A síndrome de Gilbert (em inglês: Gilbert's syndrome, GS) é uma doença hepatopatia leve na qual o fígado não processa adequadamente a bilirrubina.[1] É uma doença inofensiva, e muitas pessoas nunca têm os sintomas.[1][2] Ocasionalmente, pode ocorrer uma leve coloração amarelada da pele ou da parte branca dos olhos(esclera do olho)[1], e outros possíveis sintomas incluem cansaço, fraqueza e dor abdominal.[1]
A síndrome de Gilbert ocorre devida a uma mutação no gene UGT1A1 e que resulta na diminuição da atividade da enzima Uridina Difosfato Bilirrubina glucuronosiltransferase (UGT1A1).[1][3] Esta doença é tipicamente herdada de um padrão autossômico recessivo e ocasionalmente, dependendo do tipo de mutação, de um padrão autossômico dominante.[3] Os episódios de icterícia podem ser desencadeados por estresse, bem como exercícios, menstruação ou não-alimentação.[3] O diagnóstico baseia-se em níveis mais elevados de bilirrubina não conjugada no sangue, sem sinais de outros problemas hepáticos ou de destruição dos glóbulos vermelhos.[4][3]
Normalmente, nenhum tratamento é necessário.[1] Se a icterícia for significativa, o Fenobarbital pode ser usado.[1] A síndrome de Gilbert afeta cerca de 5% das pessoas nos Estados Unidos.[3] Os homens são mais frequentemente diagnosticados do que as mulheres.[1] Frequentemente não é notado até a infância tardia e o início da idade adulta.[4] A condição foi descrita pela primeira vez em 1901 por Augustin Nicolas Gilbert.[4][5]
Sinais e sintomas
Icterícia
A síndrome de Gilbert produz um nível elevado de bilirrubina não conjugada na corrente sanguínea, mas normalmente não tem consequências graves. A icterícia leve pode aparecer sob condições de esforço, estresse, jejum e infecções, mas a condição geralmente é assintomática.[6][7] Casos graves de icterícia resulta no amarelamento do tom da pele e das escleras dos olhos.
Tem sido relatado que esta síndrome possivelmente contribui para um início acelerado da icterícia neonatal, especialmente na presença de hemólise devido a doenças como a deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase.[8][9] Esta situação pode ser especialmente perigosa se não tratada rapidamente, já que a bilirrubina alta causa incapacidade neurológica irreversível na forma de querníctero.
Desintoxicação de drogas
As enzimas defeituosas da família Uridina Difosfato Bilirrubina glucuronosiltransferase (UGT1-1A) também são responsáveis por algumas das capacidades do fígado de desintoxicar determinados medicamentos. Por exemplo, a síndrome de Gilbert está associada a diarreia grave e neutropenia em pacientes tratados com Irinotecano, que é metabolizado pela enzima UGT1-A1.[10]
Enquanto o paracetamol (acetaminofeno) não é metabolizado pela UGT1A1,[11] mas este é metabolizado por uma das outras enzimas também deficiente em algumas pessoas com Gilbert.[12][13] Um subconjunto de pacientes pode ter um risco aumentado de toxicidade por paracetamol.[13][14]
Efeitos cardiovasculares
Várias análises encontraram uma diminuição significativa do risco de doença arterial coronariana (DAC) em indivíduos com a síndrome de Gilbert.[15][16]
Especificamente, pessoas com níveis levemente elevados de bilirrubina (1,1 mg/dl a 2,7 mg/dl) tinham menor risco de DAC e menor risco de doença cardíaca futura.[17] Esses pesquisadores passaram a realizar uma meta-análise de dados disponíveis até 2002, e confirmaram que a incidência de doença aterosclerótica (endurecimento das artérias) em indivíduos com a síndrome tinha uma relação estreita e inversa com a bilirrubina sérica.[15] Este efeito benéfico foi atribuído à bilirrubina IXα, que é reconhecida como um potente antioxidante, em vez de fatores de confusão, tais como os níveis de lipoproteína de alta densidade.[17]
↑Kasper et al., Harrison's Principles of Internal Medicine, 16th edition, McGraw-Hill 2005
↑Boon et al., Davidson's Principles & Practice of Medicine, 20th edition, Churchill Livingstone 2006
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↑Cappellini MD, Di Montemuros FM, Sampietro M, Tavazzi D, Fiorelli G (1999). «The interaction between Gilbert's syndrome and G6PD deficiency influences bilirubin levels». British Journal of Haematology. 104 (4): 928–9. PMID10192462. doi:10.1111/j.1365-2141.1999.1331a.x
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