A Represa Alta de Assuão ou Assuão Alta é uma barragemegípcia localizada no rio Nilo, próxima à cidade de Assuão, que tem a serventia de barreira artificial para a retenção e controle de fluxo fluvial, bem como para produção hidroelétrica.
Construção
A mais antiga tentativa registrada de construir uma represa próxima a Assuão remonta ao século XI, quando o polímata e engenheiroAlhazen foi convocado ao Egito pelo califa fatímidaAláqueme Biamir Alá, para controlar a inundação do Nilo. Para concluir esta tarefa, seria necessário construir uma represa em Assuão.[1] Seu trabalho de campo o convenceu de que o projeto era impraticável.[2]
Os britânicos começaram a planejar a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1 900 m de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa. Ela seria construída a aproximadamente 6 quilômetros acima da atual. Os planos para a construção começaram a ser realizados em 1952, logo após a revolução Nasser, e Estados Unidos e Reino Unido ajudariam a financiar a construção com um empréstimo de USD 270 milhões de dólares. Em julho de 1956, no entanto, o acordo foi cancelado. Para concluir a construção da represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa com um terço dos recursos financeiros necessários, maquinários e técnicos especializados.
Assuão Baixa
Os britânicos começaram a construir a primeira barragem no Nilo em 1898. A construção durou até 1902, e ela foi inaugurada em 10 de dezembro de 1902. O projeto foi feito por Sir William Willcocks e envolveu vários renomados engenheiros da época, incluindo Sir Benjamin Baker e Sir John Aird, cuja empresa, John Aird & Co., foi a principal contratada.[3][4]
Assuão Alta
A construção começou em 1960, com o primeiro estágio concluído em 1964, tendo sido concluída em 21 de julho de 1970.
Os planos para construir sua própria "Represa Alta" começaram em 1954, seguindo a revolução, e mudaram as prioridades de desenvolvimento. Inicialmente, tanto os Estados Unidos como a União Soviética estavam interessados na construção da represa, mas isso ocorreu durante o período de tensão crescente da Guerra Fria e também das crescentes rivalidades árabes.
Em 1955, Nasser tentava retratar-se como líder do nacionalismo árabe, contrapondo-se às monarquias tradicionais, especialmente os Hachemitas do Iraque, após a assinatura do Pacto de Bagdá, no mesmo ano. Naquela época, os Estados Unidos temiam que o comunismo se espalhasse pelo Oriente Médio, e viam Nasser como um líder natural de uma liga árabe anti-comunista. Os Estados Unidos e o Reino Unido ofereceram financiamento à construção da represa alta, por meio de um empréstimo de 270 milhões de dólares, em troca da liderança de Nasser na resolução do conflito árabe-israelense. Como se opunha tanto ao comunismo como ao imperialismo, Nasser apresentava-se como um não alinhado, e buscava trabalhar tanto com os Estados Unidos quanto com a União Soviética pelo benefício dos árabes e egípcios.[5]
Depois de uma incursão duramente criticada de Israel contra as forças egípcias de Gaza em 1955, Nasser descobriu que ele não poderia apresentar-se legitimamente como líder do nacionalismo pan-árabe se não pudesse defender seu país de Israel. Aos seus planos de desenvolvimento, incluiu uma rápida modernização de suas forças armadas, e voltou-se primeiramente aos Estados Unidos.
O presidente estadunidense Dwight Eisenhower e seu secretário de Estado John Foster Dulles disseram a Nasser que os Estados Unidos somente poderiam lhes fornecer armas se fossem destinadas a propósitos de defesa e acompanhadas por militares estadunidenses que ficariam responsáveis pela supervisão e treinamento. Nasser não aceitou as condições impostas e buscou o apoio da União Soviética. Dulles acreditou que Nasser estava apenas blefando, e que a URSS não iria ajudar Nasser, mas acabou equivocando-se. A União Soviética prometeu a Nasser uma quantidade de armas em troca de um pagamento diferido em cereais e algodão egípcios. Em 27 de setembro de 1955, Nasser anunciou um acordo de armas, com a Tchecoslováquia atuando como intermediária da ajuda soviética.[6] Ao invés de uma retaliação contra Nasser por voltar-se aos soviéticos, Dulles buscou ampliar as relações com ele. Isso explica a posterior oferta de dezembro de 1955, pela qual Estados Unidos e Reino Unido emprestavam 56 e 14 milhões de dólares, respectivamente, para a construção da represa.[7]
Ainda que o acordo de armas tcheco tenha de fato aumentado a disposição dos EUA para investir em Assuão, os britânicos citaram o acordo como motivo para desistir de seu financiamento. O que mais irritou Dulles foi Nasser ter reconhecido a China comunista, o que ia em conflito direto com a política de contenção de Dulles.[8] Houve várias outras razões para os Estados Unidos desistirem da oferta de financiamento. Dulles acreditava que a União Soviética não cumpriria seu acordo de ajudar os egípcios. Ele também estava irritado pela neutralidade de Nasser e suas tentativas de atuar em ambos os lados da Guerra Fria. Naquele tempo, outros aliados no Oriente Médio, incluindo a Turquia e o Iraque, estavam irritados com o tamanho da ajuda oferecida a um país que permanecia neutro.[8]
Em junho de 1956, os soviéticos ofereceram a Nasser 1,12 bilhão de dólares, à taxa anual de 2%, para a construção da represa. Em 19 de julho, o departamento de Estado dos Estados Unidos anunciaram que a ajuda financeira estadunidense para a represa "não era viável nas presentes circunstâncias".[7]
Em 26 de julho de 1956, com ampla divulgação egípcia, Nasser anunciou a nacionalização do canal de Suez, com compensação aos antigos proprietários. Nasser planejava que as receitas geradas pelo canal contribuíssem com a construção da nova represa. Quando a Guerra de Suez foi deflagrada, Reino Unido, França e Israel foram bem sucedidos nos ataques aos seus objetivos militares imediatos, mas a pressão dos Estados Unidos e da União Soviética junto às Nações Unidas e em outras instâncias forçaram-nos a desistirem.
Em 1958, a União Soviética liberou o financiamento para o projeto da represa.
Nos anos 1950, arqueólogos começaram a levantar suas preocupações quanto a vários sítios históricos que estariam para ser inundados. A UNESCO iniciou uma operação de resgate em 1960. Através da iniciativa da UNESCO, o templo de Abul-Simbel foi preservado pelo remanejamento de 22 monumentos e complexos arquitetônicos para as margens do lago Nasser.[9] Outros monumentos foram destinados a países que ajudaram com os trabalhos (como o Templo de Debode em Madri, o Templo de Taffeh em Leiden e o Templo de Dendur, em Nova Iorque). Os sítios arqueológicos foram inundados pelo lago Nasser, como o Buém, entre outros.
Questões ambientais
A área do lago ocupa uma região de grande importância arquelógica e em 1960 uma operação foi comandada pela Unesco para recuperar 24 monumentos arqueológicos. (Ver Abul-Simbel).
Capacidade instalada
A Assuão Alta tem 3 600 metros de extensão no topo, 980 metros de extensão na base e 111 metros de altura. O volume do reservatório é de 43 milhões de m³ e a vazão máxima é de 11 000 m³ por segundo. Existem vertedouros adicionais de 5 000 m³ para épocas de cheias.
Sua capacidade instalada de produção de energia é de 2100 megawatt, sendo que cada uma das 12 turbinas é capaz de produzir 175 megawatts. Em 1967, a produção de energia começou, passando a gerar 50% de toda energia elétrica do Egito. Em 1998, a represa produziu 15% de toda energia do Egito.
↑«Egypt bond» (em inglês). Consultado em 25 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 13 de maio de 2005
↑Roberts, Chalmers (1902). «Subduing the Nile». The World's Work: A History of Our Time (em inglês). V: 2861–2870. Consultado em 10 de julho de 2009
↑Dougherty, James E (março de 1959). «The Aswan Decision in Perspective». The Academy of Political Science. Political Science Quarterly (em inglês). 74 (1): 21-45.