Fez o curso primário no Grupo Escolar Princesa Isabel, cursou o ginasial e científico no Colégio Dom Bosco, em Manaus. Na sua cidade natal, ainda jovem, começou a trabalhar como crítico de cinema no jornal O Trabalhista, do qual seu pai era sócio. Em 1965 assumiu a coordenação das edições do governo do estado do Amazonas, mas, logo em seguida, deixou a cidade para estudar Ciências Sociais, de início, em Brasília, depois em São Paulo, onde ingressou Universidade de São Paulo (USP). Perseguido pela ditadura militar, interrompeu os estudos em 1969 e começou a vida profissional no cinema, como crítico, roteirista e diretor. Na dramaturgia, escreveu peças como As folias do látex e Tem piranha no pirarucu. Como roteirista, foi autor, entre outros, de Rapsódia Incoerente, Prelúdio Azul, e Manaus Fantástica.[1]
Esteve preso em 1966 pela exibição da peça francesa A idade do ouro; em 1969 e 1972, em virtude de sua militância política. Além disso, teve censurada a sua peça Zona Franca, meu amor. Regressou a Manaus em 1972, onde passou a integrar o Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio - Tesc/Sesc, grupo que discutia temas ligados à cultura local.
Em 1976, assumiu o cargo de diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas.
No ano de 1990, exerceu o cargo de diretor do Departamento Nacional do Livro e foi também presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) entre 1995 e 2003, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ocupou ainda a presidência do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade de Manaus.
Em 1997, Lealdade[2][3][4] recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos no gênero ficção.[5]
O seu primeiro livro, uma obra de crítica cinematográfica, data de 1967, O mostrador de sombras.[7]
Em 1970, dirigiu o filme A Selva, baseado no romance do escrito português Ferreira de Castro. Trata-se de um drama, produzido pela L.M.Produções Cinematográficas Ltda, com locações em Manaus/AM.[8]
Com a obra Galvez - Imperador do Acre,[9][10] iniciou sua carreira literária, em 1976. A obra não foi teria sido bem aceita pelas autoridades da região que a consideraram um desrespeito à História oficial, não observando, porém, que, na nota introdutória, o seu autor alertava para a ficcionalidade da narrativa: " (...) o livro despertou forte reação adversa nos meios oficiais amazonenses, que viram nessa narrativa uma forma injusta de revelar a narrativa".[11][12]
Escreveu diversas obras inseridas no ambiente sociocultural da Amazônia,[13][14] tais como Mad Maria,[15]Plácido de Castro contra o Bolivian Syndicate, Zona Franca, meu amor e Silvino Santos: o cineasta do ciclo da borracha, entre outras.[16][17] Entre 1981 e 1982, publicou em folhetins, no jornal Folha de S.Paulo, o romance A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi.[18][19]Mad Maria foi adaptada como minissérie e exibida em rede nacional de televisão, fato que popularizou a obra do autor.[20][21]
O autor, em entrevista, reconheceu a influência de Machado de Assis em sua ficção, especialmente a ironia que pontua as suas obras, assim como aponta a fragmentação trazida pelo Modernismo como um ponto marcante, ainda que admita certa linearidade narrativa em suas histórias. "O humor (...) incrustado mimeticamente na linguagem, me veio primeiro a partir do sarcasmo machadiano".[22]
Destacou-se também como cineasta e ensaísta (A selva; A expressão amazonense do neolítico à sociedade de consumo). Mais recentemente, tem se dedicado a uma teatrologia sobre os anos em que a antiga Província do Grão-Pará,[23] que fora durante todo o período colonial um estado separado, atravessou a séria crise de sua anexação ao Brasil e de revoltas contra o poder do Rio de Janeiro e/ou contra a desigualdade social, de que padeciam sobretudo os negros e os indígenas.[24]
A sua experiência com o cinema e a censura política parece ter rendido o romance Operação silêncio,[25] em que o protagonista Paulo Conti tenciona realizar um filme sobre a violência - política - entre os colonizadores, como forma de denúncia, mas se valendo do financiamento do governo nacional para os custos de sua produção. "O romance discute ainda a relação entre a arte, sobretudo o cinema, e a revolução, o papel social do escritor e do cineasta no auge do regime militar e a necessidade de diminuir a distância entre o artista e sua época".[26]
Morte
Márcio morreu na madrugada de 12 de agosto de 2024, aos 78 anos.[27]
Obras
Literatura
Mostrador de Sombras, UBE/Amazonas e Editora Sérgio Cardoso. 1969
Galvez – Imperador do Acre, Edições Governo do Estado do Amazonas. 1976
A Expressão Amazonense, Editora Alfa-ômega, São Paulo. 1977
Operação Silêncio, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 1978
Teatro Indígena do Amazonas, Editora Codecri, Rio de Janeiro. 1979
Feira Brasileira de Opinião, Editora Global, São Paulo. 1979
Malditos Escritores, Movimento, São Paulo. 1979
Mad Maria, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 1980
Tem Piranha no Pacu, Editora Codecri, Rio de Janeiro. 1980
A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, Editora Marco Zero, Rio de Janeiro. 1982
A Ordem do Dia, Editora Marco Zero, Rio de Janeiro. 1983
O Palco Verde, Editora Marco Zero, São Paulo. 1983
A Condolência, Editora Marco Zero, São Paulo. 1984
O Brasileiro Voador, Editora Marco Zero, São Paulo. 1985
O Empate Contra Chico Mendes, Editora Marco Zero, São Paulo. 1986
O Fim do Terceiro Mundo, Editora Marco Zero, São Paulo;1989
Breve História da Amazônia, Editora Marco Zero, São Paulo. 1992
A Caligrafia de Deus, Editora Marco Zero, São Paulo. 1993
Anavilhanas, o Jardim do Rio Negro Editora Agir, Rio de Janeiro. 1996
Lealdade, Editora Marco Zero, São Paulo. 1997
Teatro Completo – Volumes I, II e III, Editora Marco Zero, São Paulo. 1997
Um Olhar sobre a Cultura Brasileira, com Francisco Weffort. Edição do Ministério da Cultura, Brasília. 1998
Silvino Santos, o cineasta do ciclo da borracha, Edições Funarte, Rio de Janeiro. 1996
Parque do Jaú, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2000
Fascínio e Repulsa, Edições do Fundo Nacional de Cultura, Rio de Janeiro. 2000
Entre Moisés e Macunaíma, com Moacyr Scliar, Editora Garamond, Rio de Janeiro. 2000
Desordem, Editora Record Rio de Janeiro. 2001
Pico da Neblina, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2001
Breve História da Amazônia, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2001
Políticas Culturais Brasileiras, Editora Manole, São Paulo. 2002
A Expressão Amazonense, edição revista, Editora Valer, Manaus. 2002
Galvez, Imperador do Acre, versão em quadrinhos. Secult-Pará, Belém. 2004
A paixão de Ajuricaba, Editora Valer, 2005
Ajuricaba, o Caudilho das Selvas, Editora Callis, 2006
O Nascimento do Rio Amazonas, Editora Lazuli, 2006
História da Amazônia, Editora Valer, 2009
A Substância das Sombras, Cinema Arte do Nosso Tempo, Editora Valer, 2010