O Duplo (romance)
O Duplo (em russo: Двойни́к, transl. Dvoiník) é um romance do escritor russo Fiódor Dostoievski, escrito um ano após o seu livro de estreia, Pobre Gente. O Duplo narra as aventuras do conselheiro titular Goliadkin e das suas terríveis inquietações em torno de um colega que lhe usurpa a identidade enquanto seu homónimo. Concebida ainda numa prematura fase do autor russo, O Duplo é ao mesmo tempo «uma história verídica» sobre as crispações - e alienações - de um homem que se vê privado de seus direitos enquanto pessoa particular numa sociedade intrusa e ávida de usurpação, e de uma história documentada sobre a existência do indivíduo em torno de factores que o levam à insanidade mental e à ruptura da sociedade, mercê de uma vida em que o terror supera o amor em sua plena renovação - factores esses que desencadearam décadas de superstição e preconceito numa Rússia agitada pelos ventos avassaladores de que o realismo soube tirar proveito. O mais inquietante neste romance de contornos realistas é a completa desconfiança do senhor Goliadkin – desconfiança essa partilhada ao longo da narrativa pelo leitor – perante as causas que despoletam a sua condição. O senhor Goliadkin é antes de qualquer suspeita um homem aparentemente normal, não fosse a sua incessante agitação em redor dos seus inimigos, numa sociedade onde se fomenta a intriga na primeira pessoa. É neste contexto que nos é apresentado o senhor Goliadkin. Porém, a existência deste homem, aparentemente anónimo e oculto da sociedade de que faz parte, é repentinamente abalada com a aparição de um senhor Goliadkin «completamente igual a si próprio», como se este fosse prova viva da sua pavorosa ocupação. Após haver dado guarida ao senhor «completamente igual a si» - um indivíduo bastante infeliz e miserável, que passara por várias provações na vida -, o senhor Goliadkin ver-se-á numa situação deveras delicada quando o mesmo a quem dera «do seu pão» se haver convertido em seu inimigo. A situação em casa do senhor Goliadkin seria para o senhor Goliadkin uma forma muito frutuosa de se passar despercebido na sociedade que frequentava; compreendera mesmo o móbil que o deixaria incólume. Porém, o seu homónimo acabaria por se deixar passar por ele mesmo, ora granjeando o carinho dos chefes do departamento, ora fazendo-se convidado no reduto dos seus mais directos inimigos. Ligações externas |