Palacete Pinho
O Palacete Pinho é uma edificação histórica de Belém, Pará, Brasil, localizado na Rua Doutor Assis, nº 586.[3] É um prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPhan),[5] sendo considerado um ícone da arquitetura moderna em Belém.[6] HistóriaO palacete foi construído em 1897, sob as ordens do comendador Antônio José de Pinho que, juntamente com sua família, passou a ocupar o imóvel.[7][8] Localiza-se na Rua Doutor Assis, Cidade Velha, um bairro de Belém.[9] Foi considerado um edifício inovador para a cidade,[10] que naquele momento vivia um período de bonança com o Ciclo da borracha.[1] Nos anos após a inauguração, se converteu em um espaço com intensa atividade social, cultural e política.[10][11][nota 1] Em 1930, José de Pinho faleceu, e seus herdeiros mantiveram a destinação do palacete para fins residenciais.[1] As últimas herdeiras de Pinho a morarem no local faleceram em 1970.[1] Em 1978, foi leiloado, pois os herdeiros não tinham mais recursos para mantê-lo.[12][10] Os ganhadores do leilão removeram toda sua decoração interna.[10] Em 1982, foi comprado pela rede de supermercados Y. Yamada, que supostamente o transformaria em uma fundação cultural ou em uma casa de recepção.[1][13] No entanto, acabou sendo utilizado como depósito, incluindo materiais de fácil combustão, como colchões e botijões de gás.[14] Após seu tombamento, que evitou sua demolição,[14] foi desapropriado em 1992 e sua administração foi atribuída ao município.[13][1] O palacete foi disputado judicialmente pelo município e por seus antigos proprietários; neste período, permaneceu fechado.[1] Em 2010, a Justiça Federal determinou que o município efetivasse as obras de restauração do palacete, o qual estava em "acentuado processo de deterioração, inclusive com histórico de desabamento parcial." O processo foi movido pelo Ministério Público Federal (MPF) após a restauração ser suspensa em 2006 por falta de recursos. O Poder Judiciário considerou que o edifício era "um dos mais preciosos exemplares do patrimônio cultural de Belém e foi uma das referências culturais na época áurea de Belém."[15] Em 2011, a obra de restauração foi concluída, ao valor final de R$ 7,8 milhões, sendo R$ 3,8 captados de empresas, como a Vale e a Eletrobras, por meio da Lei Rouanet. Os demais recursos foram direcionados pela prefeitura. A entrega das obras ocorreu com o aniversário de 395 anos de Belém.[13][16] O espaço inicialmente recebeu uma exposição, com mais de cinquenta peças do Museu de Arte de Belém (MABE).[17] Nos anos seguintes, porém, o desuso do edifício acabou lhe deteriorando novamente.[13][16] Em 2022, a administração foi atribuída à Secretaria Municipal de Educação.[7] Naquele momento, estava em curso uma obra de restauração, ao custo de R$ 5 milhões, com o objetivo de abrigar atividades artísticas, relacionadas com o Núcleo de Artes, Cultura e Educação (Nace) da secretaria.[7][9] De acordo com o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), o "Palacete Pinho será transformado no Palacete das Artes."[18] CaracterísticasO Palacete Pinho foi projetado pelo arquiteto Camilo Amorim.[3] Sua arquitetura segue as influências dos palácios portugueses e das vilas italianas.[1][6] Incorpora ainda as influências do Belle Époque, que era marcante durante o Ciclo da borracha.[19] De acordo com a arquiteta e urbanista Jussara Derenji, o edifício "apresenta jogo de volumes como se fosse um edifício neoclássico - dois blocos a frente e um recuado que tem um volume mais alto - se assemelha com o Solar do Barão de Guajará."[1] Sua planta possui um formato de "U". Há um pátio aberto na parte frontal, seguindo uma proposta barroca.[1][12] As fachadas são revestidas de azulejos alemães, aquiridos da fábrica Villeroy & Boch.[10] Possui uma escadaria suntuosa em direção à entrada principal, localizada no primeiro andar.[4] No térreo, há um porão habitável, onde provavelmente moravam os empregados.[20] No primeiro andar, há o acesso para um grande salão. Ali eram realizadas as festas da família. Há em cada ala lateral dois salões, que se integravam com o salão principal. Nestes espaços também existiam salas de música, jogos e uma biblioteca.[20] O segundo andar foi projetado para conter o maior número de cômodos, incluindo os quartos e os banheiros.[20][4] No terceiro, há um mirante com vista para a Baía do Guajará.[4] Analisando os aspectos arquitetônicos do palacete, Derenji & Derenji (2009) concluíram: "há uma certa liberdade no desenho da fachada, que já prenuncia o ecletismo. A composição em arcos plenos com vergas retas ou em arco abatido, as sacadas em ferro entaladas ou levemente projetadas, o revestimento em azulejos são encontrados em prédios do período colonial e imperial, mas neste caso se acrescenta um lambrequim em madeira." Os escritores observaram também que "os azulejos da fachada são, do ponto de vista cromático e pela composição, dos mais belos do período, e só há dois exemplares similares na cidade, ambos com conservação precária."[2] TombamentoO Palacete Pinho foi tombado como um patrimônio histórico nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em agosto de 1986.[5][11] O tombamento ocorreu por "representar importante exemplo da arquitetura de finais do século XIX." Foi sugerido que a proteção abrangesse a área de seu entorno, sobretudo os sobrados vizinhos e um terreno murado localizado em sua frente.[14] Notas
Referências
Ligações externas
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