Veadeiro-pampeano
Veadeiro-pampeano é uma raça de cães de caça desenvolvida do Brasil,[1][2] mas que possuí também origem em outros dois países vizinhos: Argentina e Uruguai. No Brasil, ocorre de maneira mais distribuída, onde está sendo feito todo o trabalho de reconhecimento oficial da raça.[3] Sua função original, pela qual recebeu seu nome, era rastrear e capturar veados e cervos. Ainda hoje é muito utilizado como cão de caça a outros animais, principalmente na caça de javali. Apesar do nome, o veadeiro pampeano trata-se de uma raça diferente e separada da veadeiro-nacional, e as duas raças são reconhecidas pela CBKC.[4] SOBRACI e ALKC.[5] HistóriaApesar de comprovado que o veadeiro-pampeano, originalmente conhecido como veadeiro, cerveiro (caçador de cervo) ou bianchini (que significa "alvo, branco, ou claro") existe há muito tempo e que seus proprietários através do cruzamento entre os melhores cães caçadores, sempre mantiveram suas características inalteradas.[6] Só em 1950 tentou-se, sem sucesso, o registro da raça. No ano 2000, após árduo trabalho do já falecido cinófilo Carlos Lafaiete Seibert Bacelar, a raça finalmente passou a ser reconhecida oficialmente pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC),[7] porém ainda não é reconhecida por qualquer entidade cinófila uruguaia ou argentina. Hoje os criadores brasileiros deste cão estão buscando o reconhecimento também da Federação Cinológica Internacional.[3] A origem do veadeiro ainda não é conclusiva, mas duas hipóteses são as mais prováveis. A primeira é de que este cão descenda do grupo dos cães primitivos, como os podengos ibéricos trazidos a América do Sul na época em que Brasil e Uruguai eram colônias.[7] Posteriormente teriam chegado pela fronteira à Argentina, acompanhando caçadores, estes cães primitivos ao chegarem no novo mundo teriam sido largamente utilizados na caça de subsistência das populações rurais, e se adaptado ao novo clima, com isto teria se originado uma nova raça. A seleção feita pelos caçadores, sempre acasalando os melhores cães para a caça também teria contribuído na formação da raça. Estudos feitos por Carlos Bacelar comprovam que até a quarta geração de uma família criava veadeiros para a caça, em outras palavras até os bisavós de entrevistados criaram o veadeiro.[7] A segunda hipótese é de que ele seria um cão nativo da América do Sul, hipótese que é apoiada no fato deste cão poder ser encontrado em várias regiões do Brasil, em especial toda a extensão das regiões sul e centro-oeste, e também nas regiões norte da Argentina e norte do Uruguai[7] em especial a região dos pampas dos três países, inclusive, seu batismo oficial como veadeiro "pampeano" foi feito porque acreditava-se que a incidência desta raça se restringia apenas à região dos pampas gaúchos e em menor incidência nos pampas argentinos e uruguaios, porém depois foi constatado sua grande presença em outras regiões do Brasil.[7] Inclusive esta segunda hipótese de que seriam cães nativos incentivou pesquisas do Centro de Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - (UFRGS) e do Museu de Ciências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - (PUC-RS), a fim de comprova-la.[7] Mesmo com as pesquisas sobre sua origem em andamento, a maioria dos exemplares que se encaixam dentro do padrão definido como ideal estão sendo identificados por meio de microchips. Espera-se com isso conseguir criar linhas de sangue formadas por casais não aparentados o que permitirá a constituição da árvore genealógica da raça e com isso o reconhecimento internacional.[3] UsoNa caça é um perseguidor implacável que não se intimida com obstáculos, começa buscando a presa farejando o solo. É um excelente farejador. Encontrado o rastro, segue a caça a galope, mesmo que sejam precisos dois dias ininterruptos para alcançá-la,[6] após encontrá-la, o veadeiro abate a presa e a traz ao caçador, ou, se não conseguir abatê-la, a acua e a põe ao alcance do caçador.[6] Sua atuação pode ser acompanhada pelos uivos que emite, faz sons diferentes para cada situação: um ao encontrar o rastro, outro ao perdê-lo e outro quando está próximo à presa.[6] Pode caçar sozinho, em dupla ou em matilha,[6] acompanhado ou não do dono. Enfrenta veado e até javali. Também caça capivara, e pela sua velocidade é exímio caçador de lebres e preás.[6] Devido a seu uso na caça em matilhas, possui um comportamento grupal tranquilo,[1] é um excelente cão de companhia por ser bastante dócil e amistoso com crianças,[6] inclusive aceitando ser perturbado por elas sem avançar,[7] e também é muito apegado ao dono. Muito dificilmente atacaria um invasor, mas é um excelente cão de alarme, sempre late alertando sobre a presença de estranhos.[6] Sua inteligência e agilidade, em alguns casos já foi usada na lidas do campo com razoável sucesso, como auxílio no pastoreio ovino e bovino, mas seu forte certamente é a caça. AparênciaÉ um cão de porte médio, longilíneo, com boa musculatura denotando força e rusticidade, esbelto, sem no entanto parecer muito magro, possui físico propício à velocidade.[7] A cauda é portada baixa, com comprimento que não deve ultrapassar os jarretes, alguns exemplares podem apresentar uma pequena franja na parte inferior da cauda. A trufa pode ser preta, marrom ou cor de carne e o focinho é de comprimento igual ao do crânio, com stop (região de encontro da testa com o focinho) não muito marcado, as orelhas são pontiagudas, dobradas para trás (em rosa) e eretas quando em alerta, já os olhos são esverdeados ou cor avelã em várias tonalidades.[1] A pelagem é simples, com pelo curto, reto, denso e áspero, sem subpêlo, por isso não possui odor,[6] as cores vão do baio leonino, passando por várias tonalidades de baio até chegar ao baio claro e o branco,[1] sendo estas ultimas cores as mais comuns, podendo ter estas cores de forma sólida ou podendo apresentar alguma marca pequena ou grande de uma destas cores. É permitida a presença de uma coleira branca e mancha branca no peito e nas patas.[1]
Ver também
Referências
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