Tereza Grossi
Tereza Grossi (Itajubá, 25 de janeiro de 1949 — São Paulo, 22 de setembro de 2023) foi uma contadora e administradora brasileira, ex-diretora de Fiscalização do Banco Central do Brasil entre março de 2000 e março de 2003.[2] Formação acadêmicaEm julho de 1977, Grossi graduou-se em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Minas Gerais (UC-MG) e em dezembro do mesmo ano, em Administração pela mesma instituição.[1] CarreiraBanco Central: antes e duranteGrossi passou muitos anos trabalhando em cargos administrativos e de secretaria em empresas privadas. Desempregada em 1984, fez um concurso para auditora do Bacen e foi aprovada.[3] Na instituição, foi galgando postos (inicialmente em Belo Horizonte) até que em 1997 chegou ao Departamento de Fiscalização, tendo sido transferida para Brasília.[1] No início de 2000, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, empenhou-se pessoalmente para que ela se tornasse a primeira mulher a assumir uma diretoria do BC.[3] A indicação foi recebida com estranheza no Senado Federal, visto que Grossi havia sido apontada pela CPI dos Bancos como uma das responsáveis pela manobra de salvamento dos bancos Marka e FonteCindam em janeiro de 1999 (os quais, a despeito da generosa ajuda financeira recebida - R$ 1,5 bilhão de reais - foram à bancarrota).[1] Superando as resistências ao seu nome, Grossi teve confirmada sua nomeação como Diretora de Fiscalização do BC em 30 de março de 2000.[2] Em junho de 2000, todavia, ela foi denunciada pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, acusada de haver prestado auxílio indevido aos bancos Marka e FonteCindam, lesando os cofres públicos. Pelo mesmo motivo, era então ré em quatro outros processos movidos pelo Ministério Público de Brasília.[4] Apesar de tudo, Armínio Fraga reiterou à época ter "total confiança" em sua subordinada.[5] Em sua defesa, Grossi afirmou que uma simples chefe de departamento interina (cargo que ocupava em 1999) não teria o poder para autorizar uma operação vultosa como a efetuada para o resgate do Marka/FonteCindam. A decisão teria partido da diretoria do BC e do seu presidente na época (Francisco Lopes), cabendo a ela tão somente a implementação técnica da mesma.[6] No final de agosto de 2000, uma alteração no artigo de uma medida provisória foi vista como uma retaliação contra procuradores do BC, que haviam recusado-se a defender Grossi contra as acusações de peculato no processo movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Pela medida provisória, os procuradores só estariam autorizados a abrir uma investigação (sobre qualquer assunto) após uma solicitação formal à diretoria do órgão. Em setembro do mesmo ano, Grossi teve concedida sua aposentadoria como Analista de Nível B.[7] Por conta das investigações sobre o escândalo Marka/FonteCindam, Grossi foi afastada judicialmente de suas funções por duas vezes: de 1 a 4 de agosto de 2000, e de 4 a 23 de outubro de 2001.[2][8] Em 2008, foi absolvida das acusações de peculato pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro, os quais entenderam que ela apenas havia cumprido ordens superiores.[9] Todavia, em 2012, foi condenada pela Justiça Federal do DF, juntamente com outros diretores do BC, a BM&F, Francisco Lopes e o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, em duas ações de improbidade administrativa propostas pelo MPF/DF e duas de iniciativa popular. Com as multas e a correção monetária, o valor a ser devolvido aos cofres públicos montaria a mais de R$ 6 bilhões. Ainda cabe recurso da sentença.[10][11] Após o BCGrossi permaneceu no BC durante a fase de transição, após a mudança de governo na eleição presidencial de 2002.[12] Foi exonerada em 13 de março de 2003 e desde então, retomou sua carreira na iniciativa privada.[2] Entre fevereiro de 2004 e novembro de 2008, Grossi foi membro do Conselho de Administração do Itaú Unibanco Holding S.A.. É membro do Comitê de Auditoria da B3 desde 2009. Foi membro do Comitê de Auditoria da Porto Seguro S.A. entre 2009 e 2011, coordenadora do Comitê de Auditoria e Gestão de Riscos da Itautec S.A. desde setembro de 2010 e do Comitê de Divulgação desde maio de 2011. É presidente do Conselho Fiscal da Itaúsa – Investimentos Itaú S.A., desde abril de 2011 e presidente do Comitê de Auditoria e de Gerenciamento de Riscos da Duratex S.A. desde abril de 2013.[13] MorteMorreu em 22 de setembro de 2023 e a causa da morte não foi divulgada.[14][15]
Referências
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