A narrativa oral em geral afirma que Maria Felipa liderou um grupo para lutar contra os soldados portugueses: com o apoio de homens da cidade, queimou inúmeras embarcações portuguesas, diminuindo o poderio colonizador no decorrer da batalha, e depois, enfrentou os portugueses usando folhas de cansanção, uma folha típica da região, que em contato com a pele dá a sensação de queimação; e toda a ação resultou em uma queda no número de soldados da tropa portuguesa. A história foi registrada pelo escritor baiano Ubaldo Osório Pimentel, avô do romancista João Ubaldo Ribeiro, e permanece ainda hoje no imaginário popular.[5][6][7]
Biografia
Nascida na Ilha de Itaparica em data desconhecida, marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, ela teria liderado um grupo de 200 pessoas, entre mulheres negras, índios tupinambás e tapuias, nas batalhas contra os portugueses que atacaram a Ilha de Itaparica, entre 1822 e 1823.[2][8] Conta-se que Maria Felipa era uma mulher alta e corpulenta, descendente de negros escravizados, vindos do Sudão.[9] A narrativa oral, atribui ao grupo liderado por Maria Felipa, a façanha de incendiar algumas embarcações de transporte portuguesas, durante a Batalha de Itaparica.[10][2]
Memória
A figura histórica de Maria Felipa é citada no romance-histórico O Sargento Pedro, publicado em 1910, de autoria do itaparicano Xavier Marques.[11]
Em 26 de julho de 2018 foi declarada Heroína da Pátria Brasileira pela Lei Federal nº 13.697, tendo seu nome inscrito no "Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria", que se encontra no "Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves", situado em Brasília, Distrito Federal.[12]
Existe uma representação de Maria Felipa produzida pela perita técnica Filomena Orge a partir de relatos orais obtidos na ilha de Itaparica pela pesquisadora Eny Kleyde Farias.[13][14] Há também um retrato, de 1870, de uma mulher negra com um turbante que foi equivocadamente associado à imagem de Maria Felipa..[15][16][17]
A Casa de Maria Felipa, localizada no Curuzu, bairro da Liberdade, Salvador, é um espaço de memória que abriga o acervo doado pela pesquisadora Eny Kleyde Farias como resultado dos seus 10 anos de pesquisa sobre o tema.
↑Souza, Duda Porto de; Cararo, Aryane (2018). Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil 2a edição revista e ampliada, 2a reimpressão ed. São Paulo, SP: Seguinte