Nuvens (álbum)
Nuvens é um álbum de estúdio do cantor e compositor brasileiro Tim Maia, lançado em 1982 pelo selo independente de Tim, a Seroma.[2] Foi relançado em CD apenas em 2011, pela Editora Abril.[1] AntecedentesTim havia tido passagens turbulentas pelas cinco principais gravadoras do mercado fonográfico brasileiro (PolyGram, CBS, RCA, Warner e Odeon),[3] com histórico de brigas com produtores, executivos e técnicos,[1] e, portanto, nenhuma gravadora estava interessada em lhe oferecer um contrato e a oportunidade de lançar um disco. Com a sua situação financeira se agravando[3] e, também, a necessidade musical de lançar um novo disco, Tim Maia decide lançar o álbum de maneira independente utilizando-se novamente de sua gravadora, a Seroma (epíteto de Sebastião Rodrigues Maia),[3] para realizar o lançamento, assim como tinha feito com os discos da sua fase racional e com o seu álbum em inglês de 1976. Entretanto, Tim ainda tinha o problema de como financiar a produção do álbum, isto é, os gastos com estúdio, músicos, prensagem e distribuição do disco.[3] Ao contrário do álbum em inglês para o qual Maia teve o adiantamento da gravadora para gravar seu álbum de 1976 ajudando a bancar os custos do disco independente,[3] agora o artista não poderia fazer o mesmo, devido as brigas. Tim, então, teve a ideia de produzir e lançar um compacto que, tendo a produção mais rápida, necessitaria de menos capital para custeá-lo e, se fosse um sucesso, poderia render dinheiro para bancar o álbum.[3][1] Escolheu para o lado A uma música de seu amigo Edson Trindade, compositor de Gostava Tanto de Você, e Cleonice, muito romântica,[3] chamada "Amiga". Acreditou que era sucesso certo e colocou uma composição sua como lado B, "Do Leme ao Pontal".[3] O lançamento se deu no final de 1981 e, ao contrário das previsões de Tim, foi o lado B que emplacou fortemente nas rádios, tornando-se um forte sucesso do verão e alçou as vendas do compacto a 20 mil cópias,[1] mesmo com os problemas de distribuição da gravadora independente de Tim.[3] Gravação e produçãoTim reuniu uma banda com Luiz Carlos na bateria, Rubens Sabino no baixo, Pedro Carlos Fernandes nos pianos e teclados e Beto Cajueiro na guitarra, além do trio de metais formado por Paulo no trompete, Marcelo no sax e Simões no trombone[3] para ensaiar, compor e trabalhar nos arranjos das músicas em sua casa antes de entrar em estúdio, de modo a economizar nas gravações que são pagas por hora.[3] Maia, que não sabia ler nem escrever partituras,[3] nem tinha dinheiro para pagar um maestro como Lincoln Olivetti (que havia trabalhado nessa função nos seus discos anteriores: fazendo arranjos e passando para a pauta arranjos passados por Tim[3]), passava os arranjos para a banda, e especialmente o naipe de metais, através da boca, cantarolando as notas que deviam ser feitas.[3] Resenha musicalO álbum abre com o soul romântico de "Nuvens", de Cassiano e Deny King, com harmônia complexa em estilo bossa-nova e melodia bela e sinuosa, pontuada por guitarras funk e frases dos metais.[3] Na sequência vem a maior surpresa do disco, um samba clássico sem frases de soul, com música e letra de Tim Maia. A inovação é o uso de guitarras e dos metais da Vitória Régia, misturando funk e gafieira.[3] A terceira é uma parceria de Tim com Robson Jorge, um funk-soul muito suingado e dançante, com letra ecologista numa época em que poucos falavam disso.[3] Em seguida temos "A Festa", um funk dançante no qual Tim utilizou o pessoal do estúdio e da banda para simular uma festa, com direito a risadas e palmas, e uma letra com forte tom de malandragem na qual o refrão é entremeado por pequenos raps executados em tom jocoso por Tim.[3] No lado B, Tim canta uma das músicas mais tristes de sua carreira, o soul confessional "Ninguém Gosta de se Sentir Só".[3] Logo depois, a tristeza é substituída pela alegria de "Hadock Lobo Esquina com Matoso", um de seus maiores clássicos,[3] na qual ele conta a história da lanchonete do Divino onde ele, Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Jorge Ben Jor se conheceram, quando eram apenas adolescentes pobres que gostavam de música na Tijuca.[3] Além disso, o álbum contava com a regravação do grande clássico do seu amigo Hyldon.[1] RecepçãoO álbum é considerado pela crítica como um dos melhores do artista, rivalizando com seu álbum de estreia, o homônimo de 1971, o primeiro racional e o Tim Maia Disco Club,[3] sendo considerado uma "obra-prima da música popular brasileira".[1] Entretanto, com a distribuição errática da gravadora independente de Tim Maia, muitas vezes feita de mão em mão,[3] e como a ideia inicial já era de produzir um disco sem os costumes das grandes gravadoras, isto é, nada de "jabá" para as rádios, marketing ou festas para imprensa, deixando o álbum entregue à própria sorte e ao talento dos músicos,[3] o que é considerado como um dos seus melhores trabalhos é, também, um dos menos vendidos e menos conhecidos pelo grande público.[3] FaixasTodas as músicas escritas por Tim Maia, exceto onde indicado:
Músicos
Histórico de lançamento
Referências
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