As imagens mostram fogo saindo do centro da aeronave com o avião inclinado para frente. Outro vídeo mostra a aeronave completamente envolvida em chamas, com as asas permanecendo intactas.[3][4] Todos os 367 passageiros e 12 membros da tripulação[5] foram evacuados de acordo com a companhia aérea.[6] Segundo a Guarda Costeira do Japão, havia seis ocupantes na aeronave da Guarda Costeira; um conseguiu escapar enquanto os outros cinco faleceram na colisão.[7] O acidente marca o primeiro incidente grave envolvendo um Airbus A350 e é a primeira perda total desse tipo de aeronave, [8] e também o primeiro acidente fatal e com perda total envolvendo a Japan Airlines desde o voo 123 em 1985.[9][10]
Aeronave e Tripulação
A aeronave envolvida no acidente era um Airbus A350-941[nota 1], registrada como JA13XJ, com número de série do fabricante 538, equipada com dois motores Rolls-Royce Trent XWB. A aeronave realizou seu primeiro voo em setembro de 2021 e foi entregue à Japan Airlines em novembro de 2021.[11]
A aeronave da Guarda Costeira envolvida era um De Havilland Canada Dash 8-300, registrada como JA722A, com número de série do fabricante 656. O JA722A foi fez seu primeiro voo em novembro de 2007 e foi entregue à Guarda Costeira do Japão em fevereiro de 2009.[12] A aeronave envolvida havia sido danificada no sismo e tsumâmi de Tohoku em 2011 enquanto estava estacionado na rampa do Aeroporto de Sendai e foi a única aeronave danificada no sismo a passar por reparos logo após o desastre.[13]
JA13XJ, o Airbus A350 da Japan Airlines envolvido no acidente, em abril de 2023.
JA722A, o Dash-8 da Guarda Costeira Japonesa envolvido no acidente, em 2023.
Acidente
O Voo 516 partiu do Aeroporto de Chitose às 16h27min JST (07h27min UTC) em direção a Haneda.[14] A aeronave veio para pouso após o anoitecer em condições normais de clima, com ventos leves e variáveis, visibilidade acima dos 10 km, poucas nuvens à 610 m (2.000 ft) e uma camada de nuvens à 2.700 m (9.000 ft).[15]
Por volta das 17h47 JST (08h47min UTC), enquanto pousava na pista 34R de Haneda, a aeronave colidiu com um DHC-8-315 Dash 8 da Guarda Costeira do Japão - que não contava com um transponder ADS-B[15] - durante a tentativa de pouso na pista 34R do Aeroporto de Haneda.[16][17] Uma bola de fogo irrompeu de ambas as aeronaves, com o A350 deixando uma trilha de fogo na pista de quase 1 km até parar totalmente.[18][19][20] Bombeiros chegaram no local por volta de três minutos, com 100 viaturas atendendo o chamado.[18] O acidente foi registrado por câmeras de segurança do Terminal 2.[21]
Todos os 367 passageiros e 12 tripulantes no voo 516 foram evacuados pelos escorregadores de evacuação da aeronave.[22][5] Dentre os passageiros, estavam oito crianças.[23] Quatorze pessoas se feriram no acidente, quatro delas tendo que ser enviadas a hospitais, devido a seus ferimentos.[24][25][26][27] As chamas atingiram a parte ventral da aeronave enquanto pousava, com fumaça adentrando a cabine.[28][24] O sistema de anuncios da aeronave parou de funcionar durante o acidente, forçando os comissários a passar as instruções aos passageiros via megafones.[22][10] Foi observado que nenhum passageiros tentou sair da aeronave com sua bagagem de mão, o que acelerou o processo de evacuação.[29] A última pessoa a bordo da aeronave foi evacuada as 18h05min JST (09h05min UTC), 18 minutos após o acidente.[19] De acordo com o Departamento de Bombeiros de Tóquio (TFD), o incêndio havia sido majoritariamente apagado até a meia noite,[30] apesar do fogo ter ruído a célula da aeronave.[27]
Acredita-se que a aeronave da Guarda Costeira do Japão estivesse se preparando para transportar suprimentos para Niigata em resposta ao sismo na Península de Noto de 2024.[31] Esta era uma das quatro aeronaves enviadas pelo governo japonês para prover ajuda nas áreas afetadas pelo sismo.[24] O comandante da aeronave sobreviveu porém, com ferimentos sérios, o restante da tripulação morreu, segundo imprensa local e o Departamento de Bombeiros de Tóquio.[32][33][34][35][36]
Consequências
A aeronave logo atrás do voo 516, o voo Japan Airlines 166 (JAL166), um Boeing 737-800 que estava na aproximação para a pista 34R teve que arremeter a 350 m (1150 ft) e desviar para o Aeroporto Internacional de Narita. Várias outras aeronaves que se encontravam na fila para decolagem de Haneda tiveram que retornar ao terminal após o acidente.[15]
Todas as pistas de Haneda foram temporariamente fechadas logo após o acidente, com muitos voos sendo desviados para Narita, Chūbu Centrair e Kansai.[37] Outros voos foram cancelados devido ao acidente,[38][39] com a All Nippon Airways (ANA) registrando sozinha 112 cancelamentos para o restante do dia [40] e a Japan Airlines (JAL) cancelando 116 voos domésticos.[20] Por volta das 21h30min JST (12h30min GMT), três das quatro pistas de Haneda foram reabertas, de acordo com o Ministério de Território, Infraestrutura, Transporte e Turismo japonês (MLIT).[41] 140 voos foram cancelados durante o dia 3 de janeiro, com 20.000 passageiros afetados pelos cancelamentos após o acidente.[42]
A IATA prestou condolências em sua conta no Twitter aos passageiros e tripulantes de ambas as aeronaves.[43]
A Airbus emitiu um comunicado oficial declarando que enviará equipes para auxiliar as investigações da Japan Transport Safety Board (JTSB) e da Bureau d’Enquêtes et d’Analyses (BEA). No mesmo comunicado, a Airbus declarou que "mais atualizações serão fornecidas assim que informações consolidadas estiverem disponíveis".[44]
A JAL emitiu um comunicado confirmando os eventos do acidente e prestando condolências as famílias e amigos dos cinco mortos no acidente. Também se pediu desculpas pela inconveniência causada aos passageiros, amigos, famílias e todos os envolvidos no acidente, além de garantir que iria auxiliar nas investigações.[45] A JAL também ofereceu reembolsos totais e remarcações gratuitas até o dia 31 de janeiro a todos os passageiros que tinham voos marcados de 2 de janeiro até 1º de abril.[46]
Investigação
O Japan Transport Safety Board (JTSB) anunciou que havia recuperado os gravadores de voz e dados do Dash-8 da Guarda Costeira, enquanto o do A350 ainda está sendo procurado.[47]
A francesa Bureau d’Enquêtes et d’Analyses (BEA) anunciou em sua conta no Twitter que cooperará com a Airbus durante a investigação.[48][49] Também foi declarado que serão enviadas equipes para o Japão para investigar o caso.[50]
O MLIT liberou a público as transcrições do controle de tráfego aéreo, cobrindo os últimos 4 minutos e 27 segundos antes do acidente.[51] As transcrições mostraram que os controladores de voo haviam liberado a aeronave da JAL para pousar na pista 34R,[18] enquanto a aeronave da Guarda Costeira foi instruída a se manter na pista de taxi, nas proximidades da cabeceira da pista 34R.[52] Porém, a NHK citou uma fonte que declarou que a aeronave da guarda costeira havia recebido autorização para decolar.[53] Também foi reportado que a polícia japonesa estava investigando possíveis negligências profissionais como causa do acidente.[27]
↑O sufixo 9 denota uma aeronave da variante 900 do A350, já o 41 é o código da Airbus para aeronaves com o motor Rolls-Royce Treint XWB-75. Na época do acidente, esse era o único motor disponível para a aeronave.