Declaración» (PDF) 
  11. «C.R.E.E.Pa.Ce.». web.archive.org. 24 de fevereiro de 2013. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  12. Cynthia Álvarez Tagliabue. «LA ACTUAL NATURALEZA JURÍDICA DE YPF S.A. Y SUS IMPLICANCIAS JURÍDI» (PDF) 
  13. Carcar, Santiago (12 de abril de 2012). «El trampolín argentino de Repsol». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  14. País, El (24 de junho de 1999). «Repsol logra el control de YPF al aceptar la OPA el 62% del capital». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  15. «Reseña Histórica»  site Memoria de las Privatizaciones, do Ministerio de Economia Finanzas Públicas, do governo da Argentina
  16. «Secretaría de Energía - República Argentina». web.archive.org. 22 de dezembro de 2014. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  17. a b RTVE.es (16 de abril de 2012). «Argentina expropia YPF filial de Repsol». RTVE.es (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  18. «Otra-quita-para-ypf-en-neuquen-suman-tres-en-una-semana» 
  19. «Por abrumadora mayoría se aprobó la expropiación de YPF - 04.05.2012 - LA NACION». web.archive.org. 7 de novembro de 2015. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  20. «Crónica de una expropiación anunciada – Parlamentario» (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  21. «El FMI niega que haya una ola de expropiaciones». www.minutouno.com. 3 de maio de 2012. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  22. «Página/12 :: Ultimas Noticias :: Brasil respaldó la decisión "soberana" sobre YPF». www.pagina12.com.ar. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  23. «Críticas a Mujica por YPF». Montevideo Portal (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  24. «Página/12 :: Ultimas Noticias :: Venezuela ratificó su "pleno apoyo" a la soberanía hidrocarburífera». www.pagina12.com.ar. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  25. Press, Europa (24 de abril de 2012). «El Parlamento Latinoamericano respalda la nacionalización de YPF». www.notimerica.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  26. Peregil, Francisco (28 de fevereiro de 2014). «Repsol y el Gobierno de Argentina firman el acuerdo de YPF». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  27. a b «Trabajar en YPF». web.archive.org. 6 de novembro de 2013. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  28. Continental, Radio (25 de abril de 2012). «La historia de YPF». Radio Continental (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  29. Sanguinetti, Andres (18 de abril de 2012). «Con su llegada a YPF, el Gobierno tambien desembarca en Profertil». www.cronista.com (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  30. «A la vanguardia del mercado automovilístico y las necesidades del cliente». www.ypf.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  31. «Fitch Ratings». www.fitchratings.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  32. a b «Presentamos los Resultados 2022». www.ypf.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  33. Minas, Estado de (9 de julho de 2023). «Argentina inaugura importante gasoduto para gás de xisto de Vaca Muerta». Estado de Minas. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  34. «Sobre a YPF». YPF Brasil. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  35. «A tres años de haber sido recuperada, YPF sigue creciendo». www.diariojornada.com.ar (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023 
  36. «Nace YPF LUZ». www.ypf.com. Consultado em 1 de agosto de 2023 
  37. «YPF creó una nueva empresa para producir e industrializar litio». iProfesional (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2023