Naná Vasconcelos
Juvenal de Holanda Vasconcelos, mais conhecido como Naná Vasconcelos (Recife, 2 de agosto de 1944 — Recife, 9 de março de 2016), foi um músico brasileiro.[1][2] Eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat (votação feita pelos críticos musicais da revista) e ganhador de oito prêmios Grammy (brasileiro com mais prêmios Grammy), era considerado uma autoridade mundial em percussão.[3][4][5] Não à toa figura na posição 62 da Lista dos 100 maiores artistas da música brasileira pela Rolling Stone Brasil[6]. Dotado de uma curiosidade intensa, indo da música erudita do brasileiro Heitor Villa-Lobos ao roqueiro Jimi Hendrix, Naná aprendeu a tocar praticamente todos os instrumentos de percussão, embora nos anos 60 tenha se especializado no berimbau.[7] Biografia
JuventudeO primeiro contato com instrumentos de percussão se deu cedo, aos 7 ou 8 anos, quando Naná foi admitido pelo próprio pai para tocar bongô e maracas em um conjunto do Recife.[7] Assim, ainda na infância, aprendeu a tocar sozinho, usando os penicos e as panelas de casa.[9] Precoce, aos 12 anos já se apresentava com seu pai numa banda marcial em bares e participava de grupos de maracatu locais. Aprendeu primeiro a tocar bateria para então tocar berimbau. Trajetória artísticaDurante toda sua carreira sempre teve preferência por instrumentos de percussão e nos anos 60 se notabilizou por seu talento com o berimbau. Em 1967 mudou-se para o Rio de Janeiro onde gravou dois LPs com Milton Nascimento. No ano seguinte, junto com Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção. No início da década de 1970, formou o Trio do Bagaço, com Nélson Angelo e Maurício Maestro, apresentando-se, com o grupo, no México, a convite de Luis Eça. Foi nesta mesma época que Gato Barbieri, saxofonista argentino, o convidou para fazer parte do seu grupo, ajudando o percussionista a ganhar projeção internacional, começando uma longa carreira fora do Brasil. Com o músico argentino, ele se apresentou em Nova York e Europa, com destaque para o festival de Montreaux, na Suíça, onde o percussionista encantou público e crítica.[10] Sua discografia é tão extensa quanto os projetos ligados à música nos quais ele esteve envolvido.[11] Ele atuou como percussionista ao lado de diversos artistas internacionais como B. B. King, Jean-Luc Ponty, David Byrne, Jon Hassell, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Björk, Evelyn Glennie e Jan Garbarek.[carece de fontes] Formou, entre os anos de 1978 e 1982, ao lado de Don Cherry e Collin Walcott, o trio de jazz CoDoNa, com o qual lançou 3 álbuns, num estilo musical definido como world jazz. Em 1981, tocou no Woodstock Jazz Festival, em comemoração ao décimo aniversário do Creative Music Studio. Em 1998, Vasconcelos contribuiu com a música "Luz de Candeeiro" para o álbum Onda Sonora: Red Hot + Lisbon, compilação beneficente em prol do combate à AIDS, produzida pela Red Hot Organization. Em 2013, o músico fez a trilha sonora da animação O Menino e o Mundo, que concorreu ao Oscar de melhor filme de animação em 2016.[12] Em 2015, Naná lançou um projeto com o cantor Zeca Baleiro e Paulo Lepetit chamado "Projeto Café no Bule".[13] No dia 9 de dezembro de 2015, Naná Vasconcelos recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - sem nunca ter cursado nível superior. Esta honraria é concedida a pessoas que tenham se destacado em meios como artes, filosofia ou ciência, por exemplo.[14] Naná Vasconcelos ganhou, por oito anos consecutivos (1983-1990), o prêmio de Melhor Percussionista do Ano da conceituada revista Down Beat, considerada a "bíblia do jazz".[15][16] Com uma forte ligação com a cultura popular, nos seus últimos 15 anos de vida, Naná abriu o Carnaval do Recife, acompanhado pelo cortejo de nações de maracatu.[17] Última composição e morte
Em julho de 2015, noticiou-se que Naná estava com um câncer de pulmão. Após o diagnóstico, Naná iniciou o tratamento e manteve-se em atividade. Em setembro de 2015, logo após iniciar as sessões de quimioterapia, gravou um vídeo recitando poesias e divulgou pelas redes sociais.[19] No dia 29 de fevereiro de 2016, um dia depois de sentir-se mal após uma apresentação realizada em Salvador, Naná foi internado.[17] Na manhã do dia 9 de março de 2016, Naná Vasconcelos veio a falecer, aos 71 anos de idade, após uma parada respiratória em decorrência de complicações da doença.[1] No dia de sua morte, o estado de Pernambuco declarou luto oficial de três dias em memória do artista.[20] Ainda no leito do hospital em que estava internado, ele deixou uma obra concluída em seus últimos dias de vida. O material terá composições e arranjos de Naná, do pianista e violonista Egberto Gismonti e do maestro Gil Jardim[7] Seus restos mortais foram sepultados no Cemitério de Santo Amaro, em Recife.[21] Legado
Segundo o site uol, "sua importância internacional (ao lado de Airto Moreira) foi ter bagunçado o coreto do jazz tradicional, que admitia até aquele momento apenas a percussão afro-cubana - que chegara aos Estados Unidos por intermédio de Dizzy Gillespie e outros exploradores".[23] Além de dominar uma grande variedade de instrumentos de percussão, Naná Vasconcelos contribuiu para a divulgação internacional do berimbau.[24] O jornalista Ben-Hur Demeneck, assim descreveu o legado de Naná:[25]
Estilo
Autodidata, Naná inovou ao tirar diferentes sonoridades de instrumentos de percussão, sua especialidade.[9] Considerado um virtuoso no berimbau, Naná era adepto de métricas pouco usuais no jazz - com levadas em 5/4 ou 7/4, mas que são muito tocados no nordeste brasileiro.[26] Ao longo da carreira, uma das características da sua percussão era usar qualquer objeto que produzisse um som interessante para compor seus trabalhos.[18] Antes de Naná, a percussão limitava-se aos tocadores de pandeiros, tambores, tumbadores, maracás e bangôs. Naná percebeu as possibilidades do berimbau (instrumento até então usado apenas na capoeira) e empenhou-se em explorar todas as potencialidades do instrumento.[27] Segundo o jornal O Estado de São Paulo, "o músico usava de forma não convencional o berimbau, uma de suas marcas. Ele sobrepunha sua voz ao som da corda vibrante e conseguia efeitos surpreendentes".[7] Hoto Júnior, percussionista brasileiro, acrescenta que "Naná usava muita percussão corporal, e isso pros gringos era uma coisa que não existia na década de 1970".[22] Discografia
Participações especiaisCom Gato Barbieri
Com Codona Com Don Cherry
Com Pierre Favre
Com Jan Garbarek
Com Egberto Gismonti
Com Danny Gottlieb
Com Pat Metheny
Com Jim Pepper
Com Woody Shaw
Com Gary Thomas
Com Talking Heads
Com Jon Hassell
Com Ginger Baker
Com Paul Simon
Com B. B. King
Com Mauricio Maestro
Com Arto Lindsay
Com Milton Nascimento
Com Os Mutantes Com Herb Alpert
Com Ron Carter
Com Chaka Khan
Com Collin Walcott
Com Sergio Mendes
Com Jack DeJohnette
Com Ambitious Lovers Com Laurie Anderson
Com Caetano Veloso
Com Deborah Harry
Com Carly Simon
Com Ryuichi Sakamoto
Com Trilok Gurtu
Com David Sanborn
Com John Zorn
Com vários artistas Trilhas sonoras
Prêmios e indicaçõesGrammys e Grammys Latinosseção ainda incompleta
Outros prêmios
Honrarias
Recordes
Referências
Ligações externas |