Piave
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O navio-tanque Piave, ainda sob sua antiga denominação Hamiltonian.
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Brasil
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Proprietário
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Lloyd Nacional
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Operador
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o mesmo
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Homônimo
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Rio Piave, rio italiano.
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Construção
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1912, por Western Shipbuilding & Dry Dock Co Ltd, Port Arthur, Ontario, Canadá.
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Lançamento
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1913
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Porto de registro
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Rio de Janeiro
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Estado
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Afundado em 28 de julho de 1942, pelo U-155 (Adolf Cornelius Piening)
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Características gerais
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Classe
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Navio-tanque
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Tonelagem
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2 347 ton.
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Largura
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12,9 m
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Maquinário
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n/d
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Comprimento
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79,3 m
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Calado
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7,1 m
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Propulsão
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vapor
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Velocidade
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8 nós
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Carga
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35
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O Piave foi a décima-quinta embarcação brasileira a ser atacada pelos submarinos do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial. O ataque ocorreu em 28 de julho de 1942, a cerca de 100 milhas a leste de Barbados, nas Pequenas Antilhas, na mesma região onde fora afundado, horas antes, o mercante Barbacena, pelo mesmo submarino, o U-155.
Foi o primeiro (e o único) navio-tanque brasileiro afundado na guerra, acarretando na morte de uma pessoa, justamente o seu comandante, Renato Ferreira da Silva.
O navio
Construído em 1912, nos estaleiros da Western Shipbuilding & Dry Dock Co. Ltd., em Port Arthur (Ontário), no Canadá, entrou em serviço no ano seguinte, sob o nome Hamiltonian, operado pela
Canadian Interlake Line, de Montreal, passando, pouco tempo depois, às mãos da Canada Steamship Lines Ltd, também de Montreal.[1]
De dimensões modestas, possuía 2 347 toneladas de arqueação bruta; 79,3 metros de comprimento por 12,9 de largura e um calado de 7,1 metros. Possuía uma casco de aço e era movido a vapor com uma hélice, o que lhe garantia uma velocidade de 8 nós.[2]
Em 1918, foi vendido ao Lloyd Nacional[nota 1] e renomeado Piave, com registro no Rio de Janeiro. Em 1923, é vendido à Companhia Unizo Combustíveis, de São Paulo, mas volta a ser de propriedade do Lloyd Nacional, já em 1927. No início de 1933, o navio foi encampado pelo governo, a fim de prestar serviço à Marinha do Brasil, mantendo o mesmo nome, sendo descomissionado, pouco tempo depois, a 26 de junho daquele ano, retornando às mãos de seu anterior proprietário.[3]
Afundamento
Na tarde do dia 28 de julho de 1942, o U-155, que afundara o Barbacena na madrugada daquele mesmo dia, cruzou o caminho do Piave, comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso Renato Ferreira de Silva, que havia saído vazio de Belém do Pará com destino à refinaria de Capirito, na Venezuela, onde receberia uma carga de petróleo.
Eram 17:30 (22:30 pelo horário da Europa Central), quando o "u-boot" disparou o primeiro torpedo. Em seguida, subiu à superfície e disparou várias rajadas de metralhadoras contra a embarcação.
Após a tripulação abandonar o navio, em dois botes salva-vidas e em duas balsas, o U-155 aproximou-se e perguntou aos náufragos sobre o nome do navio, sua nacionalidade, procedência e o seu destino. Pouco depois, sucedeu-se um fato surpreendente e incomum daqueles tempos: depois do interrogatório, o comandante do submarino entregou aos sobreviventes dez litros de água, três fatias de pão de centeio e uma garrafa de rum. Em seguida, o submarino partiu, para retornar cerca de 20 minutos depois com um tripulante, o foguista Carlos Rodrigues dos Santos, que havia sido recolhido da água pela tripulação do submarino.[3]
Mais tarde, quando a água e os alimentos já estavam quase se esgotando, um dos barcos salva-vidas se separou do grupo e partiu em direção a Scarborough, na Ilha de Tobago, com a intenção de alcançar a costa de forma rápida e procurar ajuda para os outros sobreviventes. O capitão do navio, Renato Ferreira da Silva, foi a única vítima, tendo falecido ao ser atingido na cabeça por uma peça dos barcos salva-vidas durante os procedimentos de salvamento e abandono do navio.[3][4]
Foi o terceiro navio brasileiro afundado pelo U-155, o qual era todo pintado de cinza-claro e, apesar do gesto humanitário por parte do seu comandante, contribuíra para a morte de oito pessoas, num total de 136 que, até então, já tinham morrido desde o início dos ataques aos navios brasileiros.[4][nota 2]
Repercussão e consequências
No início de agosto, preocupado com a crescente insegurança no Mar do Caribe, o governo brasileiro, através do embaixador nos Estados Unidos, Carlos Martins, enviou de Washington ao presidente Vargas informações a respeito da possibilidade de os navios brasileiros passarem a navegar escoltados nessa região por navios norte-americanos.[4]
Conversações tiveram início, no sentido de organizar comboios entre Trinidad e Tobago e o portos brasileiros nas duas direções, porém, não a tempo de evitar os ataques que se sucederiam no decorrer daquele mês, já dentro das águas brasileiras, tendo como alvo a navagação de cabotagem.
Notas
- ↑ Não confundir a companhia Lloyd Nacional com a companhia Lloyd Brasileiro, uma vez que, até setembro de 1942, eram empresas diferentes.
- ↑ Uma pessoa morreu no ataque ao Arabutã, em março, e mais seis morreram no afundamento do Barbacena, no mesmo dia do afundamento do Piave. Levando-se em conta a quantidade de embarcações brasileiras afundadas, o U-155 só perdeu para o U-507, que torpedearia, em agosto daquele ano, seis navios brasileiros, causando a morte de 607 pessoas.
Referências
Bibliografia
- SANDER. Roberto. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
Ver também
Ligações externas