Otto Maria Carpeaux nasceu em 9 de março de 1900, em Viena, capital do Império Austro-Húngaro, filho único[9] do advogado[10] e funcionário público[11][12][13] judeu Max Karpfen e da polonesa Gisela Karpfen, do lar e católica, nascida Gisela Schmelz.[1][2] "O ambiente em que vivia a família", relata Renard Perez, "era burguês sem riqueza".[10] Ainda segundo Perez, Carpeaux fez os primeiros estudos em Viena, "mas esse período de sua vida se encontra quase totalmente esquecido e daria trabalho para um psicanalista a tentativa de sua reconstituição. Também o ginásio (8 anos) foi feito em Viena".[10]
Por desejo do pai, iniciou em 1918[14] o curso de Direito, mas o abandonou um ano depois, por não sentir a vocação.[10] Por volta de 1922[15] até 1925 estudou na Faculdade de Filosofia da Universidade de Viena, frequentando cursos de filosofia e química e graduando-se em Química em 29 de junho de 1925, obtendo o título de Doutor em Filosofia com a tese Über die Hypohirnsäure, ein neues Triaminomonophosphorsulfadit aus Menschenhirn,[16] publicada em 1926 na revista Biochemische Zeitschrift.[17] Embora não seguisse a profissão,[9] continuou na Universidade de Viena de 1925 a 1927, exercendo o cargo de assistente da Faculdade de Filosofia.[17][18]
De 1927 a 1929, segundo registros da Fundação Getúlio Vargas,[17] Carpeaux teria percorrido a Europa, especializando-se em universidades e atuando, a partir de 1928, como correspondente de jornais vienenses, em Paris, Londres, Roma e Amsterdã. Em 1927 ou 1928, teria se formado na Haute École des Sciences Politiques, de Paris; em 1928 na Faculté de Lettres de Genebra. Entre 1928 e 1929, conforme revela Homero Senna, "teria trabalhado em Berlim redigindo roteiro para o cinema mudo",[21] atividade a que Carpeaux se referiu em um pronunciamento, em 15 de julho de 1942, no Rio, durante um "debate sobre cinema silencioso e sonoro".[22]
De volta a Viena, casou-se em 22 de fevereiro de 1930, na Sinagoga Hietzinger,[23] com a cantora Hélene Silberherz (Otynia, 18 de setembro de 1899[5] – Rio de Janeiro, c. 1988[6]) que ele já conhecia havia anos e, no ano seguinte, morre-lhe o pai.[10] Meses antes, em 1931, teria começado a escrever ensaios e resenhas literárias e musicais para alguns periódicos, como a revista Die Literatur[24] (Stuttgart), o jornal Neue Freie Presse[25] (Viena), a revista Der Querschnitt[26] (Berlim) e, de 1931 a 1934, a revista musical Signale für die musikalische Welt[27] (Berlim).
Em 18 de abril de 1933 renuncia formalmente ao judaísmo[28] e se converte ao catolicismo, motivo por que ora acrescenta "Maria", ora substitui "Karpfen" por "Maria Fidelis" ao seu nome, este último até o ano de 1935. Ainda em 1933 é nomeado diretor da Biblioteca de Ciências Econômicas e Sociais de Viena, cargo exercido até 1938.[17] De 1934 a 1938, torna-se segundo redator-chefe do jornal Reichspost, o "maior jornal católico da Áustria", onde, durante longo tempo, escreveu "os artigos de fundo políticos e econômicos", como revelou em carta a Alceu Amoroso Lima.[18] Também neste período (1934-1938), foi diretor e redator-chefe da revista Berichte zur Kultur und Zeitgeschichte,[17] periódico oficial da Ação Católica na Áustria,[18] fundado pelo amigo Nikolaus Hovorka (1900-1966) e por Viktor Matejka. Hovorka também adquirira a Editora Reinhold, provavelmente em 1934, onde se editaram a citada revista e, entre outros, dois livros de Carpeaux e um de Engelbert Dollfuss.[29] Foi por meio de Hovorka que conheceu o fundador do jornal católico Der Christliche Ständestaat (Viena) Dietrich von Hildebrand (1889-1977), teólogo e filósofo católico cuja "oposição a Hitler e ao nazismo", afirma projeto dedicado a ele, "foi tão sincera que foi forçado a fugir da Alemanha em 1933".[30] Nas memórias de Hildebrand, publicadas recentemente em My battle against Hitler (2014), Carpeaux é descrito como "amigo e colaborador" de Hovorka. "Karpfen", prossegue, "era um judeu convertido. Hovorka recomendou-mo como colaborador do Ständestaat. Karpfen era muito talentoso e, desde então, escreveu frequentemente em nosso jornal".[31]
Diante da escalada nazista, Carpeaux sente-se inseguro e foge com a mulher, em fins de 1939, para o Brasil. Durante a viagem de navio, estoura a II Guerra. Recusando qualquer ligação com o que estava acontecendo no Reich, muda seu sobrenome germânico Karpfen para o francês Carpeaux.
Ao desembarcar, nada conhecia da literatura brasileira, nada sabia do idioma e não tinha conhecidos. Na condição de imigrante, foi enviado para uma fazenda no Paraná, designado para o trabalho no campo. O cosmopolita e erudito Carpeaux ruma para São Paulo. Inicialmente passa dificuldades; sem trabalho, sobrevive à custa da venda de seus próprios pertences, inclusive livros e obras de arte. Poliglota, o homem que já sabia inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, flamengo, catalão, galego, provençal, latim e servo-croata, em um ano aprendeu e dominou o português, com muita facilidade devido ao conhecimento do latim e de outras línguas dele derivadas.
Em 1940, tenta ingressar no jornalismo nacional, mas não consegue. Então escreve uma carta a Álvaro Lins a respeito de um artigo sobre Eça de Queiróz. A resposta veio em forma de convite, em 1941, para escrever um artigo literário para o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Seu artigo é publicado, iniciando uma colaboração regular. Até 1942, Carpeaux escrevia os artigos em francês, que eram publicados em tradução. Mostrando sua grande inteligência e erudição, divulgou autores estrangeiros pouco ou mal conhecidos entre o público brasileiro, desenvolvendo-se um grande crítico literário. Nesse mesmo ano, Otto Maria Carpeaux naturalizou-se brasileiro. Ainda em 1942, publica o livro de ensaios A Cinza do Purgatório.
De 1944 a 1949 foi diretor da Biblioteca da Fundação Getúlio Vargas. Em 1947 publica sua monumental História da Literatura Ocidental – o mais importante livro do gênero em língua portuguesa – no qual analisa a obra de mais de oito mil escritores, partindo de Homero até mestres modernistas, neste caso sendo o estudo de sua predileção. Em 1950, torna-se redator-editor do Correio da Manhã. Em 1951, publica Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, obra singular na literatura nacional - reunindo, em ordem cronológica, mais de 170 autores de acordo com suas correntes, da literatura colonial até nossos dias. Sua produção crítica literária é intensa, escrevendo em jornais semanalmente.
Em 1953, publicou Respostas e Perguntas e Retratos e Leituras. Em 1958, publicou Presenças, e em 1960, Livros na Mesa.
Carpeaux foi forte opositor do Regime Militar, redigindo artigos acerca da retrógrada autoridade da então nova ordem militar, participando de debates e eventos políticos. Contudo, escreveu editoriais em Jornais de 1964 pró-golpe (Basta! e Fora! foram os títulos deles), Nesse período foi também, ao lado de Antônio Houaiss, coeditor da Grande Enciclopédia Delta-Larousse.[33] Participou da Passeata dos Cem Mil, em 1968, contra a ditadura militar.
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico.[34]
Perfil
José Roberto Teixeira Leite, que conheceu Carpeaux quando vivia no Rio de Janeiro, descreve a figura do sábio austríaco: Carpeaux foi um dos homens mais feios que conheci... sua aparência neanderthalesca, todo mandíbulas e sobrancelhas, fazia a delícia dos caricaturistas: parecia, sem tirar nem por, um troglodita, mas troglodita de ler Homero e Virgílio no original, de se deliciar com Bach e Beethoven e de diferenciar entre Rubens e Van Dyck. E acrescenta que Carpeaux era totalmente gago, o que o afastou da cátedra e das universidades para confiná-lo em bibliotecas, gabinetes e redações.[35]
Cultivou amizade com grande número de intelectuais de sua época, bem como algumas inimizades. Não raro, Carpeaux foi identificado como um homem generoso, paciente mas intransigente quando provocado por fatos e juízos que julgasse absurdos ou equivocados.[36]
Segundo Sérgio Augusto, "Carpeaux conhecia a fundo todos os clássicos, todos os pensadores, todos os compositores eruditos, todos os pintores (...) Era generoso, paciente com jovens ignaros como eu e divertidamente intransigente e irascível quando provocado por fatos e juízos que julgasse equivocados, insultuosos ou apenas absurdos." e "Na verdade, não era ortodoxo nem heterodoxo, preferindo uma relação dialética entre esses dois extremos".[36]
Alfredo Bosi notou que "Carpeaux atravessou a crítica positivista, a idealista, a psicanalítica, o new criticism, a estilística espanhola, o formalismo, o estruturalismo, a volta à crítica ideológica... Mas, educado junto aos culturalistas alemães e italianos do começo do século, ele sabia que nada se entende fora da História".[37]
Franklin de Oliveira, citado na quarta capa do vol. 1 de História da literatura ocidental (2005), considerou que Carpeaux "não é um escritor — é uma enciclopédia viva. Mas, mais do que uma enciclopédia viva, é um homem: na coragem de suas convicções, na bravura de suas atitudes, na limpidez de sua visão — um rebelde inato. Sua linhagem — a dos grandes humanistas".[38]
Para Álvaro Lins, Carpeaux tem um estilo "muito pessoal, muito direto, muito denso. [...]. Notar-se-á que é um estilo vivo, preciso e ardente. Às vezes, enérgico e áspero. Nestas ocasiões, sobretudo, este estilo está confessando um temperamento de inconformista, de panfletário, de debater".[39]
↑KUR-LISTE BAD ISCHL, 1911, f. 1: "Beaumter", i.e., "funcionário público" (em alemão), é o que consta no item n. 1149 da lista de endereços da cidade de Bad Ischl, onde aparentemente os Karpfen tinham uma ou mais propriedades. Cf. as notas seguintes.
↑KUR-LISTE BAD ISCHL, 1911, f. 3: "Beaumter", no alemão, é o que consta no item n. 2017.
↑KUR-LISTE BAD ISCHL, 1929, f. 3: "Beaumter", no alemão, é o que consta no item n. 3948.
↑VENTURA, 2002, p. 22, nota 3: "Em Viena, no início do século XX, o título de doutor não era obtido em cursos de pós-graduação como hoje. Após frequentar oito semestres, apresentar a defesa de uma tese e conseguir aprovação nos exames finais, o estudante obtinha o referido título" (grifos nossos).
↑VENTURA, 2002, p. 22. — Pelo documento da FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 1948, f. 131, Carpeaux teria estudado Sociologia e Política na Haute École des Sciences Politiques, de Paris.
↑Homero Senna, 'A literatura brasileira vista por um europeu', em República das Letras (3ª ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1996), p. 295, apud VENTURA, 2002, p. 22.
↑GENTEAM. — O casamento, que consta do 'Index of Jewish Records of Vienna and Lower Austria', ocorreu "im Tempel XIII, Eitelbergg.", ou seja, no Templo do "13.º distrito" de Viena, a Hietzinger Sinagoge, antigamente localizada na rua Eitelbergergasse, n.º 22, destruída em novembro de 1938 pelos nazistas.
Hildebrand, Dietrich von. '1931'. Em John Henry Crosby & John F. Crosby (org.), My Battle Against Hitler: Defiance in the Shadow of the Third Reich. Trad. John Henry Crosby e John F. Crosby. Nova York, Image, 2014. [ePub.] Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=FFqYAwAAQBAJ. Acesso em: 12 nov. 2018.
Hildebrand Project. «'Dietrich von Hildebrand'». Universidade Franciscana de Steubenville, Ohio, Estados Unidos. Acesso em: 12 nov. 2018.
Silva, Eduardo Gomes. «Imagens de Otto Maria Carpeaux: esboço de biografia». 2015. Tese (Doutorado em História Cultural) — Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Acesso em: 14 nov. 2018.
↑Ed. brasileira: (trad. Bruno Mori, Campinas, Ecclesiae, 2014).
↑(Viena, Reinhold). — No alemão, "A missão européia da Áustria: visão geral da política externa".
↑(Antuérpia-Bilthoven, Orbis-Gemeenschap), sob pseudônimo de Leopold Wiesinger. Título no holandês, "Dos Habsburgos a Hitler". — É o único livro europeu não renegado por Carpeaux, como informa Renard Perez, 'Escritores brasileiros contemporâneos VI: Otto Maria Carpeaux', Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 11 nov. 1962, "Suplemento Literário", p. 3: "Publica, na Europa, cinco livros; mas os considera a todos, hoje, obsoletos — com exceção de um, escrito em língua holandesa e publicado em 1938 na Holanda, descrevendo o fim da Áustria pela Alemanha nazista".
↑([ed. Aurélio Buarque de Holanda], Rio de Janeiro, Casa do Estudante Brasileiro [CEB]). — Reedições: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 78-258; (Balneário Camboriú, Danúbio, 2015).
↑(Rio de Janeiro, Casa do Estudante Brasileiro [CEB]). — Reedições: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 265-743; (Curitiba, Danúbio, 2017).
↑(Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde). — Reedições e reimpressões: (2ª ed. rev. e aum., Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde, 1955); (3ª ed. rev. e aum., Rio de Janeiro, Letras e Artes, 1964); (4ª ed., Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1968), dita "nova ed.", com apêndice de Assis Brasil, incluindo 47 escritores; (reimp. da 4ª ed., 1971).
↑(Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde). Reedições: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 475-530; (Curitiba, Danúbio, 2019).
↑(Rio de Janeiro, Simões). Reedições: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 531-639; (Curitiba, Danúbio, 2020).
↑(Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro). Reedição: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 641-769.
↑(Rio de Janeiro, Zahar) — Reedições: (2ª ed. rev. e aum., Rio de Janeiro, José Olympio, 1967); (3ª ed. rev. e at., Rio de Janeiro, Alhambra, 1977); [edições das décadas de 1980 e 1990]; a partir de 2001, reeditado sob o título O livro de ouro da história da música: da Idade Média ao século XX (Rio de Janeiro, Ediouro, 2001).
↑(9 vols., Rio de Janeiro). — Reedições: (8 vols., 2ª ed. rev. e atualizada, Rio de Janeiro, Alhambra, 1978-1984); (8 vols., 3ª ed. rev. e atualizada, Rio de Janeiro, Alhambra, 1985-[1987]); (4 vols., [1ª ed.], Brasília, Senado Federal, 2008), dita "3ª ed."; (10 vols., São Paulo, Leya, 2012).
↑(Rio de Janeiro, São José). Reedição: In: Ensaios reunidos: 1942-1978: vol. 1 (1999), pp. 770-906.
↑(São Paulo, Cultrix). Reedições: (São Paulo, Nova Alexandria, 1994); A história concisa da literatura alemã (Barueri, Faro, 2013), acrescida de um capítulo escrito por Willi Bolle.
↑(Rio de Janeiro, Bruguera-Instituto Nacional do Livro).
↑‘Bibliografia de Joaquim Nabuco e o pan-americanismo’. In: ___, Nelson Werneck Sodré, Múcio Leão, Sobre Joaquim Nabuco e o pan-americanismo. Rio de Janeiro, Sul América, 1949. 54 p.
↑'José Lins do Rego'. In: ___, Alvaro Lins, Franklin M. Thompson, José Lins do Rego. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde–Serviço de Documentação, 1952. 38 p. (Os cadernos de cultura).
↑(Rio de Janeiro, Fontana). — A coletânea de ensaios foi preparada em vida do autor, pelo menos desde meados de 1977. Sobre o andamento da edição do livro em janeiro de 1978, cf. 'Os livros de 1978: o que prometem os editores dos Estados', Livro, suplemento do Jornal do Brasil, n. 66, 7 jan. 1978, p. 6.
↑ 2.º subtítulo: de A cinza do purgatório até Livros na mesa (org. Olavo de Carvalho, Rio de Janeiro, UniverCidade-Topbooks, 1999). — Reunião de coletâneas do autor, com exceção de Reflexo e realidade (1978).
↑2.º subtítulo: Dispersos (parte 1); Prefácios e introduções (parte 1) (org. Christine Ajuz, Rio de Janeiro, UniverCidade-Topbooks, 2005).
↑Reedição de A literatura alemã (1964), acrescida de um capítulo escrito por Willi Bolle.
↑ Tradução de Wege nach Rom: Abenteuer, Sturz und Sieg des Geistes (Viena, Reinhold, 1934). Dados da ed. brasileira: (trad. Bruno Mori, Campinas, Ecclesiae, 2014).
↑(2 vols., Curitiba, Karpfen, 2020). Subtítulo do vol. 1: "De Púchkin a Gógol"; subtítulo do vol. 2: "De Mámin-Sibiriak a Paustóvski". — Reedição de Estudo dividido pelos 9 volumes de Antologia do conto russo (org. Vera Neverova, pref. Otto Maria Carpeaux, Rio de Janeiro, Lux, 1961-1962).
↑(2ª ed., Curitiba, Karpfen, 2021). Coletânea de artigos e ensaios sobre realismo russo do século XIX.
↑(Curitiba, Karpfen, 2021). Coletânea de artigos e ensaios sobre “realismos soviéticos”.
↑(Campinas, Sétimo Selo, 2021). Coletânea de 30 artigos dispersos.