Foi fundado em um terreiro do bairro em 1972 por nomes conhecidos na região, tais como Ismail Gonçalves, Guilherme Monteiro Alves, Mano Gim, Adilson Ribeiro da Silva (Mestre Ditão) e outras figuras históricas do bairro. O Bloco Carnavalesco Unidos de Jucutuquara em seu início não havia enredo, e os integrantes (só homens) saiam todos de tamanco, vestindo roupas que se assemelhavam a vestimentas femininas, apenas por brincadeira, depois a fantasia oficial passou a ser de pescador e com o passar do tempo foram surgindo outras fantasias e as mulheres começaram a participar do bloco.
A partir de 1980 o bloco começou a participar dos concursos, sendo campeão por cinco anos consecutivos, dessa forma a Prefeitura de Vitória (Espírito Santo) sugeriu, em 1986, a transformação do bloco em escola de samba, ganhando a denominação atual. No seu primeiro desfile como escola de samba, a Unidos de Jucutuquara foi a grande campeã do segundo grupo e em seu primeiro desfile no 1° Grupo já conseguiu o vice-campeonato.[1]
No ano de 1989, há a primeira eleição direta para presidente da Escola de Samba, embalada pelos ventos da redemocratização brasileira. Sendo candidatos o Alarico Duarte, apoiado pela diretoria, e, Luiz Fernando Barbosa Santos, candidato identificado com as bases da escola, principalmente, pela bateria do qual era egresso. Assim, é eleito o Luiz Fernando com o slogan "Raça, Luiz Fernando a voz das massas", fazendo um desfile memorável, pelas mãos do carnavalesco João Marcos, com o enredo "Rei por um dia" com uma narrativa sobre os sentimentos do folião quando estava no momento mágico do desfile.[2]
Por razões políticas com a então Associação Capixaba das Escolas de Samba (ACES), esta por não aceitar a evolução de uma nova força do carnaval para competir com a Novo Império, penaliza a escola sob o argumento dos empurradores de carro não estarem uniformizados, item sequer presente no regulamento do carnaval. A Unidos de Jucutuquara se insurge e, organiza uma transformação na ACES voltada para a imparcialidade e transparência, em nome da construção do carnaval. Apoiam o representante da Unidos da Piedade para a presidência e, se preparam fortemente para o carnaval de 1990.
No carnaval de 1990, a Unidos de Jucutuquara inova com a constituição de uma Comissão de Carnaval, constituída por Sueli Celestino, Robson Paysan, Tadeu Campostrini e Lucio Cezar, criando o enredo, tema antes de estrita responsabilidade do carnavalesco, e desenvolvem um enredo sobre a formação da identidade do povo capixaba, usando como elemento da narrativa o maior símbolo desta identidade, a culinária! Assim, a tortacapixaba que, antes era um elemento voltado para a alimentação, passa a alimentar o sonho do primeiro campeonato da Escola de Samba.[2]
Com um figurino altamente identificado com o enredo, a escola sagrou-se campeoníssima, com enorme reconhecimento da imprensa e dos críticos do carnaval, inclusive da intelectualidade que enaltece o pioneirismo da Jucutuquara ao romper com o ciclo de enredos copiados das escolas do Rio de Janeiro e fantasias usadas no carnaval por aquelas, utilizados pela maioria das demais escolas de samba de Vitória.
Assim a Jucutuquara se consagra como uma forte e estruturada escola de samba sob a presidência de Luiz Fernando Barbosa Santos, que estrutura a escola com presidentes de ala e com uma forte presença da comunidade no processo decisório da agremiação carnavalesca, ainda embalado pelo compromisso de democratização da Escola e do fortalecimento institucional a partir da comunidade, impulsionado pelos ventos da redemocratização brasileira.
Entre 1993 e 1997, não houve desfiles no Carnaval de Vitória, depois deste grande hiato, a agremiação voltou em 1998 em um desfile não competitivo com o enredo "Retorno: Carnaval, A Alegria Está de Volta", foi um grande desfile, o samba, de Zé Kuruba, é cantado até hoje como samba exaltação da agremiação.
Após esse período, sob a presidência de Rogério Sarmento, a Unidos de Jucutuquara foi tetracampeã (2006, 2007, 2008 e 2009) do Carnaval de Vitória. Com isso, a escola totaliza sete títulos (1990, 2002, 2004, 2006, 2007, 2008 e 2009) e cinco títulos de vice-campeã (1988, 1989, 2005, 2015 e 2023), em alguns títulos, a Jucutuquara, contou com o carnavalesco carioca Orlando Júnior.
Em 2009, com o enredo sobre o Convento da Penha obteve o tetracampeonato. No ano seguinte, a escola perdeu o carnavalesco Orlando Júnior, que foi para a Independente de Boa Vista e trouxe o carnavalesco Flávio Campello.[3] que desenvolveu o enredo O Espírito Santo Azul. O desfile acabou sendo atrasado por outras agremiações que não se posicionaram no tempo determinado pelo regulamento. A situação demorou quase duas horas, para ser resolvida[4] que culminou na 5º colocação.
Para 2011, a direção trouxe de volta o carnavalesco Orlando Júnior.[5] Em 2012, a diretoria da escola chegou a manifestar a possibilidade de não desfilar, devido a dívidas de carnav
ais passados.[6] Após o pedido de licença do então presidente Braulino Gomes da Silveira, a escola passou a ser presidida interinamente pelo Conselho Deliberativo, que garantiu o desfile[7] sobre Parintins e seus bois.[8] Naquele ano, chegou a anunciar Kyscila Barcellos, como rainha de bateria,[9] mas pouco antes do desfile esta substituída por Tatiana Paysan, que havia passado a coroa, mas foi novamente convidada para o Desfile.[10]
Para o ano de 2015, os principais segmentos da escola tiveram alterações, a começar pela Comissão de Frente, que ficou ao cargo de Andrezinho Castro, coreógrafo multipremiado. Este pediu dispensa da escola para seguir com seu trabalho profissionalmente no carnaval com a sua Companhia de Dança. Pouco antes do desfile, a escola perdeu seu presidente e fundador Mestre Ditão, que infartou.[11]
Em 2016 a escola desfilou com um enredo sobre a cidade de Vitória, na qual garantiu o vice-campeonato.[12]
Década de 2010
“É para retratar mesmo os efeitos das matas, onde os negros se refugiavam para lutar e proteger o quilombo de Ambrósio. Os negros fujões, os brancos que não podiam pagar pelos seus impostos. O Ambrósio era como um coração de mãe, agregava a todos”
Petterson Alves
2018: "Ambrósio"
Em 2018, com a contratação de Petterson Alves, a agremiação anunciou que seu enredo seria sobre Ambrósio, o escravo que comprou sua liberdade, e ajudou outros escravos a serem libertados. [13] Com a saída de Kleber Simpatia, a agremiação contratou Ricardinho de Oliveira, conhecido pelo seus longos anos na Mocidade Unida da Glória. Além disso, a escola contratou Junior Caprichosos como mestre de bateria.
As fantasias da agremiação, contavam com elementos que relembravam África, como explicou o carnavalesco.
2019: "O Rosário do Bispo e Seu Delirante Inventário do Universo"
Com a volta de Rogério Sarmento na presidência da agremiação, a escola anuncia que Orlando Júnior voltaria a posição de carnavalesco na agremiação, além disso, Kleber Simpatia também se tornaria intérprete da agremiação mais uma vez. O enredo, contaria a história de Bispo do Rosário, artista plástico sergipano. [14] A agremiação também desligou Mestre Serginho da bateria, o repondo com Junior Caprichosos. [14]
A agremiação foi a última a desfilar e levantou todo o Sambão do Povo, mas só conseguiu chegar ao 4º lugar. [15]
Década de 2020
2020: "Griot"
Após o carnaval de 2019, a agremiação desligou o carnavalesco Orlando Júnior, contratando a dupla de irmãos Jorge Mayko e Vanderson César, que não muito depois, viriam a anunciar o enredo, Griot. O enredo prometia desenvolver e contar sobre os anciões africanos, aqueles que preservam as histórias, mitos, canções, danças e tradições milenares dos povos africanos [16][17]
A Jucutuquara vai falar sobre os sábios, o anciãos africanos que têm essa missão de ensinar os mais novos através da oralidade. E a gente vai transportar isso para a música, a dança, a literatura, e valorizar o que o negro tem de melhor
— Jorge Mayko
Pouco antes dos desfiles, a agremiação desligou Kleber Simpatia novamente, substituindo-o por Celso Júnior. [18] Nesse estado, a agremiação conquistou a 3ª posição naquele ano, recebeu também dois prêmios Faisão de Ouro de "Melhor enredo" e "Melhor conjunto de fantasias". [19][20][21]
2022: "O Povo Inteiro Vai Saber, É Jucutuquara Que Vem Lá!"
Depois da paralisação dos desfiles devido a Pandemia de COVID-19, a escola decidiu que iria comemorar seus 50 anos de história na avenida, com a renovação dos carnavalescos, a dupla desenvolveu o enredo "O Povo Inteiro Vai Saber, É Jucutuquara Que Vem Lá!", o nome, vem de um trecho do samba de 1988, composto por Zé Kuruba, e atual samba exaltação da agremiação. Na equipe musical, Junior Caprichosos foi desligado do cargo, dando espaço novamente a Serginho, ou "Cabeça", como mestre da bateria. Celso Júnior também viria a ser desligado, dando espaço a Igor Sorriso no cargo de intérprete.
O enredo contou parte da história do bairro, o samba fazia referência aos antigos bondes que tinham no bairro, a Pedra dos Dois Olhos, o Mercado São Sebastião, exaltando também, a agremiação. [22][23] Contudo, a agremiação ficou em 5º lugar naquele ano. [24]
2023: "Onde Ocê Foi Morar"
Para o ano de 2023, o cargo de carnavalesco foi esvaziado, mas não por muito tempo, já que Osvaldo Garcia não demoraria muito para ocupa-lo. O enredo também não levaria muito tempo para ser anunciado, "Onde Ocê Foi Morar" contaria a história dos retirantes nordestinos, que saiam do nordeste brasileiro com as roupas do corpo e viam ao Espírito Santo procurando uma vida melhor. [25] Na parte musical, Mestre Serginho e Igor Sorriso haviam sido desligados do cargo, com isso, abriram espaço para Glaydson Santos como mestre de bateria, e Danilo Cezar como intérprete.
A agremiação encantou o Sambão do Povo, e conquistou o segundo lugar naquele ano. [26][27]
2024: "Gassho: Caminhos de Sabedoria"
Ainda em 2023, o Carnaval de Vitória recebeu pela primeira vez os minidesfiles, [28] um projeto da LIESGE, na qual apresentou pela primeira vez seu enredo para 2024, "Gassho: Caminhos de Sabedoria",[29] o evento não foi competitivo, servindo apenas como uma curta prévia do que virá a ser mostrado no campeonato de 2024.
Com a equipe renovada, no carnaval de 2024, a agremiação levou o enredo "Gassho: Caminhos de Sabedoria", assinado pelo carnavalesco Osvaldo Garcia, no qual a agremiação homenageou e contou a história do Mosteiro Zen Morro da Vargem, que abriga o Buda de Ibiraçu, contando suas tradições e a história daqueles que vieram aqui, e construíram o mosteiro. A agremiação homenageou também todos os diferentes tipos do budismo em uma de suas alas. Uma surpresa para os torcedores, foi a coruja no abre-alas, que pela primeira vez em toda a história da agremiação, veio fantasiada. Vestida como um samurai, o mascote da agremiação perfumava a avenida com o cheiro de rosas utilizando um tipo de difusor de aromas. O abade do mosteiro, monge Daiju Bitti, acompanhou o desfile, e alega ter se emocionado com a homenagem feita pela agremiação. [30]
No entanto, a agremiação ficou em 5º lugar. Receberam também os prêmios Feras do Carnaval de "Melhor Escola" e "Melhor Comissão de Frente", e o Trófeu Capixabices para a ala de passistas. [31][32]
2025: "Pulsar da Vida"
Para 2025, com a troca de presidentes, a equipe da escola mudou. Na bateria, Mestre Junior Caprichosos retorna ao cargo que havia deixado em 2020, após a saída de Mestre Genivaldo, que também havia retornado ao cargo no mês de junho. [33] Além disso, o carnavalesco carioca Orlando Júnior, tricampeão pela escola, foi recontratado depois de 5 anos fora da agremiação. A agremiação posteriormente anunciaria seu enredo, nomeado de "Pulsar da Vida", contando e exaltando as emoções que pulsam ao longo da vida. [34]
Símbolos
Nome
A agremiação carrega o nome do bloco do qual se originou, Unidos de Jucutuquara, que se dá pelo nome do bairro da qual se originou, Jucutuquara e também, por a comunidade se considerar muito unida, a essência do bloco era a força das famílias e amigos unidos.
Cores
As cores da agremiação se deram devido a maioria dos fundadores torcerem para o Fluminense, carregando então as cores verde, vermelho, e branco.
Símbolo
Quando bloco, a Unidos de Jucutuquara carregava na sua bandeira um siri, mas quando se tornou uma agremiação oficial, passou a ter como símbolo a Coruja. A ideia da coruja como símbolo veio de uma lenda que dá nome ao bairro. Jucutuquara é uma corruptela indígena para jucu-ita-quera, que significa "Pássaro do buraco na pedra".[35] A lenda conta que na Pedra dos Dois Olhos, montanha que fica na região do bairro, corujas buraqueiras se abrigavam, dentro de dois grandes buracos que se assemelham a olhos. Sendo assim, a coruja se tornou símbolo tanto do bairro, como da escola.
Alcunhas
"Nação" é o apelido que a agremiação tem, apelido que não só serve para a agremiação mas também para a torcida, e também para a bateria. Apelido dado pela própria comunidade do bairro de Jucutuquara, que se denomina uma nação por serem unidos.
A bateria da escola é denominada de Bateria da Nação, atualmente, é chefiada por Mestre Genivaldo. A bateria da agremiação já levou outros nomes, como "Bateria Cadenciada" na época de Mestre Edmilson, carinhosamente apelidado de Mestre Fumaça.
A atual quadra da Unidos de Jucutuquara originalmente era um clube, conhecido como Anchieta Social Clube, o local passou a servir como quadra da escola, hospedando eventos e ensaios, e passando a ser conhecido como Arena Coruja, a área também contava com um espaço pra eventos. A quadra fica localizada na Av. Paulino Muller, 1409 em Cruzamento, Vitória.
Nos tempos de bloco, existia uma parceria com a família Varejão que deixava o bloco ensaiar na quadra da Escola Olho Vivo.
Em 2018 e 2023, a Prefeitura de Vitória em parceria com a escola, cedeu um espaço conhecido como Mercado São Sebastião que além de ser patrimônio histórico, estava sem utilização. Em parceria também com a associação de moradores do bairro, a escola passou a oferecer oficinas de ritmistas, e também começou a fazer alguns ensaios de bateria por lá, fazendo com que a escola tivesse grande influência em ações sociais dentro da própria comunidade.
Para 2025, a agremiação decide reformar e retornar todas suas atividades ao Anchieta Social Clube.
Discografia
Além das aparições nos álbuns e CD's de samba-enredo, a agremiação também lançou singles de forma independente da LIESGE.
2012 - A Centenária Noite do Sabiá da Crônica
2016 - Vitória (Ao Vivo)
2017 - Ambrósio (Ao Vivo)
2018 - O Rosário do Bispo e Seu Delirante Inventário do Universo (Ao Vivo)
↑Carnaval 99. Repositório Digital TVE Espírito Santo (publicado em 21 de março de 2023). 6 de fevereiro de 1999. No minuto 0:40. Consultado em 27 de setembro de 2024
↑Carnaval 2000. Repositório Digital TVE Espírito Santo (publicado em 21 de março de 2023). 6 de março de 2000. No minuto 7:00. Consultado em 18 de novembro de 2024