Urubuzinho

Como ler uma infocaixa de taxonomiaUrubuzinho

Ilustração do urubuzinho de 1841 feita por William John Swainson
Ilustração do urubuzinho de 1841 feita por William John Swainson
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Piciformes
Família: Bucconidae
Género: Chelidoptera
Espécie: C. tenebrosa
Nome binomial
Chelidoptera tenebrosa
(Pallas, 1782)
Distribuição geográfica
Distribuição do urubuzinho na América do Sul
Distribuição do urubuzinho na América do Sul

O urubuzinho[2] (nome científico: Chelidoptera tenebrosa), também conhecido como taterá, andorinha-cavaleira, andorinha-do-mato e miolinho,[3] é uma espécie de ave piciforme da família dos buconídeos (Bucconidae), a única do gênero Chelidoptera. Esta ave ser encontrada no Brasil e em toda a Bacia Amazônica; também Bolívia, Colômbia, Equador, Guianas (Guiana, Suriname, Guiana Francesa), Peru e Venezuela. Seus habitats naturais são florestas de terras baixas úmidas tropicais ou subtropicais, pântanos e florestas degradadas.[1]

Etimologia

O nome vernáculo urubuzinho é o diminutivo de urubu. Urubu vem do tupi uru'wu em sentido definido.[4] O étimo foi registrado em 1648 como orubù e 1817 como urubús.[5]taterá ou tetera pode ser uma alteração de taperá, que derivou do tupi ta'pera no sentido de "aldeia indígena abandonada, habitação em ruínas" (tawa no sentido de "taba" e pwera no sentido de "que foi").[6] Antenor Nascentes sugeriu que taterá derivou diretamente do tupi ta'tera, que divergiu de tape'ra no sentido de "espécie de pássaro" (lit. "saído da tapera"). Teodoro Sampaio em O Tupi na Geografia Nacional (TupGN) propôs que seja uma designação de pássaros que se aninham nas taperas.[7]

Descrição

Possui entre 14–15 centímetros e pesa cerca de 30–41,5 gramas. Sua plumagem vai do negro ao cinzento-escuro. O uropígio, a parte inferior das asas e a base da cauda são brancas; seu abdome é amarelo-avermelhado. O bico é curto, ligeiramente curvado para baixo e preto; as asas são largas e longas; a cauda é curta, larga e preta. O queixo é embranquecido e a garganta é cinzenta, com longas penas. A coloração do peito vai do preto a cinza, e há uma faixa alaranjada na parte inferior das partes inferiores.[8][9] Possui uma pálpebra inferior branca como gesso, contrastando com a face escura. Asas desproporcionalmente longas e largas, em voo mantém as pontas abertas como fazem os urubus.[10]

Subespécies

Três subespécies são reconhecidas atualmente:[9]

Dieta

O urubuzinho é uma ave silenciosa que fica por longos períodos no topo de uma árvore sem se mover. Captura insetos no ar, normalmente retornando ao mesmo poleiro. Sua dieta consiste majoritariamente em insetos voadores, incluindo formigas-aladas. Em geral, alimenta-se de insetos voadores de pequeno a médio porte, como himenópteros (apídeos [Apidae], meliponíneos [Meliponinae], formicídeos [Formicidae]), coleópteros, homópteros (fulgorídeos [Fulgoridae]), heterópteros, ortópteros, isópteros, dípteros.[9][13]

Reprodução

Se reproduz de janeiro a junho e novembro na Venezuela; no Suriname, sua reprodução ocorre em julho-dezembro e março-abril; e ocorre em agosto-novembro na Guiana Francesa. Constroem seus ninhos em solo arenoso, formando uma toca de 60 a 90 centímetros de comprimento, frequentemente próximo ao rio. A ninhada consiste geralmente em 1-2 ovos, com um período de incubação de 15 dias.[9]

Conservação

O urubuzinho tem um alcance extremamente grande e sua apresenta tendência populacional crescente. O tamanho da população não foi quantificado, mas acredita-se que não se aproxime dos limites à classificação como vulnerável sob o critério de tamanho populacional (<10 mil indivíduos maduros com um declínio contínuo estimado em >10% em dez anos ou três gerações, ou com um estrutura populacional). Por esses motivos, a espécie foi avaliada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) como menos preocupante.[1] No Brasil, consta em várias listas de conservação: em 2005, foi classificado como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] em 2014, como em criticamente em perigo no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[15] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)[16][17] e em perigo na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[18]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2016). «Swallow-winged Puffbird Chelidoptera tenebrosa». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016. Consultado em 12 de novembro de 2021 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 171. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. «Urubuzinho | Michaelis On-line». Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa 
  4. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1743 
  5. Grande Dicionário Houaiss, verbete urubu
  6. Grande Dicionário Houaiss, verbete tapera
  7. Grande Dicionário Houaiss, verbete tatera
  8. van Perlo, Ber (2009). A Field Guide to the Birds of Brazil (em inglês). Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 9780199745654 
  9. a b c d Rasmussen, P. C.; Collar, N. (2020). «Swallow-winged Puffbird (Chelidoptera tenebrosa)». In: J. del Hoyo; A. Elliott; J. Sargatal; D. A. Christie; E. de Juana. Birds of the World (em inglês). Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornel de Ornitologia. doi:10.2173/bow.swwpuf1.01. Consultado em 8 de julho de 2022. Cópia arquivada em 17 de janeiro de 2021 
  10. Sick, Helmut (1997). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. pp. 485, 489. ISBN 85-209-0816-0 
  11. «Chelidoptera tenebrosa (Pallas, 1782)». Avibase. Consultado em 8 de julho de 2022. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2022 
  12. Dickinson, E. C.; Remsen, J. V. (2013). The Howard and Moore Complete Checklist of the Birds of the World. 1 4 ed. Eastbourne, UK: Aves Press 
  13. «Swallow-winged Puffbird (Chelidoptera tenebrosa (em inglês). Planet of Birds. 8 de junho de 2011 
  14. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  15. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  16. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  17. «Chelidoptera tenebrosa». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 8 de julho de 2022. Cópia arquivada em 8 de julho de 2022 
  18. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022